Amine Silvares
Uma enorme barreira tem tirado o sono dos moradores da Granja do Céu desde as chuvas de 2007. O problema antigo voltou a incomodar com a tragédia no ano passado e no início deste ano, e agora, mesmo sem chuvas, o terreno continua a ceder. Uma equipe da Prefeitura está no local desde o dia 5 de fevereiro fazendo estudos e retirando a terra do local, mas os moradores ainda estão inseguros.
De acordo com o secretário especial de Ação Integrada do Cônego, Cascatinha e Olaria, Rafael Guimarães Rodrigues, já foram retirados mais de 160 caminhões de terra e ainda não há estimativa de quanto ainda deve ser removido. Em apenas dois dias, quase 50 caminhões deixaram o local. Como parte do material continua caindo, não há previsão de quando irá terminar o reparo.
Ainda segundo informações do secretário, um geólogo já esteve no local para realizar um estudo sobre a terra e afirmou que há fendas por toda a elevação, o que pode estar causando os constantes deslizamentos. Ele também comentou que seis casas foram interditadas e que apenas duas serão demolidas, por enquanto. Toda a operação está sendo feita pelo governo municipal, com o apoio do governo estadual e Defesa Civil.
Casas a serem demolidas já haviam sido interditadas
O morador Geraldo Murilo Tardim, que mora há 44 anos no local, contou que os problemas surgiram com as chuvas de 2007 e que a casa chegou a ser interditada na época. Ele relatou que saiu da residência com a família por quatro meses, pois o governo municipal da época se comprometeu a pagar seu aluguel, promessa que não foi cumprida. Já que não possuíam condições de continuar pagando o aluguel, eles voltaram para o local.
A família composta por cinco pessoas se divide nas duas casas que serão demolidas. Geraldo Tardim, o proprietário, foi aposentado em 1991 por invalidez e a pensão que recebe é a única renda que tem para manter a casa em que mora.
Prefeito vai à Granja do Céu verificar deslizamento que isolou várias famílias
(SECOM) Na manhã de quarta-feira, 29 de fevereiro, o prefeito de Nova Friburgo, Sérgio Xavier, foi à Granja do Céu, onde um deslizamento isolou várias famílias desde janeiro desse ano. Uma grande quantidade de terra bloqueou a Rua Regina Azevedo, fato que prejudicou a passagem de ônibus no local. A Secretaria Municipal de Olaria está, desde janeiro, trabalhando para liberar a via, mas segundo o secretário Rafael Guimarães Rodriguez, conforme é retirada a terra novos deslizamentos ocorrem. De acordo com o prefeito Sérgio Xavier, a solução imediata é garantir a segurança dos moradores e o governo municipal buscará junto ao governo do Estado do Rio de Janeiro todos os recursos necessários para a realização das obras de contenção.
Para Adriana Knupp, moradora do local, “faz um mês que aconteceu essa tragédia aí. Marcaram a casa de meu irmão para demolir e não deram solução. A minha mãe, que morava aqui, perdeu tudo. Nós estamos sem ônibus, sem caminho, sem nada, pois precisamos de uma resposta. Nós contamos com a ajuda do prefeito Sérgio Xavier, que ajude a gente. É a primeira vez que vemos um prefeito vir aqui. Costuma, muito, vir vereador pedir voto, mas prefeito nenhum havia aparecido aqui para ajudar a gente”.
Rafael Guimarães Rodriguez disse que “esse problema está desde janeiro. Mas, desde que caiu a primeira barreira estamos trabalhando no local. Porém, conforme vai se tirando a terra, e por existir várias fendas, vão ocorrendo novos deslizamentos. Então, já saíram, pela Secretaria de Olaria, mais de cem caminhões de terra. A Defesa Civil está vindo, frequentemente, aqui vistoriar, mas estamos numa situação que necessitamos de ajuda do estado, no que se refere a maquinário, equipamento. Somente o estado possui uma máquina com alcance que chegue mais longe do que as do município. Na verdade, estamos acelerando o processo de queda para liberar a estrada o mais rápido. Contudo, futuramente, precisaremos de uma intervenção maior, em que o estado deverá nos ajudar”.
E justamente é essa atitude que revelou o prefeito: “Tivemos que vir aqui, porque tivemos informações de que a terra vem deslizando mesmo com esse tempo seco, e isso preocupa. Não temos equipamentos para realizar a intervenção necessária, mas vamos solicitar ao estado ajuda. A primeira ação é garantir a segurança. Sabemos que as famílias, os moradores daqui perderam o transporte coletivo, devido à impossibilidade do ônibus de passar pelo local. Estamos conscientes do transtorno da comunidade, mas teremos que realizar uma ação que precisa ser feita com equipamento adequado que, infelizmente, não possuímos. É uma ação nova, até porque essa obra não estava prevista no cronograma de obras da catástrofe”, disse o prefeito.
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