Caminho da Trova inaugurado e Fonte do Suspiro recuperada

segunda-feira, 18 de maio de 2009
por Jornal A Voz da Serra
Caminho da Trova inaugurado e Fonte do Suspiro recuperada
Caminho da Trova inaugurado e Fonte do Suspiro recuperada

Os olhos de cada um deles brilham ao contemplar os retoques finais do Caminho da Trova, a simpática pracinha que integra o conjunto a ser inaugurado neste sábado, 16, dia do aniversário da cidade. Foi ali, na Fonte do Suspiro, que a reportagem de A VOZ DA SERRA se encontrou com os principais responsáveis pela obra - o trovador Rodolpho Abbud, atual presidente da União Brasileira de Trovadores, seção Nova Friburgo, que sonhava há anos com a revitalização daquele espaço tão caro aos friburguenses, o secretário municipal de Cultura, Roosevelt Concy, que viabilizou a obra junto ao governo municipal, e os empresários Sílvio Montechiari e Joilson Wermelinger, que bancaram toda a obra.

Graças a esta parceria, Friburgo está recebendo um presente e tanto. Lugar que marcou época na história e no coração dos friburguenses, a Fonte do Suspiro e seu entorno ficaram praticamente abandonados durante décadas. Cenário de inúmeros romances, palco de acontecimentos marcantes na vida da cidade, a fonte e seu entorno bem que mereciam uma guaribada.

Acredita-se que a construção da fonte remonte à época de fundação do município, o que por si só já justificaria sua recuperação. Mas, para tanto, era preciso unir esforços. A princípio, a obra iria se restringir à revitalização da fonte do Suspiro. Roosevelt conversou sobre isso com Rodolpho e, juntos, acionaram Silvio e Joilson. Que, diga-se de passagem, se engajaram no projeto não como os donos da Silvetex ou da Gemini, mas como cidadãos apaixonados por Friburgo, representantes de famílias comprometidas com a cidade.

Conversa vai, conversa vem, o projeto foi crescendo. Por que não fazer uma pequena praça na parte superior da fonte, entre a capela de Santo Antônio e a sede do Tiro de Guerra, em homenagem à história dos Jogos Florais de Nova Friburgo? Afinal, não poderia haver data mais oportuna. São 50 edições consecutivas, reunindo a fina nata dos trovadores de todo o país e até do exterior.

Silvio Montechiari e Joilson Wermelinger resolveram bancar a obra completa. “Se era para fazer, vamos fazer direito, vamos fazer tudo”, decidiu Silvio, com a anuência do amigo e parceiro de longa data. E fizeram bonito. A partir deste sábado, todos podem conferir. Certamente o local será um importante espaço turístico-cultural de Nova Friburgo. Um espaço que até então estava totalmente perdido, sendo usado como estacionamento e depósito de cavalos, certamente passará a abrigar tertúlias, serenatas, serestas, saraus, concursos de trovas, tudo muito romântico.

Como afirmou o paisagista e historiador Luiz Fernando Dutra Folly, a revitalização da Fonte do Suspiro teria, necessariamente, que resgatar o lirismo do movimento trovadoresco friburguense. “A fonte é berço dos Jogos Florais e cenário de muito romantismo e história. Tentamos captar essa aura mágica durante a restauração”, declarou.

Santuário da trova

“O espaço foi completamente reconfigurado para não destoar da arquitetura local”, destacou museóloga Lilian Barreto, oriunda do Patrimônio Histórico, que também foi contratada pela Prefeitura para supervisionar a obra. “Aqui será um santuário da trova, um local onde turistas e friburguenses poderão contemplar as obras dos trovadores e participar de saraus e apresentações”, explicou o secretário de Cultura, Roosevelt Concy.

A arquitetura do Caminho da Trova, inclusive o pórtico e o minianfiteatro, construído para pequenas exposições e eventos, segue um estilo gótico, típico da Idade Média. Mas houve todo um cuidado para que o espaço não destoasse do estilo neocolonial da capela de Santo Antônio, ao lado, conforme explicou a arquiteta responsável, Luanda Folly.

Foram transferidos para o Espaço Luiz Otávio diversos objetos que fazem alusão aos Jogos Florais, como o monumento à trova idealizado por Luiz Otávio, considerado o Príncipe dos Trovadores, o brasão dos Jogos Florais, o brasão da cidade, a lira dos trovadores e a Ordem de Saint Exupèry. Também estão lá os bustos de Luiz Otávio e de J. G. de Araújo Jorge, dos Jogos Florais.

As palavras amor, saudade e ciúme - gravadas na Fonte do Suspiro, sob cada uma das três bicas d’água - devem ter servido de inspiração para esta turma, que deu tudo de si para que a obra ficasse esta beleza que ficou e fosse inaugurada a tempo de recepcionar os trovadores. Por falar em fonte, sua água ainda não é potável, mas já está em andamento um estudo para torná-la, em breve, novamente própria ao consumo.

O fato é que o local ficou mesmo uma graça. Em cada detalhe pode-se perceber o envolvimento e a paixão que tomou conta de todos os envolvidos com o projeto, dos operários mais simples aos técnicos. A motivação? “Tudo o que cada um de nós já viveu aqui”, responde Silvio Montechiari. “Todos temos histórias para contar sobre a pracinha e a fonte do Suspiro, e dava pena vê-la assim abandonada há tanto tempo”, continua. Ele afirmou já ter tentado, sem sucesso, bancar a revitalização do local em outros governos e só agora lhe foi dada esta oportunidade.

Silvio conversou com Joilson Wermelinger e decidiram oferecer este presente a Nova Friburgo, ao povo friburguense e aos trovadores. Tudo o que foi colocado ali é de primeira. Silvio faz questão de destacar a competência do encarregado da obra, Manoel, “que mais parece um engenheiro”, do marceneiro que construiu à mão o telhado do pequeno anfiteatro e as peças de madeira instaladas ao longo do Caminho, onde foram fixadas as flâmulas com as trovas, Lindomar Couto Melo.

Quando visitou o local, o prefeito Heródoto Bento de Mello ficou encantado, disse que nunca tinha visto uma obra tão perfeita e bonita. “O amor que esse pessoal tem por Nova Friburgo é uma coisa impressionante”, destacou.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
TAGS:
Publicidade