Bula sem Lupa - Novidades da medicina - 7 a 9 de agosto.

Por Dalva Ventura
sexta-feira, 06 de agosto de 2010
por Jornal A Voz da Serra

Vasectomia conquista cada vez mais os homens

Atualmente a contracepção tem sido cada vez mais dividida entre homens e mulheres. Graças às mudanças no comportamento masculino observada nas últimas décadas, tornou-se comum o homem dividir com a mulher a responsabilidade pelo planejamento familiar e estes têm recorrido cada vez mais à vasectomia para evitar filhos.

Como se sabe, trata-se de um procedimento cirúrgico relativamente simples, que muitas vezes é realizado sem haver sequer necessidade de internação hospitalar, podendo ser feito no próprio consultório médico. Geralmente leva de 15 a 20 minutos, com anestesia local. Pode haver um desconforto local por alguns dias e durante cerca de dois meses continuará sendo necessário usar outros métodos contraceptivos. Desde março do ano passado, a vasectomia passou, inclusive, a ser coberta pelos planos de saúde.

A vasectomia não interfere na capacidade do homem em ter ereção, apenas deixa de ter espermatozóides no esperma. O único problema é que, na maioria das vezes, este é um procedimento irreversível. Se o homem decidir voltar atrás, terá de fazer uma microcirurgia de recanalização dos vasos deferentes – que é bem mais complexa que a vasectomia propriamente dita e cujos resultados não são garantidos.

O índice de sucesso da vasectomia tem a ver diretamente com o tempo passado desde sua realização, assim como a forma pela qual foi realizada. Os melhores resultados (0,15%, em média) são obtidos até, no máximo, dez anos após a cirurgia. Depois disso, a probabilidade oscila entre 30% e 40%.

São muito comuns hoje queixas de pacientes em relação à reversão da laqueadura e da vasectomia. Portanto, não basta assegurar o acesso gratuito à laqueadura e à vasectomia, é preciso garantir que conscientemente o casal escolha uma ou outra opção, de acordo com a sua história de vida, pois a reversão destes procedimentos implica em gastos maiores do que os realizados na primeira intervenção cirúrgica.

Homens cuidam muito menos da saúde do que as mulheres

A cada três mortes de pessoas adultas, duas são de homens. A cada cinco pessoas que morrem entre 20 e 30 anos, quatro são homens. Homens vivem, em média, sete anos menos que as mulheres. Estas estatísticas, absolutamente verdadeiras, fazem parte da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, lançada no ano passado pelo governo federal, com o objetivo de facilitar e ampliar o acesso da população masculina aos serviços de saúde. A nova política também enfatiza a necessidade de se prevenir e de mudar seus paradigmas no que se refere à percepção dos homens sobre o cuidado com a própria saúde e de sua família.

O problema é que os cuidados com a saúde são, na verdade, uma questão cultural. Enquanto as mulheres aprendem, desde cedo, que é preciso ir regularmente ao ginecologista, os homens são criados sem esse hábito. Como consequência, muitos acabam sofrendo com doenças que poderiam ser evitadas.

No Brasil, os problemas cardiovasculares estão entre as principais causas de morte – e entre os homens a incidência é maior. A prevenção pode ser feita com check up periódico para controle dos fatores de riscos, como sobrepeso, obesidade, diabetes, colesterol, hipertensão arterial, entre outros.

Mas não é só. O câncer de próstata, o mais frequente entre os homens (representa mais de 40% dos tumores que atingem o sexo masculino em idade superior aos 50 anos) também poderia e deveria ser descoberto com antecedência, a partir dos 45 anos. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), estima-se que 50 mil novos casos aparecem por ano no Brasil.

Além das doenças do coração e do câncer, outras doenças que afetam o sexo masculino, como o diabetes, o colesterol, a hipertensão e outros são ocasionados ou agravados pelo consumo excessivo de bebida alcoólica e cigarro. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de dois bilhões de pessoas consomem bebidas alcoólicas no mundo. Os homens iniciam precocemente o consumo de álcool e, por isso, tendem a beber mais e a ter mais prejuízos em relação à saúde do que as mulheres. A prevalência de dependentes de álcool também é maior para o sexo masculino: 19,5% dos homens são dependentes de álcool enquanto 6,9% das mulheres apresentam dependência.

Em relação ao tabagismo – considerado pela OMS a principal causa de morte evitável em todo o mundo –, os homens também usam cigarros com maior frequência que as mulheres, o que acarreta maior vulnerabilidade às doenças cardiovasculares, pulmonares, bucais, câncer, entre outras. Pesquisas comprovam que aproximadamente 47% da população masculina e 12% da feminina fumam no mundo.

Portanto, se você é homem, fuja desse paradigma, cuide bem da saúde e consulte o médico regularmente. Lembre-se: a vida é o bem mais importante que possuímos e não vale a pena entrar para as estatísticas graças ao preconceito.

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