Uma noite de festa, reconhecimento e boas notícias, diante de uma assistência que praticamente lotou as dependências do Teatro Municipal Laercio Rangel Ventura. Assim foi a cerimônia promovida pela Câmara Municipal para entrega da Comenda Barão de Nova Friburgo ao reitor da Uerj, Ricardo Vieiralves, e do título de cidadão friburguense a 41 homenageados, na noite de quinta-feira, 15.
Antes do início das atividades, o presidente do legislativo municipal, vereador Márcio Damazio, mostrava-se bastante satisfeito com as indicações, feitas à véspera do aniversário da cidade. "Na verdade, eu, como presidente da Câmara, me sinto honrado em poder fazer parte desse momento em que a casa homenageia essas pessoas que não nasceram na cidade, mas hoje moram aqui, ou prestaram serviços de grande relevância ao município. Paralelamente, estamos entregando também a maior honraria da Câmara Municipal, que é a Comenda Barão de Nova Friburgo. Sinto-me feliz por ter tido essa iniciativa de indicar o nome de Ricardo Vieralves, reitor da Uerj. Nós sabemos da importância da Uerj em nossa cidade, que passou por diversas dificuldades na esteira da tragédia de 2011, e vem fazendo um trabalho excelente. Atualmente, graças ao governo do estado, ela está com um espaço grande a ser utilizado na fábrica Filó, e o reitor reafirmou hoje que está empenhado em ajudar nossa cidade em tudo o que for possível”, concluiu.
Já o líder do governo, vereador Alexandre Cruz, lembrou algumas alterações importantes feitas à cerimônia de entrega em anos anteriores. "Apesar de muitos acharem que essa cerimônia é banal, eu discordo. Penso que é um momento importante, perto do aniversário da cidade, em que prestamos homenagem àquelas pessoas que têm uma história de vida ligada a Nova Friburgo, ou que trabalham pelo bem da cidade. Então, não apenas os vereadores, mas também todos os agraciados, curtem esse momento de festa. Em anos anteriores, a cerimônia era realizada em setembro, mas a partir de 2007 foi transferida para maio, para que ficasse próxima ao aniversário da cidade. Também é importante lembrar que a Câmara há muito tempo já parou com aquele glamour de coquetéis. Hoje, esse é um ato cívico, em que cada parlamentar pode homenagear duas pessoas. Esse número foi reduzido ano passado pela mesa diretora, em consequência do aumento de vereadores, para não cair no exagero e acabar banalizando a homenagem. Outra situação peculiar que ocorre quando nós votamos o título de cidadão — e ficamos até um pouco tristes com isso — é quando descobrimos através das indicações dos companheiros que várias pessoas que imaginávamos que eram friburguenses, na verdade não nasceram aqui. E aí fica a frustração de não ter dado o título àquela pessoa. Hoje estou vendo aqui inúmeras pessoas que conheço há muitos anos, e que imaginava que eram da cidade, e na verdade não são. Fico frustrado por não tê-las homenageado anteriormente, mas fico feliz que estejam recebendo seus títulos, mesmo que pelas mãos de outros colegas”, encerrou. Gustavo Barroso, por sua vez, destacou a aproximação entre o governo municipal e a Uerj, traduzida na própria entrega da Comenda Barão de Nova Friburgo. "Fico muito feliz de ver pessoas emocionadas recebendo hoje esse título tão importante. E também a comenda entregue ao reitor Ricardo Vieiralves, que além de receber a homenagem, está também trazendo ótimas notícias para a cidade”.
Entre os 21 vereadores, no entanto, havia ao menos um que não compartilhava da alegria geral. "Na verdade eu não me sinto realizado porque, na essência da homenagem, de certa forma eu fui tolhido”, confidenciou Zezinho do Caminhão. "Eu não aceitei a maneira como a Câmara conduziu o veto ao nome da jornalista Denise Lopes, que eu indiquei. É raríssimo que um título seja negado, essa é uma prerrogativa do vereador. Na minha opinião, faltou companheirismo aos meus colegas, até porque questões pessoais não podem ser levadas para decisões ao longo do mandato. A liberdade de expressão deve ser preservada, e se alguém se exceder nesse aspecto, existem mecanismos judiciais para a reparação. Agora, usar da prerrogativa de um mandato para punir uma pessoa com a retirada de uma homenagem que eu considerei justa... Então, infelizmente, eu venho aqui com meu coração de certa forma partido. Inclusive eu estou considerando a hipótese de não entregar mais nenhum título de cidadão nos próximos anos de meu mandato. Porque, além da minha frustração, eu sinto que acabei expondo pessoas que estavam quietas em seus cantos a uma situação de tristeza desnecessária. Eu jamais imaginei que pudesse ver esse tipo de situação ligada à entrega de um título de cidadão. Existe, sim, uma decepção, e uma certa frustração nessa entrega de título hoje”, desabafou.
Novo comendador anuncia parceria entre Uerj e governo municipal
O ponto alto da noite, sem dúvida, foi o emocionado discurso do reitor da Uerj, e agora comendador, Ricardo Vieiralves. Começando por dividir suas memórias de infância, antes de descer a serra para estudar no Rio de Janeiro, Ricardo afirmou que a homenagem foi justa, se teve como inspiração a contribuição dada por sua família à história de Nova Friburgo. "Ao ser comunicado que havia recebido essa honraria, pensei sobre quais foram as razões que motivaram os ilustres vereadores para a mim concedê-la”, iniciou o comendador. "As reflexões sobre esse tempo de minha vida, que os senhores me obrigaram a fazer, e que pensava perdido, transformaram aqueles acontecimentos, pessoas e situações de muitos anos atrás em algo vivo e tangível. Recordar não é somente lembrar. Recordar é atribuir sentido e tornar vivo o que estava adormecido. Considerei que a Comenda Barão de Nova Friburgo me foi concedida pela história de minha família na cidade. E, por esse motivo, penso haver justiça e razão na honraria que hoje recebo.”
Ricardo, em seguida, ponderou que teria sido escolhido também pelo trabalho desenvolvido à frente da Uerj. E, ao refletir sobre a importância da Universidade no Estado e em Nova Friburgo, também considerou a homenagem justa. Dividindo a homenagem com diversas pessoas, Ricardo Vieiralves afirmou, humildemente, que qualquer mérito pessoal dele próprio só seria justificado por generosidade e gentileza dos que o indicaram ou aprovaram seu nome. Em seguida, o reitor da Uerj afirmou que o tratamento que lhe é devido — magnífico — cabe à cidade em que nasceu, e ao povo que aqui vive.
Por fim, Ricardo Vieiralves anunciou o convênio assinado junto ao governo municipal para a colaboração no projeto da Cidade Inteligente e, mais que isso, afirmou que orientou todos os departamentos da Uerj a colaborarem para a solução dos desafios enfrentados por Nova Friburgo, decorrentes ou não da tragédia climática de 2011. Da mesma forma, o reitor confirmou a vinda de novos cursos, de modo que seja aproveitado todo o espaço disponível, recentemente adquirido junto à Fábrica Filó.
Terminado o discurso de Vieiralves, também se pronunciaram o vereador Marcelo Verly, funcionário da Uerj; o capitão de fragata (Md) Luiz Carlos da Graça, diretor do Sanatório Naval; o tenente-coronel Carlos Hespanha, comandante do 11º Batalhão de Polícia Militar; e o prefeito Rogério Cabral.
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