Brasil é o terceiro no ranking dos países com maior número de mortes por afogamento

Acidente que aconteceu com ator de novela chama atenção para os riscos
sexta-feira, 30 de setembro de 2016
por Karine Knust
Rio Macaé, Lumiar (Foto: Arquivo A VOZ DA SERRA)
Rio Macaé, Lumiar (Foto: Arquivo A VOZ DA SERRA)

Nesta última sexta-feira, 30 de setembro, foi ao ar o último capítulo da novela da Rede Globo "Velho Chico" — que será reprisado neste sábado, 1º. Com enredo intrigante mas, por muitas vezes, igualmente perturbador, a novela não decolou e ficou longe de ser motivo de rodas de conversa nas ruas — como aconteceu, por exemplo, com o fenômeno Avenida Brasil. Pelo menos não até o último dia 15 de setembro. A trágica morte do ator Domingos Montagner — que interpretava o protagonista da novela, Santo — nas águas do Rio São Francisco, não só fez os índices do Ibope subirem, como trouxe à tona uma questão muito importante: o risco de afogamento.

Domingos nadava com a atriz Camila Pitanga na região de Canindé de São Francisco, no Sergipe, após uma gravação para a novela, quando sofreu um afogamento ao mergulhar em uma área onde havia refluxo do rio -- o popular redemoinho. O caso do ator foi, de fato, uma triste fatalidade. Mas acidentes como este não são tão incomuns assim. 

De acordo com a Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (Sobrasa), um levantamento realizado em 2013 indica que o Brasil está em terceiro lugar no ranking dos países com maior número de casos de morte por afogamento — mais de seis mil em um ano (2,9 para cada 100 mil habitantes). 

Ainda segundo a Sobrasa, a cada 84 minutos uma pessoa morre afogada no país. Desses óbitos, 75% acontecem em rios e represas. Para o comandante do 6º Grupamento de Bombeiro Militar de Nova Friburgo, tenente-coronel Fábio Gonçalves, a falta de conscientização dos banhistas é uma das maiores causas de morte por afogamento.

“Na maioria dos casos, os banhistas subestimam a força da água. Às vezes, a lâmina dos rios faz com que as pessoas tenham a ilusão de que não há perigo, mas a tranquilidade da superfície nem sempre é sinônimo de segurança. Existem vários fatores de risco: refluxos, pedras, sumidouros, correnteza”, explica o comandante. 

Em entrevista concedida ao programa Fantástico, da Rede Globo, a atriz Camila Pitanga afirmou que a água parecia tranquila e que, por isso, escolheram o local para tomar um banho. Ainda segundo Camila, não era possível ter dimensão de que Domingos estava sendo levado por uma correnteza. 

Apesar do acidente ter acontecido no nordeste do país, casos de afogamento também são bastante comuns em nossa região, principalmente nas épocas mais quentes do ano. “Os distritos de Lumiar e São Pedro da Serra são, sem dúvidas, os mais perigosos quando o assunto é mergulho. São muitas as áreas onde há corredeiras”, afirmou  Fábio, acrescentando que “o rio é muito traiçoeiro e ainda mais perigoso que o mar porque a densidade da água é mais baixa, o que faz com que a pessoa afunde mais rápido”, completou o comandante. 

Segundo o tenente-coronel Fábio, a maioria dos casos, inclusive, acontecem com adolescentes e jovens: “Eles não tem medo de se aventurar, entram na água de cabeça, e isso é um grande risco”.   

Prevenção

Com a chegada das estações mais quentes do ano, banhos em rios, lagoas e praias podem ser boas alternativas para se refrescar. Mas é preciso tomar alguns cuidados para que a diversão não se transforme em tragédia.

“O banhista deve procurar conhecer as características do local, a dinâmica do rio; evitar ingerir comidas pesadas, bebidas alcoólicas ou entorpecentes; nunca mergulhar de cabeça ou nadar sozinho; sempre manter as crianças acompanhadas e com os devidos equipamentos de proteção - como colete”, orientou o comandante do Corpo de Bombeiros em Nova Friburgo. 

Em casos de afogamento, o comandante Fábio explica que “este período é crucial para definir se o resgate acontecerá com sucesso ou não, por isso, é preciso, primeiramente, que o banhista mantenha a calma, tente boiar, nade a favor da corredeira e aguarde o auxílio”, afirmou. 

Ainda de acordo com o comandante do 6º GBM, o Corpo de Bombeiros da cidade está estudando a possibilidade de realizar um trabalho de conscientização sobre os riscos de afogamento em rios e cachoeiras com panfletagens nos principais locais de banho da região neste verão. 

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