Benedita em Friburgo: “Queremos incentivar o setor audiovisual”

Parlamentar veio à cidade presidir sessão da Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados para falar de investimentos na área
sexta-feira, 27 de setembro de 2019
por Guilherme Alt (guilherme@avozdaserra.com.br)

A ex-governadora do Estado do Rio  e atual deputada federal pelo Partido dos Trabalhadores (PT) Benedita da Silva é também presidente da Comissão de Cultura e veio a Nova Friburgo nesta sexta-feira, 27, para presidir uma sessão da Câmara dos Deputados, realizada no auditório do Centro de Administração César Guinle (antigo prédio da Oi), na Avenida Alberto Braune. O evento é conhecido como “Expresso 168”, número da sala da Câmara, em Brasília, onde habitualmente acontecem os encontros de cultura.     Antes da sessão, a parlamentar falou com exclusividade para A VOZ DA SERRA. 

AVS: O que é o Expresso 168?

Benedita da Silva: O Expresso 168 é da Câmara dos Deputados, mas pertence à Comissão de Cultura e hoje eu sou presidente desta comissão que discute com cada estado a sua relação com o legislativo municipal e estadual para que possamos, associada a cultura e ao turismo, incentivar mais recursos para o cultura, por conta dos recentes cortes do governo federal. Sabemos que cultura e turismo são importantes para o desenvolvimento. Precisamos saber quais são os municípios que têm o Fundo de Cultura e se os repasses estão sendo feitos de forma adequada.

Que tipos de investimentos a comissão pode trazer para Nova Friburgo?

Nós tivemos um corte muito profundo na verba para a cultura. Estamos estimulando o audiovisual e um fortalecimento das leis para cultura. O investimento na cultura é quase zero e o retorno é de 100%.

Na sua opinião, há uma ambiente favorável para a cultura prosperar?

É por isso que estamos conversando com os municípios. A nível nacional, nós não podemos esconder que estamos tendo dificuldades e o “Expressinho” vem para dialogar com os municípios. Queremos incentivar o setor audiovisual, criar uma plateia fiel às produções nacionais e incentivar o turismo, também. Queremos fazer com que o Fundo da Cultura funcione e chegue até Friburgo. É importante expandir todos os talentos da cidade. Eu por exemplo vou participar de um festival de cinema em São Gonçalo. A Baixada Fluminense também começa a se manifestar culturalmente. Mais para frente terá o de Maricá e nós temos discutido com esses municípios que tem essa característica.

Há um movimento favorável à cultura no Estado do Rio?

O movimento em si está muito bom. O Expressinho não fala só com o andar de cima. O andar de cima é aquele que nós queremos que aplique a lei, como a criação do Fundo Municipal de Cultura. A nível federal debatemos e estimulamos mais recursos, seja da emenda do parlamentar, seja da emenda da comissão. A comissão já está delegando recursos para essa área. Nós queremos que os municípios criem projetos para utilizar recursos desse fundo. Não queremos que o governo federal mexa na cultura, ainda mais depois da extinção do ministério, que agora é uma secretaria dentro do Ministério da Cidadania. Parece que o governo não entendeu a importância da cultura. A censura inibe a criação. A arte é uma coisa milenar.

Há na pauta da comissão o diálogo entre os municípios?

Temos que dialogar, sim. Nós não conhecemos toda a cultura do país. Eu não vejo mais as folias de Reis, por exemplo. O carnaval será reconhecido como manifestação cultural e tem que ter os mesmos direitos das outras. Isso garante que governos futuros não mexam na nossa festa, seja por qualquer motivação. Eu sou evangélica, mas isso não pode ser razão para impedir a realização do carnaval. Eu sou uma gestora. Queremos dialogar com o governo federal e dar mais transparência e conhecimento no que o Brasil pode produzir. Nós vamos colocar na pauta de votação que a música gospel seja inserida nas questões dos direitos culturais, como as demais manifestações musicais.

Já que falamos em movimentos culturais em municípios, em novembro teremos o Fricine, que vai debater temas atuais, como meio ambiente. A senhora vai acompanhar o evento?

Isso é muito importante porque os festivais não são apenas para exibir um filme e pronto. Há a discussão, um debate. E o Fricine vai promover justamente isso, falar de tema atuais e que precisam ser debatidos como as questões ambientais. Tem sido uma pauta muito discutida. É um festival muito importante, que vai se basear na realidade, com produções nacionais e internacionais. Temos todos total interesse. Friburgo está de parabéns por fazer esse festival. É uma narrativa que vai atingir a todos.

A senhora concorda que a cultura é algo amplo e que permite o debate sobre diferentes temas?

Isso é fantástico. Fizemos com a população negra, com produtores e cineastas nessa temática. Temos feito no Teatro Zózimo Bubu produções que tratam da nossa africanidade.  Eu tenho assistido musicais com temas muito amplos que atingem setores da sociedade, segurança, saúde e meio ambiente. É realmente muito amplo. Quantos talentos nós temos e que não são conhecidos? 

 

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