Ele tem um currículo realmente invejável. Além de bispo da diocese católica de Nova Friburgo, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) na regional leste 1, professor de direito matrimonial do Instituto Superior de Direito Canônico do Rio de Janeiro e membro da Academia Brasileira de Filosofia, Dom Rafael Llano Cifuentes é autor de pelo menos 42 livros não só de temáticas religiosas como poderia se imaginar num primeiro momento, mas também de temas, a princípio, considerados polêmicos para abordagem de um bispo, como o relacionamento conjugal e respostas a perguntas diversas sobre amor e sexo, orientações para solteiros, noivos e casados e dicas de como enfrentar os inúmeros conflitos de uma relação amorosa.
Tudo isso lhe rendeu no último fim de semana uma cadeira na Academia Friburguense de Letras (AFL), que elevou o filósofo e intelectual de competência comprovada com licenciatura em direito civil pela Universidade de Salamanca e doutorado em direito canônico pela Universidade Pontifícia de São Tomás, em Roma, à categoria de imortal. O mexicano Dom Rafael assumiu a cadeira 25 da academia que reúne outros 39 intelectuais friburguenses ou, que assim como ele, escolheram as terras da antiga fazenda do Morro Queimado para viver. O bispo diocesano tem como patrono na Academia de Letras o romancista e jornalista José do Patrocínio.
O ingresso de Dom Rafael, ao casting da nata da intelectualidade de Nova Friburgo rendeu solenidade especial na Casa de Júlio Salusse sob o comando do presidente da entidade, o advogado e escritor Aécio Alves da Costa e o prestígio dos amigos na mesa oficial da casa: o vigário geral da diocese de Nova Friburgo, monsenhor Antônio Stael de Souza; o coordenador da pastoral de comunicação do Vicariato Sede da Diocese, presidente da Associação Friburguense de Imprensa (AFI) e chefe de redação de A VOZ DA SERRA, jornalista José Duarte; o secretário municipal de Cultura, Roosevelt Concy e escritora e membro da AFL, Leyla Lopes, além de apresentação especial do coral feminino da congregação católica Arautos do Evangelho, dezenas de amigos e religiosos.
O novo membro foi saudado pelo membro da AFL e cronista de A VOZ DA SERRA, Augusto Carlos Curvello de Muros e recepcionado pelo escritor infantil Álvaro Ottoni de Menezes, que considerou o ingresso de Dom Rafael à AFL como “um reforço de peso, devido a sua coragem, firmeza, bom humor e mansidão de coração”. Para Álvaro, dom Rafael, além de grande escritor, é “um obreiro de corações, um esticador de horizontes, uma ponte para Deus”. Ainda durante as boas vindas, Álvaro Ottoni enalteceu a juventude tão bem expressa, tanto na fisionomia, como na conduta de Dom Rafael. “Para ele (o bispo) a juventude não é uma época de vida, é a qualidade da alma. Devemos aprender sempre com esse homem exemplo”, destacou.
Dom Rafael:
“A literatura é uma expressão elevada de religiosidade”
Em discurso de quase meia hora em agradecimento pelo ingresso na AFL, dom Rafael Llano Cifuentes não escondeu a emoção ao integrar a nobre casa, a qual ele conheceu no primeiro trimestre desse ano e candidatou-se a uma das duas vagas em aberto para o cargo de imortal. Para o bispo, integrar a academia não será nenhuma tarefa difícil para quem já tem intimidade com a arte e literatura.
“Fé, arte e literatura devem sempre caminhar juntas. A paz é a nossa verdadeira felicidade e devemos transmiti-la em todas as ações, inclusive na escrita. Felicidade e paz não vêm de fora. A arte de escrever revela todos esses sentimentos”, enfatizou o bispo distribuindo ensinamentos e filosofias de vida como “a necessidade de termos que evitar para não sermos arrastados pelas circunstâncias”.
“Às vezes, o excesso do fazer provoca a anemia do ser. Há pessoas que se divorciam de si mesmas, não ouvem sua voz interior. Os que têm vida interior não precisam ir ao analista. O recolhimento é a nossa fonte de sabedoria. A dispersão é o princípio de todos os males. Se Deus deu aos pássaros a nobreza do canto, deu a nós uma missão a cumprir”, enfatizou Dom Rafael.
O presidente da AFL, Aécio Alves da Costa, definiu o ingresso do bispo como um momento especial. “Às academias de letras cabe transformar seres humanos aprofundando-os nos estudos da ciência na busca pela sublimação do espírito. Hoje temos isso classicamente com a chegada de dom Rafael que muito nos honra. A academia é o santuário da educação que agora tem um grande reforço”, enalteceu ele, lembrando que a indicação do bispo teve a aprovação unânime dos demais pares da entidade. A AFL dispõe ainda de mais uma vaga a ser preenchida por um intelectual que tenha pelo menos dois livros publicados.
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