Henrique Amorim
Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Goiás, Mato Grosso, Bahia... e tantos outros estados brasileiros dão nome a diversas ruas que compõem o bairro Bela Vista, tido para muitos como um prolongamento de Olaria. Mas seus habitantes fazem questão e têm orgulho ao afirmar e defender o Bela Vista, um verdadeiro recanto bem pertinho do centro de Nova Friburgo. São menos de dois quilômetros até a Avenida Alberto Braune e o percurso pode até ser feito a pé, principalmente pelos adeptos das caminhadas. Tipicamente residencial, com boas construções, o Bela Vista figura ainda como um mirante privilegiado do cinturão de montanhas friburguenses. Das janelas de muitas casas do bairro se descortina as pedras Catarinas e a Pedra do Imperador, dois cartões-postais locais, além das imponentes montanhas ao fundo da Via Expressa e até o vale do Cônego.
No Bela Vista chamam atenção ainda as pracinhas bucólicas, com bancos que convidam a um bom bate-papo e cheias de árvores e vegetações. É o caso da pracinha que dá nome ao bairro, próximo à sede da associação de moradores local, do largo florido da Rua Pará e também do larguinho da Vila 19 de março, na Rua Rio Grande do Sul. O mesmo, infelizmente, já não pode se dizer do espaço bem ao lado da Igreja de Nossa Senhora da Assunção, padroeira do Bela Vista, que funciona como um campo de futebol improvisado e serve até como estacionamento de veículos. “Bem que aqui poderia ser construída uma pista de skate ou uma quadra de esportes e também um parquinho com brinquedos para a garotada se divertir”, sugere um morador que observa a necessidade de maior policiamento nas imediações, principalmente à noite.
Na Rua Rio Grande do Sul, a praça de mesmo nome é um verdadeiro orgulho para os moradores. Ela conta com uma bem conservada quadra de esportes com areia, alambrados e grades. Em anexo, um miniparquinho e área coberta com mesas de alvenaria que funcionam como ponto de encontro da comunidade local. A pracinha é ainda uma extensão de atividades recreativas da Escola Municipal Patrícia Jonas Santana, situada ali. A manutenção do espaço público conta mesmo com o apoio dos moradores e do “Grupo dos 30”, uma equipe de veteranos do esporte local que promove periodicamente eventos e torneios esportivos no espaço. Eles se cotizam com mensalidades de R$ 60 que garantem a manutenção de tudo o que é preciso por ali.
“Se dependermos do poder público, muita coisa demoraria para acontecer. Então, o jeito mais rápido é nos unirmos em prol de um bairro melhor. Nós é que ganhamos”, observa um dos veteranos do Grupo dos 30. A receptividade popular se observa nos torneios realizados nas manhãs de domingo e nas festas comunitárias que ocorrem pelo menos duas vezes por ano e são voltadas à criançada. A pavimentação das ruas e os serviços de capina e limpeza são motivos de elogios para muitos moradores que também consideram ser bem servidos pelo transporte coletivo. O bairro é atendido pelas linhas que ligam o Centro ao Alto de Olaria, via Rua São Paulo e Loteamento Barroso e a do micro ônibus que circula também pela Rua Paraná.
Espaço abandonado da antiga Escola Constantino Ferreira gera reclamações da comunidade
Uma queixa recorrente no bairro Bela Vista é quanto ao destino a ser dado ao terreno onde funcionou a Escola Estadual Constantino Domingos Ferreira, na Praça Rio Grande do Sul, ao lado da E. M. Patrícia Jonas Santana. O casarão que abrigava a antiga escola foi demolido há cerca de dois anos e os entulhos permanecem ali até hoje, já praticamente encobertos pelo mato. O pior é que o terreno transformou-se num vazadouro de lixo facilitando a proliferação de insetos e roedores. Algumas luminárias ao redor estão quebradas e a pouca iluminação favorece a prática de atividades ilícitas à noite como o uso de drogas. Em meio ao lixo espalhado observa-se até sacolés plásticos vazios usados para acondicionar cocaína e com selos alusivos a facções criminosas.
Os moradores sonham com a limpeza do local e a construção ali da tão esperada creche municipal, uma antiga reivindicação dos moradores do Bela Vista que dependem das creches de Olaria e do Centro ou das particulares. Ainda segundo os moradores, o Estado teria cedido o terreno ao município. “Independente do aproveitamento do terreno para construção de creche, de uma outra área de lazer ou até mesmo de uma expansão da Escola Patrícia Jonas Santana, é preciso que se faça urgentemente a retirada do entulho e uma capina. O verão está chegando e esse espaço irá se tornar um criadouro do mosquito da dengue, sem contar a infestação de ratos. Muita gente, sem consciência, ainda joga lixo aqui”, reclama um aposentado que reside há quatro décadas no Bela Vista.
Prefeitura estuda promover mutirão para limpar terreno que abrigou escola
Após contatos com as secretarias municipais de Educação, Obras e de Olaria, Cônego e Cascatinha, a Comunicação Social da Prefeitura informou que é objeto de estudo a realização de um mutirão envolvendo até mesmo outras secretarias a fim de limpar o terreno onde funcionou a escola Constantino Domingos Ferreira, mesmo o espaço pertencendo ainda ao Estado do Rio. A Prefeitura informou ainda que para retirar os escombros é necessário quebrar dois muros e o corrimão da escada que liga as ruas Motroni Hugo e Ceará para permitir a passagem de uma retroescavadeira. Estima-se que a retirada do entulho demore cerca de um mês, o que inviabilizaria a realização de outros serviços com máquinas e caminhões nesse período nos cinco bairros e localidades administradas pela Secretaria de Olaria, inclusive o transporte de asfalto. É intenção ainda da Secretaria Municipal de Educação aproveitar o terreno para alguma atividade impedindo assim novos despejos de lixo e entulhos.
Praça Rio de Janeiro: A Secretaria de Comunicação Social informou também que o campinho de futebol ao lado da Paróquia Nossa Senhora da Assunção, na Praça Rio de Janeiro, será urbanizado dando lugar a um complexo de lazer com quadra de saibro batido, refletores, parquinho, aparelhos de ginástica ao ar livre e vagas para estacionamento. As obras em parceria com o programa Somando Forças do governo do estado e o Ministério do Turismo, inclusive, já foram iniciadas e a inauguração é prevista para daqui a três meses. Outros dois bueiros que se encontram sem tampa no Bela Vista também serão recuperados nos próximos dias.
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