Bula sem lupa - 1 de agosto

Por Dalva Ventura
sexta-feira, 31 de julho de 2009
por Jornal A Voz da Serra

Cigarro eletrônico é desaconselhado para abandonar o vício, diz OMS

Cigarro eletrônico é desaconselhado para abandonar o vício, diz OMS

Parar de fumar fumando é o sonho de consumo dos viciados em nicotina. Por isso mesmo o cigarro eletrônico vem sendo saudado com entusiasmo pelas hordas de fumantes mundo afora e também no Brasil. O “e-cigarette”, como está sendo chamado, funciona da mesma forma que os adesivos e chicletes de nicotina, entregando aos poucos a substância ao fumante, e está sendo anunciado como um tratamento antitabagismo altamente eficaz.

A principal diferença do cigarro eletrônico em relação aos outros produtos é a simulação do ato de fumar, que teoricamente pode ajudar as pessoas a largar o hábito. Apesar de não ter sido aprovada pela Anvisa, a novidade pode ser facilmente encontrada em diversos sites brasileiros por cerca de R$ 300 a R$ 400. Um cartucho recarregável equivale a 20 cigarros e sua bateria dura um dia.

No entanto, o produto é desaconselhado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e especialistas que trabalham seriamente com campanhas antitabagistas. A engenhoca emite até fumaça, mas de vapor, simulando um cigarro aceso e também a temperatura do fumo do cigarro comum. O cigarro eletrônico é basicamente um tubinho de aço com um cartucho de nicotina e aroma artificial de tabaco, que é aspirada com vapor d’água em quantidades determinadas. Ao fumar um desses cigarros a pessoa teria a mesma sensação de estar fumando um cigarro de verdade, só que sem causar danos à saúde ou ao ambiente.

Seria bom demais para ser verdade. A pneumologista Ana Acácia Lima, coordenadora do grupo de apoio a tabagistas do Hospital São Lucas, não tem dúvidas em classificá-lo como um engodo. “O cigarro eletrônico não é inofensivo como os fabricantes querem fazer supor. Não há como fumar sem prejudicar a saúde e sem importunar as pessoas”, diz. Ela destaca também que, apesar de estar sendo apresentado como tratamento, não há nenhuma evidência científica sobre a segurança do cigarro eletrônico e, muito menos, sobre sua eficácia.

O maior problema, aponta, é que o cigarro eletrônico não atua nos gatilhos comportamentais que estimulam a vontade de fumar. “Ninguém abandona o cigarro sem mudar seu comportamento em relação a ele”, destaca. Na verdade, é a dependência comportamental que alimenta a dependência do cigarro. Portanto, qualquer tratamento sério do tabagismo implica, necessariamente, desfazer os comportamentos associados ao ato de fumar, como, por exemplo, o de ter um cigarro entre os dedos.

A doutora Ana Acácia é enfática ao condenar o cigarro eletrônico. “Ele não ajuda os fumantes a largar o hábito”, garante. Já os adesivos de nicotina podem ser úteis numa fase inicial do tratamento, pois não são prazerosos.

Mulheres: as campeãs das dores de cabeça

Não chega a ser uma novidade, mas agora ganhou confirmação científica. As mulheres têm mesmo o dobro de enxaqueca que os homens. Acaba de sair o resultado do primeiro levantamento epidemiológico sobre a incidência de dor de cabeça no Brasil. Ficou comprovado também que 20% das mulheres brasileiras sofrem deste mal contra 9,3% dos homens.

Foram ouvidos 3.848 voluntários com idades variando entre 18 a 79 anos nos 27 estados brasileiros. Segundo um dos responsáveis pela pesquisa, o neurologista Mario Peres, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), além de estar muito relacionada a variações hormonais, a enxaqueca tem uma relação direta com o estresse, o estilo de vida e a sobrecargas emocionais, de um modo geral. Nada mais natural, portanto, que sejam as mulheres as campeãs da dor de cabeça. Ainda hoje, elas é que costumam ficar na linha de frente da organização doméstica, tendo que conciliar filhos e trabalho.

Outra revelação da pesquisa é que 6,9% da população sofre de cefaleia crônica, ou seja, sente dor de cabeça durante mais de 15 dias por mês. A cefaleia crônica é uma complicação de qualquer tipo de dor de cabeça, frequentemente causada por mau uso de remédios. Segundo os autores da pesquisa, se a pessoa toma analgésicos mais de dois dias por semana, o cérebro fica viciado, o que pode provocar uma dor de cabeça.

A prevalência de quase 7% foi considerada alta, similar a de países subdesenvolvidos. Em países europeus a taxa fica entre 3% e 4%. “Ela está associada à falta de tratamento correto”, explica o neurologista Luiz Paulo de Queiroz, da Universidade Federal de Santa Catarina, também autor do trabalho. Atualmente, o tratamento das cefaleias consegue prevenir bem a maioria das crises.

Os medicamentos utilizados agem nos neurotransmissores envolvidos na dor e na dilatação dos vasos, como anti-hipertensivos, anticonvulsivantes e até antidepressivos. Além disso, é fundamental mudar hábitos de vida, como ter horários de sono regulares, evitar alimentos e bebidas que disparam a dor, como o vinho tinto, e controlar o estresse e a ansiedade.

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