Botafogo e Vasco decidem o título do campeonato carioca em 2015. Queira ou não, o Rio de Janeiro será preto e branco nesta temporada. E com méritos e coincidências que vão além das cores que revestem a Estrela Solitária e a Cruz de Malta. Dois gigantes do futebol nacional que, nos últimos anos, sofreram as consequências de mandatos que pouco se preocuparam com a representatividade de tanta tradição.
Rebaixado em 2013, o Vasco retorna à elite do futebol nacional neste ano. Com um técnico jovem, Doriva, e um dirigente experiente, Eurico Miranda. O Botafogo, ao contrário, terá que cumprir a mesma missão do rival neste ano para voltar a figurar entre os principais clubes do país. Para tanto, conta com um técnico experiente, Renê Simões, e um “jovem” presidente, Carlos Eduardo Pereira, pelo menos no que diz respeito a dirigir um grande clube de futebol.
Neste caso, a ordem dos fatores pouco altera o produto. Aliás, a fórmula é bem semelhante: times modestos, com investimentos limitados à realidade de duas instituições que atravessam graves crises financeiras (assim como quase todos os grandes do futebol brasileiro). Até mesmo o tempero é semelhante: no universo de “jogadores-aposta”, dois goleiros de qualidade indiscutível — Jéfferson e Martin Silva —, dois cães de guarda que lideram os respectivos meios-campos — Marcelo Mattos e Guiñazu — e dois candidatos a protagonista naquela que pode ser a última grande chance das respectivas carreiras: Jobson e Bernardo.
É difícil prever o que vai acontecer nos jogos finais, ambos confirmados para o Maracanã. E este detalhe torna o duelo ainda mais equilibrado: uma das partidas no Engenhão ou em São Januário (hipótese bem menor que o estádio Nilton Santos) poderia fazer a balança do favoritismo pender, ainda que de leve para algum lado. Se o Vasco possui um time tecnicamente e individualmente superior, o Botafogo ensinou a não duvidar do poder de superação da equipe. No entanto, este é o detalhe: o time de Renê Simões precisa sempre jogar no limite físico e técnico para render. Ápice este que a equipe atingiu no primeiro tempo da semifinal contra o Fluminense, mas não conseguiu manter na etapa final.
O Vasco, por sua vez, é bem montado pelo técnico Doriva, que parece ter o grupo nas mãos. Contudo, apesar da superioridade em relação ao Flamengo nas duas partidas, encontrou dificuldades para transformar o domínio em resultado. E ainda levou sustos contra um rubro-negro que, nem de longe, jogou o que a força de seu elenco sugere e possibilita. O Vasco ainda possui dificuldades para criar pelo chão, embora tenha uma bola parada forte. A transição da defesa para o ataque é deficiente, e não são raras as tentativas de ligação direta. O Botafogo também sofre com esse problema, que é amenizado quando Willian Arão — até aqui o jogador mais regular da equipe — está em dia inspirado.
Decidem o título estadual os dois times que jogaram o melhor futebol no Rio de Janeiro este ano. Oscilaram, é verdade, e tiveram momento para deixar o torcedor preocupado. Mas essa foi uma constante para todas as equipes do campeonato. Ninguém encantou ou convenceu, mas Botafogo e Vasco chamaram a atenção. O primeiro pelo “renascimento” rápido, em apenas quatro meses, saindo de um rebaixamento e total falta de perspectiva para uma decisão estadual. O segundo, cercado de desconfiança pelas contratações modestas e questionado após algumas derrotas, como aquela por 5x4 para o Friburguense, foi bem em todos os clássicos. Ambos chegam empolgados, exatamente pela maneira como construíram o caminho até a decisão. Difícil prever, mas fácil observar: Fogão e Vascão recuperaram a autoestima de suas torcidas. O Rio é preto e branco em 2015!
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