Dalva Ventura
Não tem para ninguém. Inclusive muita gente diz que a sexta-feira é o melhor dia do carnaval em Nova Friburgo. No fim da tarde, chova ou faça sol, a alegria contagiante do Maluco Beleza e do Bloco das Piranhas logo se faz sentir, arrastando uma multidão. Dali por diante, não há quem fique parado. Está dada a largada ao carnaval friburguense.
Ainda é dia quando o Maluco Beleza adentra a Avenida Alberto Braune, com internos, médicos e funcionários da Casa de Saúde Santa Lúcia. Além destes, pacientes atendidos por instituições de municípios vizinhos, profissionais e simpatizantes do bloco entram no cordão e se misturam à turma da clínica.
Fundado há 18 anos, o Maluco Beleza surgiu com a proposta pioneira de desmistificar o conceito de hospital psiquiátrico e dar aos usuários da clínica a oportunidade de vivenciar a alegria e a emoção do carnaval. O momento de entrar na avenida é aguardado com a maior ansiedade pelos “malucos belezas” que se encontram em condições de ir para a rua em segurança.
À medida que o carnaval vai se aproximando, o entusiasmo cresce e vai tomando conta dos corredores e do pátio da clínica. Até que chega a hora. Capitaneados por Iracema Mastrangelo e Nilva Chevrand, a turma se fantasia, embarca em ônibus cedidos pela Faol, empolgando foliões de todas as idades.
A concentração está marcada para as 16h30, na Praça Dermeval Barbosa Moreira, e as camisetas custam R$ 10 e podem ser adquiridas no estande do bloco, na Praça Dermeval, no Bar Bolero (Rua Dante Laginestra, Centro) ou ainda na própria Clínica Santa Lúcia, em Mury. Logo depois do Maluco Beleza desfilam o Bloco das Piranhas e a Banda da Predial Primus, outras verdadeiras instituições do carnaval friburguense.
O samba do Maluco Beleza
"Quem diria... O mundo não acabou!"
Compositores: Ezequiel do Cavaco e Francisco Horestes
A previsão milenar
Felizmente não se realizou
Um anjo veio anunciar
A nova era já começou
Quero plantar a paz, colher amor
É carnaval, eu vou sambar
Vou cair na gandaia
Esquecer o que passou
Afinal de contas a vida continua
É festa, meu amor
Meu peito explode de felicidade
Hoje eu vou me acabar
Convidei o povo maia
Para ver o maluco desfilar
Ao som da nossa bateria
Eu vou te contagiar
Acerte o calendário
Dessa vez não podemos errar
O mundo vai acabar em samba
Sou maluco beleza, mas eu posso confirmar
Uma banda muito família
Ao som de músicas de carnavais passados—aquelas que todo mundo conhece de cor—e figuras conhecidas da cidade fantasiadas de mulher, a banda da Predial Primus já é uma marca registrada no carnaval friburguense. Sua principal característica é ser uma banda muito familiar, com crianças e velhos se acabando de tanto pular, bem no estilo dos carnavais de antigamente. Os turistas adoram e voltam no ano seguinte. Os friburguenses que saem da cidade nesta época do ano deixam para viajar só no sábado para não perder a abertura do carnaval, que é sempre uma festa.
Até o ano passado a concentração da Banda da Predial acontecia nas dependências da imobiliária que dá nome ao bloco. Era lá que as piranhas se preparavam para fazer bonito na avenida. Este ano, porém, pela primeira vez as portas da Predial permanecerão fechadas. As piranhas terão de se produzir em outro lugar e a concentração será na própria Praça Getúlio Vargas, para evitar a aglomeração no interior da imobiliária, que estava se tornando incontrolável. A saída da banda está prevista para 19h30.
O capricho no visual das piranhas é apenas um dos ingredientes do sucesso do bloco. Todos os anos a mulher de Silvio faz fantasias novas para a família. Detalhe: ninguém sai mascarado no bloco da Predial, por isso mesmo seus integrantes são facilmente reconhecidos nas ruas. “E até hoje nunca teve uma briga”, orgulha-se Silvio.
A espontaneidade e a irreverência também são sua marca registrada. “Isso é que faz a graça do carnaval de rua”, afirma o líder e patriarca da banda, Silvio Ruiz.
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