Avó: mãe duas vezes

Um dia foram filhas. Depois, além de filhas, se tornaram mães. E como se não bastasse serem os dois, em um glorioso dia se viram sendo avós — ou, como popularmente são conhecidas, se tornaram mães duas vezes. A diferença é que elas não sentem novamente o pesar da barriga, os enjoos da gestação e as dores do parto. Mas se tornam cúmplices, refúgio, têm o prazer de sentir aquelas pequenas mãozinhas e bracinhos tocando seu pescoço ao abraçar, ouvir o choro de bebê novamente e conviver com a rotina tumultuada e prazerosa de ter uma criança correndo pelos cômodos da casa. 

Antigamente, contavam histórias, brincavam, davam amor e enchiam a criançada de guloseimas. Hoje, além disso, desempenham cada vez mais o papel de cuidadoras, ajudando na educação e na criação dos netos enquanto os pais se ocupam com as tarefas rotineiras para manter a família. Muitas fazem ainda mais. E, na ausência de uma mãe, não pensam duas vezes em tomar para si este papel, essa responsabilidade. Afinal, ter a oportunidade de criar uma criança novamente é reviver momentos únicos e felizes, ocupar um lugar vazio e nostálgico deixado pelos anos de juventude.

E há quem diga que dedicar a velhice a cuidar de uma criança pode elevar a autoestima, ajudar na longevidade e colaborar para que o idoso permaneça inserido socialmente. Traz mais sentido à vida, estimula a continuar vivendo e almejar uma existência longa. De fato, é difícil ir contra essa afirmativa. Mas não são só as avós que usufruem desse prazer. Para os netos, a convivência com elas enriquece a existência, é uma oportunidade única de trocar experiências, sem contar com todo o amor, atenção e afeto que essas grandes mulheres — independente da idade de seus netos — dedicam aos seus eternos bebês. O Dia da Vovó — criado exatamente com o intuito de homenagear essas mães em dobro — é comemorado em 26 de julho, mas como não lembrar delas também no Dia das Mães, não é mesmo?