Por Max Wolosker
Terminou há pouco a decisão da Taça Rio e o campeonato carioca, uma vez que o título nas mãos do Botafogo torna desnecessário o cruzamento do campeão da Taça Guanabara, vencida também pelo Glorioso, com o campeão da Taça Rio. Portanto o alvinegro de General Severiano é o legítimo campeão carioca de 2010.
Aliás, esse título estava engasgado há exatos três anos na garganta do torcedor botafoguense, pois essa foi a quarta decisão seguida entre Flamengo e Botafogo, as outras três vencidas pelo Flamengo.
É um momento de reflexão, pois se de um lado o botafoguense consciente sabe que seu time tem que melhorar muito para disputar o Campeonato Brasileiro sem o risco iminente de rebaixamento, do outro temos o Flamengo de sempre, com jogadores pouco profissionais, com certa frequência metidos em confusões que não são dignas de atletas profissionais e endeusados por grande parte da imprensa esportiva, que torce descaradamente pelo rubro-negro. Basta assistir à transmissão de um jogo do Flamengo por aquele locutorzinho da Globo, para se ter uma ideia de como a tão propalada isenção do jornalista, que é ensinada nas faculdades de Comunicação Social, é esquecida.
As noitadas são uma constante na vida dos jogadores do Flamengo que encaram os compromissos profissionais como algo enfadonho e sem graça. A imprensa endeusa Adriano, chamando-o de imperador, o que denigre Pelé, considerado o rei do futebol e que sempre foi um exemplo de atleta profissional, ao contrário do Nero rubro-negro, um autêntico desajustado. Brigas no vestiário, dirigentes explicando o inexplicável, presença em bailes promovidos por traficantes – talvez a nova elite do Rio – essa é uma constante no Flamengo de hoje, verdadeiro tormento na vida dos coleguinhas que têm de justificar o que não tem explicação.
O futebol do Rio tem que evoluir muito, pois é inadmissível que uma final de campeonato, com dois grandes clubes em ação, seja assistida por pouco mais de 50 mil pagantes. Também pudera, a federação é dirigida por indivíduos que pensam muito mais na própria reeleição do que em organizar uma competição em níveis profissionais. Times pequenos, sem nenhuma estrutura que não seja a de canalizar votos para reeleger os atuais mandatários se juntam aos clubes de maior torcida, numa disputa em que perdem todos.
Em que pese o título de campeão brasileiro do Flamengo, em 2009, a participação dos cariocas, entra ano sai ano, é sempre uma luta constante contra o rebaixamento. Fluminense, Botafogo e Vasco da Gama, nessa ordem, já frequentaram o purgatório do futebol brasileiro, a famosa segundona. Não nos esqueçamos que no caso do Flamengo o título só veio a partir da 14ª rodada do segundo turno. Até ali, o clube de maior torcida do Brasil fazia contas para escapar do rebaixamento.
O Botafogo é o campeão carioca de 2010; o título é merecido, pois foi o menos ruim entre os grandes. É preciso que sua diretoria não se deixe enganar, abandone a política do bom, bonito e barato e reforce o plantel para ter uma participação a altura de sua tradição na maior competição do Brasil. O mesmo se aplica aos demais, pois um estado que durante muitos anos foi um verdadeiro celeiro de craques, não pode se contentar em ser mero coadjuvante.
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