Em abril de 2015, o ator friburguense Bernardo Dugin foi convidado por Bruno Dieguez, sócio da produtora Orgânica, para apresentar os vídeos do programa de treinamento para os voluntários que atuariam nas Olimpíadas. Esse material interativo seria produzido por meio de uma parceria entre a Estácio de Sá — desenvolvedora dos treinamentos online e presencial para os voluntários, do mundo inteiro — e a organização responsável por coordenar os jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016. A poucos dias do início do megaevento, Dugin compartilha a experiência de ser “a cara” das Olimpíadas, em entrevista exclusiva para o Light.
A VOZ DA SERRA: Dugin, em primeiro lugar, diz pra gente o que você faz, e pra quem...
Bernardo Dugin: Bom, fui convidado por Bruno Dieguez (meu ex-chefe e ex-professor da PUC) para apresentar o programa de aulas de treinamento para os voluntários e demais colaboradores dos Jogos. Venho gravando esses vídeos há mais de um ano, com a jornalista Luana Genot, e o conteúdo deles vai desde como lidar com pessoas com deficiência a simulações de segurança. Tem capacitação para liderança, entusiasmo e até mesmo vídeos ensinando como se liga um notebook, microfone, projetor ou aparelho de som. Eles pensam nos mínimos detalhes. Quando fui chamado, não fazia ideia do que era, e nem da grandiosidade do projeto.
Fala um pouco mais sobre os vídeos...
Para tornar o treinamento mais dinâmico, eles mesclam slides, jogos interativos (perguntas e respostas) e vídeos. É um programa gigantesco, porque são mais de 140 mil pessoas treinadas por 120 professores, em mais de mil sessões de treinamento em 105 locais diferentes. Mais de um milhão de horas informações, que vão desde a história dos Jogos até os serviços executados em cargos e instalações específicos. Tudo para que o evento ocorra sem ressaltos e promova a imagem global do Brasil
Algum treinamento específico para casos extremos, como o protesto que houve em Angra dos Reis, ou até mesmo casos de atentado?
Sim, teve um curso específico voltado para casos de terrorismo. Mas as orientações gerais são mais no sentido de alertar os voluntários a estarem atentos e prestarem o máximo de atenção a tudo que acontece ao redor. A orientação principal é de que nenhum voluntário tome atitude por própria conta, sempre acionando as equipes responsáveis pela segurança sempre que julgar necessário.
E como é ser a “cara” das Olimpíadas? E a relação com a colega, Luana Genot?
O comitê gostou dos primeiros vídeos que fizemos, e então virei não só a cara dos jogos como também a voz. Fiz a locução de todos os slides. Todas as palavras. Imagine o trabalhão! É um volume imenso de conteúdo. Gravava desde “clique aqui”, “bem-vindo” a textos enormes, dos mais variados temas. Ah, e tudo traduzido para inglês (britânico) e libras. Eu não conhecia a Luana, conheci neste trabalho e logo nos tornamos amigos. Ela é incrível: é jornalista, palestrante, viaja o mundo inteiro falando sobre o protagonismo da mulher, com ênfase ao empoderamento da mulher negra.
Por falar nisso, você deve estar conhecendo bastante gente!
É, é bem curioso, toda semana recebo solicitações de amizade e recados de pessoas do mundo inteiro. Parabenizando, contando histórias, pedindo dicas do Rio, de lugar para ficar. Respondo a todos, na medida do possível. Os vídeos circulam para centenas de milhares de pessoas. E elas se sentem íntimas e amigas. Faz parte da minha profissão, e eu adoro isso. Fora que agora tenho hospedagem pelo mundo inteiro, não é?
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