Brincando de inventar mundos

Em entrevista exclusiva, a friburguense Jozi Lucka conta como foi produzir seu novo disco em parceria com Moreno Veloso
sábado, 28 de novembro de 2015
por Ana Borges
Brincando de inventar mundos

Chama atenção a sofisticada sonoridade do recém-lançado álbum da artista friburguense Jozi Lucka — o 3º de sua carreira. Nele estão misturados voz e violão a uma série de timbres e ritmos que lembram a MPB e a bossa nova, com abordagem atual. Produzido por Moreno Veloso — filho de Caetano Veloso, renomado músico, cantor e produtor da nova geração da MPB —, a obra amplificou o potencial de Jozi Lucka e já pode ser considerado um marco em sua carreira. Sua voz se mistura a uma série de timbres e ritmos que lembra a MPB clássica e a bossa nova.

A partir da voz e do violão de Jozi, foram utilizados cello, baixo, guitarra, wurlitzer, trompete, vibrafone, sintetizadores e variada percussão, esta a cargo de Moreno. O disco contou com participações especiais de Pedro Sá — que já trabalhou com Caetano Veloso, Tom Jobim e Jorge Ben —, Berna Ceppas — que compôs trilhas para espetáculos da coreógrafa Deborah Colker — e Nenung, músico (compositor e cantor) da banda gaúcha Os The Darma Lóvers.

Gravado entre 2013 e 2014 nos estúdios cariocas Maravilha e Monoaural, Jozi está na estrada desde os anos 1990. O disco traz 12 faixas inéditas assinadas por ela, tendo a parceria de Nenung em seis delas, inclusive a música título. Moreno Veloso se divide entre violoncelo, percussão, guitarras, baixo, trompete, vibrafone. Confira nesta entrevista como transcorreu esse encontro de pessoas “talentosíssimas”, segundo Jozi Lucka, que resultou num belo disco.

A Voz da Serra - Que expectativa você tem com seu novo álbum?
Jozi Lucka - Todo processo criativo do disco foi intuitivo. Eu vivenciava cada momento sem pensar muito num resultado específico, sem mecanismos pré-estabelecidos. Os nossos encontros no estúdio foram sempre inspirados, divertidos e inventivos. O que aconteceu foi um trabalho espontâneo, autêntico e eu espero que ele possa de alguma forma beneficiar as pessoas.

Em que este trabalho se diferencia dos dois primeiros discos?
Os primeiros dois discos, "Intacta" (2002) e "Pra te Pegar" (2011), foram produzidos por mim e partiram de uma criação coletiva, com outros músicos, numa formação de banda. Para este, eu quis que a sonoridade surgisse valorizando a melodia, a poesia e a simplicidade. Daí, pintou a possibilidade do Moreno produzir, o que se concretizou e eu pude ter um olhar de fora. Foi feito sem pressa, com tempo disponível para a criação e a experimentação sonora, respeitando a pulsação de cada música.

Quanto da sonoridade do seu violão e voz foi sendo alterada à medida que a gravação avançava?
Desde o início já existia o conceito de um trabalho minimalista e percebi que o meu violão, durante a gravação, foi ficando ainda mais limpo, com os dedilhados e a voz mais suaves.

Durante o trabalho no estúdio houve algum imprevisto que vocês decidiram aproveitar?
Sim. Eu compus uma nova canção durante o período das gravações, diferente do que tínhamos combinado: era para ser um disco com onze músicas, mas ela acabou entrando e gravamos doze. Moreno me ouviu brincando num piano elétrico durante o intervalo de uma gravação e depois me pediu para gravar esse piano em duas músicas. E a invenção de um chocalho feito com duas xícaras de louça e grãos de café.

Como foi o encontro com o Moreno?
Nos conhecemos numa tarde de verão no estúdio Monoaural, no Rio, depois que um amigo em comum e também meu parceiro, Nenung, nos colocou em contato. Toquei e cantei algumas músicas que pretendia gravar. Desse encontro, surgiu uma grande afinidade e a parceria da produção. E como multiinstrumentista que ele é, acabou tocando comigo no disco inteiro.

E a experiência com os demais músicos, parceiros e técnicos no estúdio durante as gravações, como foi?
Foi ótima. Um lindo encontro com pessoas talentosíssimas. O Berna Ceppas e o Daniel Carvalho são sócios do selo carioca Disco Maravilha, por onde foi lançado o meu disco em todas as plataformas digitais. O Berna também participou da faixa "Dimensão", tocando sintetizador e o Daniel masterizou. Nenung, parceiro em seis músicas gravadas, cantou junto "A chave (perdida) do Sol. Gravei a música "O que você quer", parceria com a Cândida, o Pedro Sá tocou guitarra na faixa "Alegoria" e a Sani Guerra, parceira na música "Você é Real", também fez as pinturas da arte da capa e do encarte. Todos os técnicos e o pessoal do Estúdio Maravilha, profissionais competentes.

Que sentimento ficou ao concluir essa produção?
De realização. Durante esse período, entre março de 2013 até o lançamento, agora em setembro de 2015, tive essa oportunidade única e preciosa de aprender mais sobre música, respeito e generosidade.

Ouça aqui “Brinquei de inventar o mundo”.

Músicas e parcerias:  
Onde eu sei (Jozi Lucka)
Você é real (Jozi Lucka / Sani Guerra)  
Menina Preta (Jozi Lucka)
Brinquei de inventar o mundo (Jozi Lucka / Nenung)
O dia da bruxa (Jozi Lucka / Nenung)
Alegoria (Jozi Lucka)
O que você quer (Jozi Lucka / Cândida)
A chave perdida do Sol (Jozi Lucka / Nenung)
Transparência (Jozi Lucka / Nenung)
Completa (Jozi Lucka / Nenung)
Dimensão (Jozi Lucka)
No cata-vento do dia (Jozi Lucka / Nenung)

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TAGS: Jozi Lucka | Música
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