Qual a diferença entre a Bíblia Católica e a Bíblia Protestante?
A diferença é em relação ao número de livros do Antigo Testamento. Não há qualquer diferença com relação aos Livros do Novo Testamento. No tocante ao Antigo Testamento, a Bíblia Católica tem 7 livros que não constam na Bíblia Protestante. E quais são esses livros? São 4 livros chamados históricos: Tobias, Judith, 1° Macabeus, 2° Macabeus; 2 livros chamados sapienciais: Eclesiástico e Sabedoria. Um livro chamado profético: Baruc.
Para entender essa diferença, devemos ir às origens do Cristianismo. No final do século primeiro, em Jâmnia, cidade ao sul da Palestina, os judeus palestinenses, vendo que os cristãos colocavam os Evangelhos e os outros Livros do Novo Testamento no mesmo pé de igualdade com os Livros do Antigo Testamento, tendo-os também como livros inspirados ou canônicos, resolveram estabelecer o Cânon da Bíblia judaica (segundo eles, verdadeiro) usando as seguintes exigências: o livro, segundo os judeus de Jâmnia, para ser sagrado (canônico), deveria ter sido escrito na Terra de Israel, na língua hebraica e até o Tempo da Esdras (cerca de 420 anos antes de Cristo). Dentro desses critérios, os 7 livros acima citados foram excluídos do Cânon judaico, ou por terem sido escritos em língua grega como Sabedoria e Eclesiástico, ou por terem sido escritos depois de Esdras, como os outros 5.
Esse Cânon judaico da Bíblia chamou-se Cânon de Jâmnia. Acontece que cerca de um século antes de Cristo, os judeus que moravam em Alexandria, no Egito, falavam a língua grega e não mais a hebraica, traduziram para o grego as Sagradas Escrituras incluindo os 7 livros deixados de fora no Cânon de Jâmnia. O Cânon de Alexandria, anterior a Cristo, ficou sendo conhecido como a “Tradução dos 70”, pois, segundo a tradição, foram 70 sábios judeus que traduziram para a língua grega, em Alexandria, as Sagradas Escrituras. Os livros do Novo Testamento, todos escritos em grego, quando citam as Sagradas Escrituras, citam-nas pela Tradução dos Setenta. Há, até no Novo Testamento, muitas citações do Antigo Testamento pela Tradução dos Setenta, ao pé da letra.
A Bíblia dos Setenta, juntamente com o Novo Testamento, foi assumida pela Igreja desde as origens como a sua Bíblia oficial. Vários Concílios posteriores da Igreja definiram este Cânon dos Setenta como sendo o Cânon bíblico da Igreja com relação ao Antigo Testamento.
Lutero, porém, no século XVI (1483- 1546), ao se separar da Igreja Católica, adotou o Cânon dos judeus da Palestina ou o Cânon de Jâmnia, deixando de fora, portanto, os 7 livros e fragmentos dos livros de Éster e Daniel que só existem na língua grega.
A partir de Lutero, todas as Bíblias protestantes passaram a adotar o Cânon de Jâmnia com os 7 livros a menos. Logo, para os católicos, o Antigo Testamento consta de 46 livros e, para os protestantes, 39.
Portanto, antes de Lutero, há uma continuidade histórica de quinze séculos nos quais a Igreja Católica sempre aceitou como canônicos todos os livros do Antigo Testamento, que se encontram na tradução dos setenta, feita em Alexandria, no Egito, um século antes de Cristo .
Os 7 livros a mais da Bíblia Católica são chamados de Deuterocanônicos, pois sua canonicidade foi sendo oficialmente reconhecida aos poucos pela Igreja, em vários concílios. Oficialmente porque, na prática, a Igreja sempre os acolheu como “canônicos” ou “inspirados”.
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