Bombeiros se preparam para temporada de queimadas nas matas

Período de estiagem que vai de julho a outubro registra maior número de ocorrências
sexta-feira, 20 de julho de 2018
por Guilherme Alt (guilherme@avozdaserra.com.br)
Queimadas nos morros no inverno passado (Arquivo AVS)
Queimadas nos morros no inverno passado (Arquivo AVS)

 

Com a chegada do inverno, iniciou-se também o período de estiagem que deixa a vegetação muito seca, favorecendo as queimadas, muito comuns nesta época e que dão muito trabalho aos bombeiros, sem contr o prejuízo ao meio ambiente com a destruição das florestas e o comprometimento da qualidade do ar.

Mas há uma boa notícia: de acordo com o 6º Grupamento do Corpo de Bombeiros em Nova Friburgo, em relação ao primeiro semestre dos dois últimos anos, o número de incêndios vem diminuindo. Em 2016, foram 81 ocorrências, em 2017 foram 52 e em 2018, 49.

A grande preocupação começa em julho, mas é a partir de agosto que a situação se agrava. No intervalo entre agosto e outubro de 2016, foram 99 ocorrências de incêndios florestais. No ano de 2017, o número subiu para 369.

Símbolo do período das queimadas do ano passado, o Morro da Cruz sofreu cerca de três dias com as fortes chamas que devastaram praticamente todo o local. O verde que tanto combinava com o céu, não importa se azul ou com nuvens, deu lugar a tons de preto, marrom e cinza, um dia depois do fim da queimada. que durou quase 48 horas e devastou diferentes pontos da montanha, em todas as suas vertentes.

Bombeiros de Magé e Teresópolis se juntaram aos agentes de Friburgo e atuaram, principalmente, próximos de residências. Dois helicópteros tiveram de ser usados no combate as chamas, sobre focos de difícil acesso por terra.

O incêndio jogou por terra o projeto ambiental Bombas Ecológicas, que arremessou sementes sobre a encosta do teleférico no início de junho do ano passado. As mudas já estavam com quatro meses de vida.

Os dados do Corpo de Bombeiros revelam que os meses de setembro e outubro são os que mais registram ocorrências. Somente em 2017 foram 181 e 144 incêndios florestais, em setembro e outubro, respectivamente. Para evitar que novos incidentes como esse aconteçam, o 6º GBPM de Friburgo, sob o comando do Tenente-Coronel Alexandre Pitaluga, já se prepara, desde o início do ano para essa época.

“Temos um planejamento que começou no último mês, para identificar os locais onde há essa maior incidência de problemas. Estamos em contato com o diretor do Parque Estadual dos Três Picos, além do Batalhão Florestal e o comandante do 11º Batalhão da PM, o coronel Eduardo Vaz Castelano. Como nós cobrimos uma área grande, fazemos um pedido à população para que nos ajude. Ao identificar uma pessoa colocando fogo em lixo, principalmente em área urbana, ou um princípio de incêndio, nos avise imediatamente pela central 193. Nós do Corpo de Bombeiros, em conjunto com a Guarda Florestal e as polícias Civil e Militar, vamos autuar o suspeito para que sirva de exemplo”, explicou o comandante.

De acordo com o Comandante, Nova Friburgo tem duas épocas que expiram grandes cuidados e atenção, chuvas fortes e estiagem que provocam as queimadas e ambas estão relacionadas. “Onde há um empobrecimento do solo, das matas ciliares, por conta das queimadas, fatalmente teremos problemas de deslizamentos durante o período das chuvas fortes de verão. O intervalo entre uma estação e outra é pequeno e não há tempo hábil para as matas devastadas pelo fogo se regenerarem.”

Pitlauga afirma que se os friburguenses seguirem três passos simples, o número de queimadas cairá drasticamente nos próximos meses. “Não queimar lixo, de nenhuma espécie, denunciar queimadas e não jogar lixo na mata, beira de estrada ou acampamentos”.

Mau Comportamento

Retalhos de confecção, material de construção, sacos de lixo abarrotados de mato capinado, eletrodomésticos, móveis, louças sanitárias... Essa lista poderia ser facilmente encontrada em um lixão, mas, na realidade, esses itens, infelizmente, dividem espaço com pedestres na Rua Vital Brasil, no Cônego.

Em reportagem realizada há cerca e um mês e meio, A VOZ DA SERRA percorreu a toda a extensão da rua e encontrou os materiais descritos acima. Nossa equipe voltou ao local e constatou que a quantidade não só continua no local, mas também aumentou o despejo de lixo na localidade.

São atitudes como essa que contribuem para o aumento de incêndios. Mesmo sabendo que o descarte irregular é de responsabilidade de quem o faz, podemos cobrar uma maior fiscalização. Na época, a prefeitura informou que até o presente momento não tinha conhecimento desse tipo de descarga na rua, mas que faria fiscalização no local.

O que diz a prefeitura

Entramos em contato novamente com a prefeitura para falar a respeito dos problemas de entulho que, em época de seca, são agentes potencializadores de incêndios florestais.

A Prefeitura de Nova Friburgo reforça que não tem medido esforços para sanar a questão do descarte irregular de lixo e entulho por diversos pontos da cidade e que, em breve, irá na localidade mencionada fazer o recolhimento. Mas destaca que ainda que a responsabilidade pelo descarte desses materiais é do gerador deles. Ou seja, no caso do lixo doméstico, a responsabilidade de acondicionar o material de maneira correta, de modo a prevenir ainda acidentes no manuseio dos profissionais da coleta com objetos cortantes, é do morador, que deve  colocá-lo nas lixeiras no dia e horário da coleta em seu bairro. O mesmo vale para o entulho: a responsabilidade também é de cada morador, que deve contratar uma empresa legalizada para atuar com serviços de caçamba a fim de dar a ele o destino correto.

Em nota, a prefeitura informou que o descarte irregular deste tipo de material tem sido cada vez mais freqüente e mesmo não havendo uma obrigatoriedade legal do órgão em fazer o trabalho, muitas vezes o serviço acaba sendo feito para que a cidade não seja prejudicada pela grande quantidade de entulho que é descartada irregularmente todos os dias.

Ainda de acordo com a Prefeitura, “a municipalidade reforça a importância da conscientização de todos na hora de descartar os resíduos, uma vez que, feito de maneira irresponsável, causa uma série de prejuízos para o meio ambiente e a sociedade. Além disso, é importante ainda frisar que o descarte irregular de lixos e entulhos é considerado um crime ambiental, passível de multa e prisão”.

 

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TAGS: fogo | incêndio
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