A PARTIR DE amanhã, 25, o Brasil se prepara para viver um acontecimento que definirá seu futuro: os atos finais do processo de impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff. Nesta quinta-feira, o Senado brasileiro iniciará o julgamento que decidirá o destino político da mandatária e o ciclo de quatro governos consecutivos do PT. Se for considerada culpada de violar a Constituição ao aprovar gastos ignorando o Congresso e maquiar as contas públicas, perderá seu cargo e ficará inelegível por oito anos.
SE DILMA for absolvida, recuperará seu governo e poderá concluir os dois anos e quatro meses que lhe restam de mandato. Porém, segundo pesquisas realizadas entre os senadores, dificilmente isto ocorrerá: dos 81 senadores, seus opositores conseguirão entre 58 e 60 votos, superando a maioria necessária de 54 votos, dois terços do total, para afastá-la definitivamente do Palácio do Planalto, conforme previsto na Constituição Federal.
O JULGAMENTO de Dilma Rousseff deve durar até sete dias. Na próxima segunda-feira, 29, ela fará seu pronunciamento aos senadores, mas a marcha rumo ao fim definitivo de seu governo já é dada como certa até por seus aliados. Desde que o impeachment saiu da Câmara dos Deputados e chegou ao Senado, a presidenta só teve baixas em sua base de apoio.
O SENADO, por maioria simples, já deu o seu voto de desconfiança, pelo que os próprios parlamentares chamam de conjunto da obra da presidente afastada: o desastre político que foi o seu governo, o agravamento da crise econômica e o escândalo de corrupção investigado pela Operação Lava-Jato.
POUCA GENTE sabe exatamente o que significa pedalada fiscal (o atraso de pagamento da União a bancos públicos para execução de despesas), mas não há quem não saiba que a Petrobras foi espoliada, que os políticos de vários partidos se beneficiaram das propinas cobradas por empresários desonestos e que o governo tentou acobertar seus apadrinhados.
AO OPTAR pelo encaminhamento do impeachment, o Senado segue a vontade da maioria da população, manifestada inequivocamente nos protestos de rua do ano passado e nas pesquisas de opinião. Os brasileiros não apenas desconfiam dos governantes afastados, mas também daqueles que os substituem interinamente e da classe política como um todo.
POR ISSO, tão logo seja superado esse doloroso processo de julgamento de uma presidente eleita e reeleita de forma livre e democrática, é essencial que a confiança dos brasileiros nas instituições e nos próprios representantes políticos seja restabelecida. É o que todos desejamos.
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