Brasil explosivo

quinta-feira, 17 de março de 2016
por Jornal A Voz da Serra

A SURPREENDENTE indicação do ex-presidente Lula para ocupar a poderosa Casa Civil da Presidência da República do governo Dilma, cuja posse ocorreu ontem, 17, mais que resolver os graves problemas econômicos, políticos e institucionais do país, põe lenha na fogueira das divergências partidárias que atrasam a recuperação do Brasil.

A VOLTA DE Lula ao centro do poder – como um terceiro mandato – convém, antes de mais nada, a ele próprio, desde que se tornou alvo da Operação Lava Jato, coordenada pelo juiz Sérgio Moro. A inusitada posse  causou mais revolta que satisfação e pode ter desdobramentos preocupantes para toda a nação.

NESSE ESFORÇO do governo petista de conceder foro privilegiado ao ex-presidente – investigado por suspeita de ocultação de patrimônio e de recebimento de vantagens indevidas – tem aspectos que não podem ser desconsiderados. O primeiro deles é, sem dúvida, o de se tratar de um desafio ao Judiciário, pois, ao blindar o investigado, a presidente da República aposta na benevolência ou na morosidade do Supremo Tribunal Federal.

O SEGUNDO reflete o desespero da presidente da República, na véspera da definição pelo próprio Supremo do rito do processo de impeachment do qual é alvo. Ao nomear o ex-presidente para integrar seu governo, Dilma terá que se submeter à sua orientação, inclusive em relação ao seu projeto econômico. Por mais que negue a interferência de Lula, a presidente torna-se, à vista da população, uma coadjuvante, cedendo as rédeas do governo para o qual foi eleita ao seu líder maior.

MAIS QUE A manobra de blindagem do ex- presidente, Dilma afronta a vontade de parcela expressiva da população brasileira, manifestada no histórico protesto do último domingo, 13, que não deveria ser menosprezada. A recente delação premiada do senador Delcídio do Amaral, a divulgação das conversas telefônicas de Lula e as críticas que fez ao Legislativo e ao Judiciário ajudam a engrossar o caldo da insatisfação, com conseqüências imprevisíveis.

O BRASIL vive um momento difícil, apresentando problemas econômicos graves, cuja solução não está apenas nas mãos do ex-mandatário. Será preciso um esforço que foge ao controle do Palácio do Planalto. A solução passa, principalmente, pelas mãos dos políticos no Congresso Nacional, sem esquecer, evidentemente, do clamor da sociedade organizada e das forças produtivas do país. Lula, sozinho não será o messias a colocar o Brasil no caminho do crescimento.

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