Com 71 anos de tradição no comércio friburguense, a família Rezende inaugura neste fim de semana sua mais nova loja na cidade. Localizada no distrito de Conselheiro Paulino, a terceira representante da Rezende Construção já nasce com o status de ser a maior e mais moderna representação da rede. Nesta entrevista exclusiva, o empresário Braulio Rezende relembra parte da trajetória de sua família em Nova Friburgo, explica as motivações, os desafios e as metas por trás do novo empreendimento, e destaca a confiança na longevidade dos negócios proporcionada pela transição, já em andamento, rumo à terceira geração de empreendedores com o mesmo sobrenome.
A Rezende Construção está inaugurando uma grande loja em Conselheiro Paulino. Por que a empresa investiu tanto para abrir sua terceira loja na cidade?
Braulio Rezende: Basicamente são três os motivos. O primeiro é que nossa empresa já tem mais de setenta anos de história aqui, atravessando três gerações. Eu herdei do meu pai esse otimismo em relação a estabelecer metas e à possibilidade de sucesso quando se trabalha com foco na luta pelos objetivos, e herdei também a confiança eterna no potencial de Nova Friburgo. Exemplo maior disso é que nós estamos plantando um investimento num dos locais que foram mais atingidos pela tragédia de 2011. Com isso estamos dando prova de que acreditamos na recuperação da cidade, nos investimentos que estão sendo feitos em segurança e estrutura. Estamos com nossas raízes fincadas aqui, e nós acreditamos que esse trabalho que fazemos no comércio é um trabalho para o futuro. Esse é o principal motivo, e tão importante quanto a nossa confiança na cidade foi conseguir transmitir essa mesma confiança aos nossos parceiros, que também estão investindo com a gente. Nós estamos trazendo marcas de expressão nacional no mercado de material de construção, que entraram no projeto conosco.
E quais os outros motivos?
Conselheiro, como toda a cidade, cresceu muito. A cidade merecia uma loja mais ampla, com mais produtos, porque muita gente ainda sai daqui para comprar fora. Queremos que ninguém precise sair de Friburgo para comprar material de construção. Conselheiro concentra hoje o maior PIB da cidade, tem o polo industrial e a moda íntima. O segundo motivo é lá também tem um crescimento populacional enorme, é o lugar onde mais se constrói atualmente em Nova Friburgo. Além da concentração do polo industrial, portanto, existe a concentração populacional. E o terceiro motivo é que Nova Friburgo é uma cidade-polo dessa região, e esse polo começa por Conselheiro. Cidades como Cordeiro, Cantagalo, Bom Jardim, Duas Barras, Sumidouro... Friburgo não é polo de Cachoeiras de Macacu e Itaboraí. Friburgo tem influência sobre o interior. Os moradores dessas cidades vêm a Friburgo em busca de opções de educação, saúde, serviços, comércio, construção... Tudo parte de lá para cá.
Com três lojas relativamente próximas, vocês não correm risco de fazer concorrência consigo mesmos?
Não, porque nós encomendamos uma pesquisa regional antes, e mapeamos nossas participações nos mais diversos pontos da região. Em todos os lugares pesquisados as pessoas conheciam nossa marca, mas a distância e as dificuldades proporcionadas pelo trânsito limitavam nossa participação em alguns mercados. Na verdade, nós somos um dos 50 maiores vendedores de tintas Sulvinil em todo o Brasil, e vínhamos sendo constantemente convidados a ampliar o volume de vendas através da abertura de uma loja no Rio de Janeiro. Um acordo chegou até mesmo a ser fechado, em termos muito interessantes para nós. No entanto, não era o que a gente queria. Dividir a operação dessa forma, manter duas equipes distantes... Nós queríamos ampliar as atividades em Nova Friburgo, e foi o que conseguimos fazer.
Até porque, com tanto tempo no mercado, vocês poderiam estar abrindo essa loja em qualquer lugar...
Sim. E tanto isso é verdade, que eu tenho pontos maravilhosos em Teresópolis e Rio das Ostras, por exemplo, onde eu não precisaria ter feito a obra que fiz em Conselheiro. O imóvel onde construímos a nova loja já havia sido usado para vender material de construção, mas foi preciso investir muito para que pudesse atender aos nossos padrões. Ao todo foram nove meses de obras. Mas nós acreditamos em Friburgo e vamos continuar aqui. Pode ser que no futuro a gente até abra filiais em outros municípios, mas antes nós queríamos alcançar da melhor forma o mercado friburguense e regional.
Quantos empregos estão sendo gerados com a nova loja?
Esse é o aspecto mais importante. Nós estamos gerando lá 40 empregos, dando preferência a pessoas que residam em Conselheiro Paulino. Há mais de três meses já estamos com essa folha de pagamento, dando treinamento a esses profissionais.
Com mais de sete décadas de história, a Rezende vive hoje a transição para sua terceira geração de gestores. É esse o sinal mais importante da crença da empresa no potencial de Nova Friburgo no longo prazo?
Com certeza. Aliás, o que me moveu a ter essa vontade de investir e ampliar nossa empresa em Nova Friburgo foi justamente a sucessão que já começa a ser feita. Meu filho, Braulio Rezende Neto, já vem me acompanhando há mais de cinco anos na gestão da empresa, e está bem focado em tudo que diz respeito ao futuro do negócio. Fidelização de clientes, trabalhar com bons produtos e marcas, treinamento, qualificação profissional, treinar os nossos funcionários para que possam prestar um serviço cada vez melhor aos nossos clientes... Essa é a nossa marca, fazer tudo da melhor maneira possível. Nossas lojas são sempre reformadas, arrumadas, iluminadas, pintadas. É preciso dizer também que nós não fomos para Conselheiro para prejudicar ninguém. Pelo contrário, nós fomos para ampliar a oferta e o mercado. Quando algumas empresas do mesmo setor situam-se próximas umas das outras, a tendência é de que elas acabem formando um polo. É o que acontece em Boa Sorte, por exemplo. Muitas pessoas da região saíam daqui para comprar lá, porque nós não tínhamos os produtos e as marcas que eles oferecem.
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