Brasil bárbaro

sexta-feira, 09 de outubro de 2015
por Jornal A Voz da Serra

O NÚMERO IMPRESSIONA. Dados do 9º Anuário Brasileiro de Segurança Pública divulgados esta semana mostram que 58.539 pessoas foram mortas de forma violenta e intencional no Brasil em 2014. Trata-se da marca mais alta em sete anos e representa 160 assassinatos por dia, quase sete por hora. Um aumento de 4,8% em relação ao recorde anterior, registrado em 2013, quando 55.878 pessoas foram assassinadas no país.

CONCENTRANDO 2,8% da população mundial, somos responsáveis por 11% dos homicídios cometidos no planeta. Temos um problema grave e crônico há muitos anos, levando muitos a acreditar que a situação é de violência endêmica e não epidêmica. O estudo de 2015 leva em consideração os homicídios dolosos (quando há intenção de matar), os latrocínios, as lesões corporais seguidas de morte, os policiais mortos e as vítimas de violência policial de 2014.

OS HOMENS JOVENS são os mais expostos ao risco de homicídio intencional e um entre 50 será assassinado no país antes de completar 31 anos. Tais números evidenciam uma inadequação das campanhas sobre a violência, cujos apelos se dirigem ao público adulto e falham por não atingir os jovens, faixa mais envolvida nos crimes. Enquanto os adultos opinam entre a garantia constitucional ou as sombrias estatísticas da barbárie nacional, as crianças assistem a tudo sem compreender e os jovens ficam fora do debate.

NASCIDA sob o domínio da mídia eletrônica e da globalização, a juventude cresce assistindo os mais diferentes tipos de violência, acostumando-se com a banalização da vida praticada hoje mundo afora. E, sem a devida formação, admite mesmo armar-se para se defender. É notório o envolvimento da juventude neste tema e, infelizmente, valoriza-se mais a morte que a vida, oferecendo ao jovem uma realidade bem diferente da qual deveria viver.

COMO DETENTOR do uso legal da força, cabe ao governo propor políticas sérias e consistentes de combate à criminalidade, preenchendo, também, lacunas sociais históricas como a educação, a saúde, moradia e emprego. As crianças precisam enxergar um futuro melhor e os governantes não podem frustrar estas expectativas. É preciso investir muito mais do que hoje se gasta, para diminuir tantas diferenças e, se possível, a violência.

MAIS UMA VEZ batemos na mesma tecla—a educação parece ser a solução de alguns dos problemas mais graves da atualidade, entre eles a violência. Somente pela educação, em sentido amplo, pelo combate à ignorância, é que poderemos criar condições de implantar a ideia de paz e de respeito aos direitos humanos e à natureza.

NESTES TEMPOS de intolerância e agressividade, a educação é a alternativa, não para fazer milagres, mas para formar cidadãos em condições de enfrentar a crise em um mundo de incertezas e perplexidades. E os problemas podem começar a ser solucionados pela sua compreensão. Assim, é pela formação voltada para a valorização dos direitos humanos que se criarão novas perspectivas de vida e de convivência.

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