Com certeza você escutou neste carnaval uma dos milhares de “modas musicais” que surgem nesta época. “Eu quero mais é beijar na boca (...) Já me livrei daquela vida tão vulgar, me vacinei de tudo que podia me pegar.” A questão é: será mesmo que sabemos e estamos realmente vacinados contra alguns problemas que podem, sim, ser provocados por um beijo na boca? E quando rolam “algumas bocas”? Aliás, carnaval...
Também duvido que você não tenha escutado por aí que, em apenas um beijo, duas pessoas trocam em média 250 tipos diferentes de bactérias e, podem sim, contrair doenças perigosas. Quem explica para o Caderno Light esta questão é a mestre e doutora em odontologia, Dr. Maristela Lobo: “Na saliva trocada durante a intimidade há bactérias e vírus causadores de doença. Esses males bucais não são determinados apenas pela presença de micro-organismos nativos ou transmitidos. Outras doenças mais agudas podem se desenvolver pouco tempo após a transmissão bacteriana e viral que ocorre através do beijo: faringite, laringite, amidalite, herpes labial, mononucleose, hepatites A e B, HPV, meningite, candidíase, gripe, tuberculose, sífilis, dentre outras”, alerta a especialista em periodontia.
É inegável que beijar é bom, mas também é incontestável que “seleção” é fundamental, não é mesmo? Isso porque, ainda de acordo com Maristela, “é importante considerar que, no carnaval, as pessoas têm maior susceptibilidade a doenças, podem estar com imunidade baixa e não realizam os cuidados de higiene oral como o fazem no cotidiano. Dessa forma, haverá mais propensão à gengivite e as outras doenças, potencializada pela transmissão de bactérias através do beijo”.
Mesmo os casais que estão juntos há algum tempo devem tomar alguns cuidados importantes. “Se o marido tem doença periodontal (que vai desde a gengivite até a periodontite, que é a perda óssea ao redor de um dente), e frequentemente beija a sua esposa, a transmissão bacteriana é continua e se torna nociva. Por exemplo: se a esposa está fazendo tratamento periodontal e o marido não está, ele vai estar recontaminando essa esposa através do beijo, o que pode dificultar o controle da infecção durante o tratamento periodontal dela. O ideal é que a família toda passe em consulta e, se necessário, seja tratada em conjunto”, informa a Dra. Maristela Lobo.
Ganham destaque, também, as pessoas com feridas nos lábios, mau hálito, dentes mal cuidados e sangramento gengival. Estes devem evitar o beijo até que os tratamentos adequados sejam realizados. “Outra dúvida muito comum é se o beijo pode transmitir a AIDS. A saliva não transmite o vírus; mas, se o beijo acontece entre duas pessoas que têm gengivite, ou qualquer outro ferimento na boca, o HIV pode penetrar na corrente sanguínea. Se houver troca de sangue durante o beijo, se estabelece o risco de transmissão”, alerta ela.
Antes de curtir as delícias do beijo, o melhor é se prevenir de qualquer doença bucal indo com frequência ao dentista e mantendo a boca saudável e livre de bactérias, através de adequada higiene bucal. “Essa higiene bucal mecânica, realizada com fio e escova dentais, é a única capaz de desorganizar e destruir as colônias de bactérias (placa bacteriana), que causam as doenças bucais. Todos podem se divertir. Porém, é necessário ter bom senso”, finaliza.
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