Levar para a praça a discussão sobre a importância da inserção social das pessoas com transtornos psíquicos e sua valorização como indivíduos capazes e atuantes. Essa foi a proposta do evento promovido nesta quarta-feira na Praça Dermeval Barbosa Moreira, pelo Dia Nacional da Luta Antimanicomial. A data, lembrada em 18 de maio, simboliza a luta por uma sociedade mais includente, capaz de construir uma rede de acolhimento para as pessoas em sofrimento psíquico, garantindo seus direitos à moradia, trabalho, lazer e convivência social.
A programação contou com várias atividades que atraíram a atenção de quem passava pelo local para a humanização do atendimento psiquiátrico. Oficinas de teatro, varal com mensagens alusivas à data, apresentações musical da banda Orange House e distribuição de folhetos foram os destaques do evento que movimentou a praça. A coordenação ficou a cargo da equipe do Centro de Atenção Psicossocial de Nova Friburgo (Caps) e do Núcleo de Saúde Mental ComVida, capitaneado por Marcelle Nader.
“Soltem os loucos, prendam os corruptos”
Quem passou pela praça também pôde conferir os estandes montados no local para divulgar o trabalho do Caps e as peças do Bazar Criarte, como bolsas de crochê, mosaicos e quadros produzidos pelos usuários nas oficinas terapêuticas. Integrantes do coral do Caps, coordenado por Leandro Goretkin Abrantes, abriram o evento com uma ciranda lúdica e esbanjaram animação.
O público mais atento também conferiu as camisetas que alguns participantes trajavam com frases de efeito como “Soltem os loucos, prendam os corruptos”, numa espécie de protesto contra a atual crise política nacional. Em função disso, a bandeira do Brasil ficou em evidência nas várias oficinas teatrais realizadas.
Para a nova coordenadora do Caps, a psicóloga Líllian Black, a ação cumpriu com a proposta de mostrar à sociedade que o transtorno mental não é impedimento para o convívio social. “Esse evento é importante para dar visibilidade ao nosso trabalho e desmistificar o preconceito que ainda existe em torno da doença mental. Apesar de tantos anos da luta antimanicomial, muita gente ainda acha que a internação é a melhor alternativa e precisamos mostrar que é possível um tratamento de qualidade, com mais amor e voltado para uma sociedade mais inclusiva”, disse ela, que assumiu o cargo há um mês.
Caps tem trabalho pioneiro
Fundado em junho de 2004, o Caps é um serviço municipal na área de saúde mental, que cumpre o determinado pela Reforma Psiquiátrica Brasileira, atendendo as diretrizes da lei federal 10.216. Promulgada em 2001, a lei diz que os portadores de transtornos mentais devem ser cuidados com humanidade e respeito e, preferencialmente, em serviços comunitários de saúde mental. Determina também o tratamento menos invasivo possível, visando à inserção na família, no trabalho e na comunidade.
O atendimento do Caps decorre desta reforma, na qual o foco do tratamento sai da instituição hospitalar e se concentra no convívio humano e social. Localizado na Avenida Comte Bittencourt, 142, o centro oferece cuidados individualizados através de uma equipe multidisciplinar e atividades terapêuticas como de marcenaria e artesanato, estimulando a expressão artística dos usuários e favorecendo a reinserção profissional.
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