A batalha das fanfarras: bandas de ex-alunos prometem surpresas no desfile

Anchieta, Fundação, Dores e Mercês travam disputa silenciosa pela melhor performance. Veja vídeo dos ensaios
quarta-feira, 16 de maio de 2018
por Adriana Oliveira (aoliveira@avozdaserra.com.br)
Algo de muito sonoro esconde uma disputa silenciosa e promete boas surpresas no desfile deste 16 de maio, bicentenário, na Avenida Alberto Braune: a apresentação das bandas de ex-alunos de colégios tradicionais da cidade como Anchieta, Fundação, Nossa Senhora das Dores e Nossa Senhora das Mercês. Uma disputa hoje discreta, mas que traz resquícios de uma forte rivalidade no passado.

“Nós somos banda marcial; fanfarra são as outras”

Claudio Barbeto, da banda da Fundação (aos risos)

“Nós somos banda marcial; fanfarra são as outras”, provoca de brincadeira, aos risos, Claudio Egger Barbeto, um dos idealizadores da banda de ex-alunos e ex-professores da extinta Fundação, o Colégio Nova Friburgo. Rivalidade existiu de fato, e muita, no fim dos anos 50 até meados dos 60, com direito a rumores de concursos imaginários, em que se dizia que o Colégio Rui Barbosa tinha sido o vencedor. “Ficávamos muito intrigados, chateados até, mas era tudo provocação, mentira”, conta Barbeto.

Desde que o lendário Colégio Nova Friburgo fechou, em 1977, a banda da Fundação (foto) nunca deixou de desfilar, por empenho pessoal dos próprios ex-alunos. Mas sempre saiu no 7 de setembro. Este 16 de maio será o primeiro em quatro décadas.

O grupo conta com ex-alunos que, mesmo morando em outras cidades, se empenharam para vir aos ensaios nos últimos meses.  A banda vem com cerca de 50 instrumentos, sendo oito giricos, dez surdos, 20 caixas/taróis e, ainda, oito clarins. E as tradicionais cinco batidas, todas diferentes, com toques de clarins.

Já a “Big Band” do Anchieta (foto), como se auto-intitula o grupo musical com cerca de 60 componentes, vem com 15 giricos, 30 caixas/taróis, oito surdos, seis metais e sua marca registrada: o toque escocês de trompete trazido pelo Padre Souza em 1968, conta o coordenador, Orlando Mielli. Outra novidade será um Picapau (símbolo e mascote da banda) humano puxando a banda. A fantasia veio de São Paulo (foto).

A banda do Anchieta, que ficou mais de 30 anos sem sair, voltou em 1994 e manteve-se firme até 2006, quando parou de novo, sendo resgatada no 7 de setembro do ano passado por ex-alunos como Orlando e Giovanni Bizzotto. Desta vez, vem colega até de Brasília para o desfile dos 200 anos. “Conseguimos resgatar pessoas do núcleo inicial da banda, nos anos 60”, orgulha-se Orlando.

Enquanto isso, o Dores faz, ou tenta fazer, suspense. Em comemoração aos seus 125 anos, o colégio conseguiu a façanha de resgatar o núcleo inicial da bateria feminina (foto) que desfilou de 1958 a 1970. São 50 mulheres daquela época, cinco delas do núcleo inicial de formação, explica Rita de Cássia Mussi Gervásio, uma das organizadoras. Algumas não tocavam desde a adolescência.

O primeiro ensaio, no ano passado, só para relembrar e repassar os toques, não tinha mais do que dez pessoas, um girico e quatro taróis. O grupo cresceu, fermentado por velhas amizades que se reencontraram em meio a baquetas e balizas. A bateria feminina conta apenas com giricos, taróis, surdos e clarins. E duas balizas.Vale lembrar que esta banda marcial feminina nada tem a ver com a fanfarra do colégio, formada por ex-alunos mais jovens, de ambos os sexos, e que também desfilará pelo Colégio das Irmãs.

Quem também vem prometendo bombar na avenida é a banda do Mercês, com nada menos que 95 componentes (parte deles na foto). Só de sopros são 55, conta o coordenador, Jorge Freitas, com a experiência adquirida no carnaval de São Paulo. Para manter a tradição, o carro-chefe é a música “Capitão Caçulo”, executada desde os tempos da Irmã Francisca, uma espanhola que dirigiu o colégio por mais de 30 anos.  

Apesar do orgulho pelos títulos que a banda do colégio coleciona, Jorge diz que rivalidade entre as bandas é coisa de 20 anos atrás. “Claro que alguma competição, sadia, ajuda a fazer melhor, a aperfeiçoar. Mas hoje o que importa mesmo é esse movimento de resgatar o passado, quando a gente nem dormia de tanta ansiedade na noite antes do desfile”, afirma.

A apresentação das bandas dos ex-alunos desses colégios começa às 9h e seguem em horários variados até depois do meio-dia.

 

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TAGS: 200 anos
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