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Bastidores da Política - 7 de abril 2011
domingo, 31 de julho de 2011
por Jornal A Voz da Serra
Dermeval diz que entrega o cargo
a Heródoto “na hora que ele quiser”
A Câmara negou mais uma vez a renovação da licença médica do prefeito afastado, Heródoto Bento de Mello (PSC), de 85 anos, que, por outro lado, tem utilizado seus interlocutores para afirmar que “está em fase final de recuperação” do acidente sofrido em setembro passado, quando visitava a Suíça, e que “em breve estará apto a reassumir o mandato”. O fato é que o caso HBM dividiu opiniões e mergulhou a cidade numa crise política, justamente no período em que Nova Friburgo sofre com as consequências da tragédia climática de 12 de janeiro. Exercendo o cargo de prefeito desde o afastamento de Heródoto, Dermeval Neto (PMDB) mandou um recado direto ao grupo herodotista, através de seu líder na Câmara, Jorge Carvalho (PMDB), explicitado na sessão de terça-feira, 5.
“É só ele [HBM] marcar dia e hora [para reassumir], porque a cadeira é dele. Se ele não quis me passar o cargo [quando viajou para a Suíça, em setembro de 2010] é uma questão dele. Minha formação não é de golpista, fui criado nas hostes da resistência. Eu e minha família, aliás, fomos vítimas do golpe militar”, disse Dermeval, que ligou para o líder do governo na Câmara durante a sessão de terça-feira pedindo que Jorge Carvalho reproduzisse suas palavras.
As afirmações de Dermeval remetem a política atual aos idos de 1964, quando seu pai, Vanor Tassara Moreira, então prefeito, foi obrigado a renunciar ao mandato, o que levou HBM, seu vice na época, a ser empossado na cadeira número um da política friburguense. Em nome ainda de Dermeval, Jorge Carvalho lembrou que só agora, este ano, após longo processo no Ministério da Justiça, a família do atual prefeito obteve a anistia política post mortem de Vanor Tassara.
“No dia em que doutor Heródoto quiser reassumir a Prefeitura, é só marcar dia e hora. O prefeito Dermeval estará lá para transmitir o cargo”, frisou o líder do governo, rebatendo insinuações feitas por vereadores opositores ao atual governo de que o Dermeval tentaria impedir o retorno de HBM, caso este esteja apto a voltar a governar Nova Friburgo.
Câmara nega licença a HBM
por placar já previsível: 6 a 5
Não foi preciso nenhuma bola de cristal. Desde semana passada a expectativa nos corredores da Câmara era de que os vereadores negariam, por seis votos a cinco, o novo pedido de licença médica do prefeito afastado Heródoto Bento de Mello (PSC). O resultado e o placar, inclusive, foram antecipados por esta coluna na edição de sexta-feira, 8. Dito e feito. Na sessão de terça-feira, 5, as previsões se confirmaram numa sessão legislativa acalorada, cheia de troca de acusações políticas e ataques pessoais entre os parlamentares das bancadas governistas e oposicionistas.
Esta foi a terceira negativa da Câmara em renovar a licença médica do prefeito afastado. A primeira havia acontecido no fim de fevereiro, quando nove parlamentares explicitaram no plenário que só acatariam o pleito de HBM caso este apresentasse documentos e exames que comprovassem suas condições físicas e mentais. Na semana passada, na votação do fechamento do relatório final da comissão especial, criada para investigar a situação de HBM, a proposta de renovação da licença por 90 dias, baseada em sugestão da junta médica que avaliou o prefeito afastado, foi derrotada pelo placar de 6 a 5, com três vereadores alterando o voto em relação à decisão anterior.
Na sessão de terça-feira votaram novamente contra a renovação da licença os vereadores Jorge Carvalho (PMDB), Isaque Demani (PR), Reinaldo Rodrigues (PPS), Luciano Faria (PDT), Manoel Martins (PSB) e Marcos Medeiros (PTB), enquanto Renato Abi-Râmia (PMDB), Cláudio Damião (PT), Pierre Moraes (PDT), Nami Nassif (sem partido) e Edson Flávio (PR) defenderam o pedido de HBM, mas foram superados em termos numéricos. O presidente da Câmara, Sérgio Xavier (PP), que só teria direito a voto em caso de desempate, revelou que, se isso tivesse acontecido, votaria contra as pretensões do prefeito afastado, com os mesmos argumentos dos colegas, que exigem transparência maior sobre o verdadeiro estado de saúde físico e mental de Heródoto.
Duas Pedras recebe a primeira
obra dita como de reconstrução
O prefeito Dermeval Neto prometeu esta semana, durante entrevista ao programa Debates A Voz da Serra, na Luau TV, que a partir de agora, com a entrada de recursos do IPTU e outros impostos municipais, “as pessoas perceberiam uma nova Prefeitura nas ruas”, anunciando o início de obras de reconstrução do município devastado pela tragédia climática e também a continuação de serviços emergenciais.
Ontem, 6, era perceptível em vários pontos da cidade a presença de funcionários da Secretaria de Obras consertando buracos e dando início à primeira obra tida como de reconstrução: a instalação de uma galeria de águas pluviais em Duas Pedras, um dos bairros mais afetados pela devastação do início do ano. Em Córrego Dantas, outro bairro também muito afetado, foram reforçadas as equipes de funcionários e deslocados equipamentos para o serviço ainda emergencial.
Glauber defende que deputados ouçam
técnicos experientes em catástrofes
A comissão especial da Câmara dos Deputados, criada para analisar propostas e soluções preventivas de catástrofes climáticas no país, voltou a se reunir esta semana. Estavam presentes 20 parlamentares e cerca de 30 convidados. O encontro foi para estabelecer o calendário a ser seguido, para dar agilidade e organização aos estudos. O relator da comissão, deputado federal Glauber Braga (PSB), defendeu a ideia de ouvir inicialmente técnicos experientes em catástrofes naturais para poder dar andamento ao trabalho. “Temos que inicialmente entender o que acontece, como acontece e o motivo, para que a gente analise e formate novos projetos para minimizar os danos causados pelas tragédias naturais”, afirmou ele, que também quer ouvir a população atingida para poder fazer um tripé de informações: técnicos, população e análise dos projetos.
Atualmente tramitam no Congresso Nacional 117 projetos de lei que tratam do tema, cabendo ao relator analisar todos eles. “Não podemos perder tempo. Existem milhares de pessoas que precisam de soluções efetivas. Não podemos ficar só em debates de gabinetes. Temos que colocar a mão na massa, e eu já comecei”, disse Glauber, acrescentando que na reunião desta semana ficou definido que a primeira etapa da comissão estará voltada ao levantamento de informações visando identificar as lacunas presentes nas leis em vigor e, também, nas políticas públicas que tratam dos fenômenos naturais. A sistematização e análise dessas informações oferecerão um primeiro diagnóstico para a construção de um relatório posterior.
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