Bastidores da Política - 18/10/2012

quinta-feira, 18 de outubro de 2012
por Jornal A Voz da Serra
Caminhos diversosNas eleições municipais de 1992, a Câmara Municipal de Nova Friburgo passaria a ter, pela primeira vez, não apenas dois representantes da chamada área rural, como o inédito fato de ambos serem radicados no 3º Distrito. Até então, somente o 2º e o 5º distritos (Riograndina e Lumiar) tinham tido vereadores eleitos na fase republicana daquela casa legislativa, a saber: Cláudio Teixeira, Dirceu Spitz e Ivan Alves Dias. Nos 20 anos de política, os dois eleitos trilharam caminhos diferentes. Em suas primeiras intervenções, naturalmente tímidos e introvertidos, a “dupla caipira”, como ficou de início conhecida, deixava antever um futuro mais promissor para um e, ao contrário, um cheio de interrogações para o segundo, dada a personalidade dos dois.Quem conhece a política friburguense dos últimos anos já notou que estou falando de Vanor Pacheco e Rogério Cabral.  Com um pouco mais de desenvoltura no início de sua carreira política, Vanor conquistou primeiro o seu espaço político, aparecendo mais, e quase ninguém anteveria que a estrada de Cabral atingiria o clímax alcançado agora nas eleições de outubro quando foi escolhido pelo povo para o mais importante cargo político do município.Com seu jeito mineiro de ser, Rogério Cabral foi, calado, no seu cantinho, comendo pelas beiradas. Vendo, ouvindo e aprendendo. Com a humildade que o momento exigia, foi galgando os degraus do reconhecimento da população, em etapas. Em seu primeiro mandato na Câmara aparecia pouco nos debates mais acalorados e nas negociações político-partidárias, ao contrário de Vanor Pacheco, cuja desenvoltura já se manifestava em pronunciamentos e acordos. Chegaram os dois à presidência da Câmara. A partir daí, Rogério mostrou-se mais arrojado e partiu para outra aventura, agora mais audaz: uma cadeira na Assembleia Legislativa. Tivéssemos uma casa de apostas funcionando como as de Londres, poucos—a não ser ele e sua família—apostariam fichas naquela candidatura. Soube vencer as adversidades e teve uma votação que podemos chamar de surpreendente e espetacular.  Também revelando uma vocação mineira de fazer política, chega à Prefeitura sem ter, digamos, declaradamente, inimigos políticos. Muitos atribuem sua vitória agora à participação efetiva de sua companheira de chapa, Grace Arruda. Sem, de maneira alguma, tentar diminuir a importância da vice-prefeita, é bom lembrar que ela tentou, sem êxito, em eleições passadas, uma cadeira na Câmara.Especialistas em política friburguense não são unânimes na análise dos resultados das últimas eleições municipais. Em algum momento, a candidatura Saudade Braga entrou em declínio. Com ampla margem de vantagem, a ex-prefeita era “pule de dez”. Dois momentos, porém, na campanha de Saudade deram mostras de que o barco estava fazendo água: na tão anunciada “bomba” que politicamente mostrou ser um estalinho e na invasão do diretório da candidatura de Cabral com denúncias de porte de dinheiro que não foram comprovadas. Cabral, a exemplo de Lula, parece revestido de teflon, pois ficou imune às acusações que brotavam nas esquinas políticas da cidade.Reflita comigo, caro leitor: até que ponto a vitória de Cabral, o Rogério, deve-se à intensa participação de Cabral, o Sérgio, governador do estado?Nunca na história das campanhas políticas de Nova Friburgo um governador estadual se empenhou tanto?Esta participação inédita foi uma articulação pró-Rogério ou algo anti-Saudade?Pode haver outras questões e tentarei levantá-las aqui, em próximas edições.Amanhã, vamos tentar dissecar a campanha de Jairo Wermelinger.
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