Não aconteceu uma ou duas vezes. No mercado, na loja de sapatos, no portão da escola, no dentista e em muitos outros lugares, a empresária Marilene Santos foi confundida como mãe do Davi, que na verdade é seu neto. Parte do grupo de mulheres que foram avós antes dos 50, Marilene recebeu o novo status social aos 41 anos e, apesar de não ter cara de vovó -- com cabelos brancos e crochê nas mãos --, ela enche o neto de mimos e não mede esforços para agradá-lo.
“Ser avó é com certeza uma das melhores coisas da vida. É, como dizem: nos tornamos mães duas vezes. E embora a gente não sinta toda a pressão e responsabilidade pelos cuidados e educação, ao ser avó, além do amor, duplica a preocupação. Afinal, pensamos no trajeto deles para a escola, se estão se alimentando bem, se estão bem de saúde. Não tem jeito”, conta, acrescentando que: “As lembranças dos meus filhos pequenos vieram à tona com chegada do meu neto. Foi muito bom poder participar da criação dele e eu já sinto saudades do tempo em que ele era criança”.
Segundo Marilene, que tem três filhos, a relação com o neto Davi, hoje com 15 anos, sempre foi boa. “Cuido dele desde pequeno. Nos primeiros anos, a relação era ainda mais intensa, já que minha filha morava na casa ao lado. Eu dava banho, cuidava da alimentação, brincava com ele e sempre estive muito presente, como uma mãe mesmo. Agora, com ele já adolescente, conversamos bastante, assistimos filme, jogamos jogo de tabuleiro”, conta ela, revelando que o neto é fruto do casamento de sua filha mais velha, Danielle com o genro Eliseu.
Para Marilene, a maior vantagem de ser avó cedo é que a relação com o neto será mais duradoura. “Às vezes a mãe fala que eu adulo muito. Mas dou a ele o que não pude dar aos meus filhos. O Davi sempre me teve como uma avó que brinca, que faz comida gostosa e que está sempre pronta para fazer o que ele pede e precisa. Além de ter mais vitalidade e disposição, acredito que o maior benefício de ser avó nessa idade é poder acompanhar mais etapas da vida do neto. Ser avó é literalmente amar em dobro”, diz.
Três vezes mãe, três vezes vó
A conta parece fácil, mas se Bernardo, de 28 anos, e Maria Luiza de 21, seguirem os passos do irmão mais velho Pedro, de 31 anos, a vovó Anna Christina Dugin terá que arrumar mais tempo e disposição para cuidar dos próximos netos. Casada há 32 anos com Wagner Azevedo, a comerciante foi mãe aos 18 anos e avó aos 41.
Coadjuvante na criação dos três netos -- Kaiky, de 8, Maitê, de 6, e Maya, de dois anos (todos filhos de Pedro) --, Anna Christina também não tem jeito de vovó, mas não esconde a alegria por ter virado uma tão cedo. “Fui tomada por uma emoção enorme quando soube. De fato, é impossível não recordar do dia em que me tornei mãe e não pensar em que nascia com meu neto mais uma parte minha”, conta.
Mãe coruja e avó babona, ela explica que também é muito presente na vida dos netos. “Sinto que sou importante para eles. Avó é ser mãe com doçura, ter mais paciência e menos compromisso e, claro, carinho e amor sem medida. Acompanho, apoio e sou parceira em todos os projetos dos meus filhos e também dos meus netos. Se preciso for, busco na escola, levo ao médico, ao cinema, teatro. Além disso, quandos os pais viajam, é na casa da avó que eles vêm ficar”.
Já sobre as vantagens da avosidade precoce, ela é enfática: “com certeza é ter tempo, no sentido de mais anos, para aproveitá-los ao máximo. O fato de ser avó antes dos 50 é bom também pela disposição para ajudar a criá-los, que talvez não terei quando mais velha”.
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