Banda Euterpe recebe equipe que mapeia manifestações culturais

Na quarta-feira, 11, a Banda Euterpe Friburguense recebeu a equipe do Mapa de Cultura, programa da Secretaria de Estado de Cultura, que desde novembro de 2011 levanta dados sobre as manifestações culturais dos 92 municípios fluminenses. A visita ocorreu durante o ensaio da banda-escola, à tarde, e se prolongou até a noite, no ensaio da banda principal. Filmagens, fotos e entrevistas mobilizaram cinco profissionais, entre jornalistas, fotógrafos, videomaker e a própria diretora da iniciativa, Teresa Karabtchevsky, filha do renomado maestro Isaac Karabtchevsky.

O Mapa de Cultura do Estado do Rio percorreu o município por dois dias — terça, 10, e quarta-feira, 11 — sendo contatados trovadores, os jovens da produtora Telemilenium, o ebanista Ricardo Graham e seu trabalho de marcenaria, preservando técnicas seculares, e o artesão Caíque Bom, de São Pedro da Serra, que confecciona sandálias de couro. A visita à banda Euterpe foi a última da equipe no município.

Em conversa com diretores, Teresa elogiou o trabalho, especialmente com relação à formação de novos músicos, através da Escola de Música Samuel Antônio dos Santos e da banda-escola. Ela também ficou impressionada com a história da fundação e a promessa do fundador, Samuel, de criar a banda e erguer a Capela Santo Antônio. Interessada em arte e história, Teresa quis saber ainda detalhes sobre a construção do prédio da sede, que completa cem anos em 2016 e para o qual existe projeto de transformá-lo no Memorial da Música.

Além da própria história da agremiação, o trabalho da equipe constou, além da captação de imagens, de várias entrevistas com personagens do cotidiano da Euterpe. Do professor de teoria musical e primeiro trompetista, Gilberto Pinheiro, ao jovem músico clarinetista Igor da Conceição. O primeiro completou neste 2013, 50 anos de Euterpe. Ele entrou na banda com apenas 8 anos e sempre causa surpresa quando diz que já tem meio século de atuação na instituição.

Já o menino Igor, de 12 anos, é da terceira geração da mesma família de músicos euterpistas. Seu avô, Chico Bom, foi o primeiro clarinetista da banda e levou para a Euterpe o filho Marco Antonio da Conceição (pai de Igor), atual primeiro-clarinetista, pois sua história também é exemplo aos jovens músicos: ex-servente de pedreiro, ao entrar na Euterpe abraçou a música e hoje é formado em licenciatura pela UFRJ e professor da escola de música e músico da Banda da GM Rio. São nove integrantes de sua família na banda: ele próprio, um casal de filhos e seis sobrinhos.

Também o maestro Nelson José, que é cria da casa e maestro titular há dez anos, costuma dizer que a banda nem é a sua segunda casa, como dizem os músicos: "A Euterpe é a minha primeira casa mesmo, a minha vida. E é com muita honra que estou aqui hoje, como seu maestro, quando ela completa seus 150 anos”.

Além disso, o fato da instituição ser guardiã das partituras originais do Hino do Centenário de Nova Friburgo, doação da família do maestro Sérvio Lago, também despertou o interesse. A equipe registrou o documento em filmagens e fotografias. O destaque também ficou por conta do próprio sesquicentenário, comemorado este ano, e que rendeu diversas histórias, que serão aproveitadas pela equipe.

Realização da Secretaria de Estado de Cultura, sob patrocínio da Petrobras, o Mapa de Cultura do Estado do Rio visa um grande levantamento, mapeando as principais manifestações culturais dos 92 municípios fluminenses. A pesquisa inicial foi realizada entre novembro de 2011 e abril de 2012, resultando em mais de duas mil laudas de textos, sete mil fotos e 92 vídeos, depois de dez mil quilômetros rodados, em quatro viagens de 30 dias cada.

Considerado um passo importante para preencher a lacuna de informações sobre a cultura popular do interior fluminense, o mapa está o tempo todo em construção, com novos conteúdos e atualizações, através do portal da secretaria (www.cultura.rj.gov.br) ou diretamente no endereço (mapadecultura.rj.gov.br) que visa catalogar as mais diversas atividades culturais: espaços, festas tradicionais e festivais, patrimônios materiais e imateriais, bem como artistas, personagens e grupos que se destacam, sendo que nesta incursão da equipe foram 17 dias na estrada.