Bruno Pedretti
A violência no Rio de Janeiro, mais precisamente no conjunto de favelas da Penha e do Alemão, na zona norte, deixou os cariocas em estado de pânico. Com a megaoperação montada pelas polícias e Forças Armadas, os traficantes foram surpreendidos. Alguns destes foram presos; muitos, no entanto, conseguiram fugir. Cerca de 46 toneladas das mais variadas drogas foram apreendidas pela polícia, além de diversos armamentos usados pelos bandidos. A polícia ainda não deixou o Complexo do Alemão e, segundo os próprios comandantes da operação, isso não deve mais acontecer. O momento, agora, é de procurar os traficantes foragidos.
Com a megaoperação contra o crime, as populações de cidades vizinhas ao Rio de Janeiro estão apreensivas, pois existe a possibilidade dos bandidos terem se evadido para outros municípios próximos à capital. A reportagem de A VOZ DA SERRA foi às ruas para saber de populares se acreditam que a violência no Rio acabará atingindo Nova Friburgo.
“Até que a violência aqui em Friburgo ainda não chegou com tanta intensidade como no Rio de Janeiro, mas, por ser uma cidade pequena, a violência já está extrapolando também. Acredito que Friburgo pode ter traficantes do Rio de Janeiro vindo para cá, não só nossa cidade, como o interior do Estado, pois eles não vão ter pra onde correr e vão se refugiar por essas áreas”.
Alexandre Silva Rocha, 38, maquinista, Cordoeira
“Acho que o reflexo da violência do Rio de Janeiro ainda não chegou aqui na cidade, ou pelo menos não deu para sentir. Não podemos afirmar nada, pois não frequentamos certos lugares e não temos certeza de nada. Acredito em ramificações de traficantes, mas ainda é cedo para sentirmos as consequências. Através do serviço de inteligência da polícia de Nova Friburgo, vamos ficar sabendo, mas acredito que os traficantes vão procurar mais as cidades da Baixada, até mesmo porque Friburgo é uma cidade que tem saídas muito difíceis, então, trancando as entradas de Mury, Bom Jardim e Teresópolis os traficantes não têm como circular. Acho que não vamos sentir o reflexo aqui no município”.
Luis Carlos Quintiele, 49, assessor do vereador Cláudio Damião, Perissê
“Eu morava no Rio de Janeiro, me mudei para cá em 2006, então, acho que Friburgo, se não se cuidar e não colocar a polícia na rua e fazer uma barreira na entrada de Mury, na saída de Teresópolis e Bom Jardim, vai sobrar para Friburgo. Temos que nos prevenir. Os traficantes podem vir para cá sim, eles não têm para onde ir e podem procurar a cidade. Mas acho que os bandidos ainda vão dar preferência à Região dos Lagos, como Macaé, Cabo Frio, pois é mais amplo e existem mais saídas. Acredito que estamos resguardados em relação a isso”.
Mari Sapoeli, 43, publicitária, Cônego
“Acho que a questão que gera insegurança vem dos boatos que começam a surgir em toda a cidade. Por exemplo, todos os dias escutamos falar que por conta da violência no Rio de Janeiro vários bandidos vieram para cá, e realmente podem estar escondidos nos morros daqui. Além disso, 40 policiais de Nova Friburgo foram para lá colaborar, quer dizer, com menos 40 policiais aqui, que segurança podemos ter na cidade? Onde vai estar nosso policiamento?”
Débora Estevanez, 43, psicóloga, Olaria
“Eu acho que a população inteira está se sentindo insegura, principalmente porque 40 policiais da nossa cidade foram para o Rio de Janeiro ajudar, e podem fazer muita falta. Corre um grande risco dos traficantes virem para cá. Acontecem muitos problemas aqui e ficamos inseguros. Os traficantes podem vir para cá, existem muitas fazendas, sítios e morros onde eles podem se refugiar”.
Vânia Batista Teixeira, 57, advogada, Parque Dom João VI
“Não me sinto segura aqui na cidade, acho que os traficantes podem vir para cá sim, e os policiais que foram para lá deveriam voltar, e ainda mandar mais para cá”.
Tatiane Nideck, 27, funcionária pública, Olaria
“A criminalidade e o tráfico de drogas vão continuar caindo, agora brasileiro nenhum vai deixar os traficantes saírem do morro. A polícia está intensificada, e se não fizer desta vez, nunca mais vai fazer. Creio que o tráfico de drogas vai cair em Friburgo, vai cair em todos os lugares. Na hora que eles terminarem as UPP’s lá, acho que os traficantes vão vir para cá, e aqui o policiamento vai dar conta, mesmo estando alguns policiais daqui no Rio de Janeiro. A guerra é no mundo todo, há favelas em todos os lugares, não podemos comparar um país com 16 milhões de habitantes, como é a França, com o Brasil, com 192 milhões. Até que desta vez a TV está fazendo um papel bonito, mostrando o que realmente está acontecendo e deixando de transmitir bobeiras. A população toda está colaborando. Tenho formação militar e se fosse mais novo iria colaborar com essa operação, pois todos estamos revoltados com essa situação.
Laser Curty Ribeiro, 70, aposentado, Centro
“Acredito que a violência que está acontecendo no Rio de Janeiro pode atingir Friburgo. No momento está tudo tranquilo, mas traficantes podem correr não só para cá, como para saídas do Rio, para a Região dos Lagos, por exemplo. Acho que precisa de mais segurança e mais patrulhas nas entradas da cidade”.
Jorge Nicroton, 52, comerciante, Cordoeira
“Hoje me sinto seguro, mas pode ter reflexos na cidade essa guerra que está acontecendo no Rio de Janeiro. Acho que se os traficantes quiserem entrar na cidade, entram de qualquer maneira”.
Jonathan dos Santos Silva, 29, técnico de som, Braunes
“Como taxista, devemos estar sempre atentos, pois estamos correndo risco frequentemente. A guerra que está acontecendo no Rio pode sobrar para Friburgo. A população deve ajudar, se vir alguma pessoa estranha, denunciar, para que a polícia faça o trabalho de investigação. Vamos a qualquer lugar e pegamos qualquer cliente, não dá para adivinhar quem está com maldade na cabeça ou não, por isso, se vemos alguma pessoa estranha, evitamos transportar, a preferência é sempre para os conhecidos”.
Walter Elias do Amaral, 52, taxista, Tingly
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