O tenente-coronel Thiago Nunes Alecrim, 36 anos, é natural de São Fidélis e entrou no Corpo de Bombeiros em 2001, em São Gonçalo. Saiu de lá para o quartel do comando geral da corporação onde foi subcorregedor e depois subdiretor de instrução. De 2016 a 2017 foi subcomandante, em Nova Friburgo. Retornou para a capital e ficou até 2019 quando, já na atual patente, assumiu o comando do 6º Grupamento do Corpo de Bombeiros de Nova Friburgo. Para ele, dirigir o quartel da cidade é um prêmio.
Durante esta entrevista, o comandante fez questão de frisar o quão satisfeito está por comandar a unidade friburguense. Em quase uma hora de conversa, o tenente-coronel apresentou dados de ocorrências, explicações sobre como condições climáticas influenciam na atuação dos bombeiros, deu dicas para se precaver em casos de chuva forte, cabeça d’água, entre outros. Também apresentou parte da frota de veículos, bem como oficiais da unidade e diversos equipamentos utilizados nas ocorrências.
Entre uma declaração e outra, o comandante explicou as diferenças entre os veículos que a frota possui. Um deles, muito moderno, é uma viatura avaliada em R$ 16 milhões para combate a incêndios. O 6º GBM também possui viaturas 4x4, equipamentos de busca e salvamento, viatura aquática, drones, além de um helicóptero que está a uma ligação de distância. O comandante Thiago Nunes Alecrim deu detalhes, também, da instalação de um novo destacamento para atender a região de Lumiar.
A VOZ DA SERRA: Quantos oficiais e viaturas o 6ºGBM possui?
Tenente-coronel Alecrim: “O 6º GBM cobre Nova Friburgo, assim como cidades adjacentes que possuem destacamentos do nosso grupamento, como Cordeiro, Cantagalo, Bom Jardim e Cachoeiras de Macacu. Somando as unidades vinculadas, temos quase 300 militares. Estamos com um bom número de viaturas, todas modernizadas. Para cada tipo de atendimento, temos veículos específicos para atuação em incêndios florestais, emergências médicas, remoção de cadáver, salvamento aéreo, além de diversas outros equipamentos.”
Esta semana tivemos o resgate em uma cachoeira de uma família em Lumiar, por conta de uma cabeça d’água. Que dicas o senhor pode dar para as pessoas ficarem mais atentas?
“Às vezes as pessoas acham que trata-se de uma chuvinha passageira, mas ela não sabe o risco que está sendo implementando em razão de condições adversas distantes. É uma elevação muito rápida do volume da água e a pessoa não consegue sair a tempo e sua segurança fica comprometida. Temos um vale e toda a água que cai nessa região será direcionada para um curso d’água e o nível é elevado de forma tão rápida que a pessoa não consegue ver. Uma dica é verificar se a água fica turva, se há a presença de folhas, gravetos, galhos. Mas importante destacar que, uma cabeça d’água pode se formar mesmo que esses elementos não estejam presentes. Debossan registrou 148 milímetros de chuva em uma hora, em Mury o volume foi de apenas 20 milímetros. No mesmo período tivemos 7,4 vezes o volume d’água na cabeceira do Rio Santo Antônio.”
Há na cidade ocorrências direcionadas que acontecem com frequência somente em determinadas épocas do ano, como queimadas, inundações…
“Sim, nós temos épocas que são bem características em termos de salvamento e resgates em Nova Friburgo. De julho a outubro há grande incidência de incêndios florestais. De novembro a março é uma época muito chuvosa que causam deslizamentos, inundações e eventos deste tipo.”
Há o intercâmbio de oficiais entre as unidades quando se tem uma necessidade de reforçar determinado quartel?
“Somos uma instituição que alcança todo o Estado, logicamente que tendo a necessidade de demandar recursos de unidades vizinhas, vamos utilizar. Como exemplo, temos aqui um drone e disponibilizamos a uma outra unidade que fizesse uso dele para apoio a uma operação para achar uma pessoa que estava perdida na mata. Hoje eu não tenho um helicóptero no município, mas basta uma ligação e eu consigo uma viatura aérea para apoiar nossa unidade em alguma ocorrência. Saindo do Rio de Janeiro, ele chega aqui em 17 minutos.”
A tragédia de 2011 foi um marco na cidade. Como o senhor classificaria o 6º GBM em termos de uma resposta para ocorrências em detrimento das fortes chuvas, comuns nessa época do ano?
“Em janeiro de 2011 houve um evento climático de dimensões que nunca presenciamos. Acredito que o Corpo de Bombeiros, hoje, segue um caminho de constante aprimoramento. Não só pela aquisição de novos equipamentos como também pela capacitação do seu pessoal. Nós temos cursos específicos em salvamento em desastres, até mesmo com modelos que a gente observa na ONU. Importamos a metodologia utilizada por lá, para as nossas ações. Em casas atingidas pela tragédia adotamos uma sinalização da ONU que, num ambiente de múltiplas vítimas e diversas edificações afetadas, as pessoas consigam identificar onde em determinado prédio já teve uma intervenção de uma equipe de salvamento e as ações que foram realizadas ali.”
Um dos apelos da população de São Pedro da Serra e Lumiar é que a região seja dotada de um destacamento do Corpo de Bombeiros na região. O que se planeja para a localidade?
“Tivemos há dois meses uma reunião com os integrantes da associação de moradores de Lumiar e buscamos terrenos para uma unidade no local que vai reduzir o tempo de resposta em ocorrências que estejam direcionadas para aquela área. Temos um projeto em curso, já com uma área definida, para que possamos em curto ou médio prazo instalar uma unidade naquela região.”
O Corpo de Bombeiros de Nova Friburgo está preparado para atender a toda população?
“Com certeza. É uma felicidade imensa comandar uma das melhores unidades da corporação e digo isso sem falsa modéstia. Ao entrar no quartel é possível observar todos os prêmios estaduais e nacionais que os militares daqui alcançaram ao longo dos anos. Nós temos um dos melhores serviços disponíveis para a população de Nova Friburgo.”
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