Eloir Perdigão
Como ocorre todos os anos, a partir da zero hora do dia 25 de dezembro, terça-feira, terá início mais um encontro dos grupos de folias de reis, no presépio de Conselheiro Paulino. E toda a população friburguense está convidada a prestigiar. Afinal, as apresentações se sucedem todos os sábados e domingos, a partir das 20h, até o dia 20 de janeiro, reunindo folias de Nova Friburgo e região. O convite parte do vice-presidente da Associação dos Grupos de Folias de Reis de Nova Friburgo, Dalmo Pinto Teixeira, um apaixonado desde a adolescência e um entusiasta das folias. Tanto que foi fundador da associação que organiza, há 15 anos, o encontro das folias em Conselheiro, bem como a montagem do presépio. O presidente da associação é seu filho, Jefferson Carvalho Teixeira.
“É um folclore que não deve acabar em Nova Friburgo”, afirma Dalmo, causa pela qual luta com unhas e dentes. Há grupos centenários na cidade, afirma, ao mesmo tempo em que lamenta o pouco interesse dos jovens pelo “caminho dos santos reis”.
Dalmo explica que a associação organizou os grupos. Havia brigas entre os integrantes, perturbavam a ordem pública, bebiam, não tinham uniformes. E os objetivos foram alcançados. As folias atualmente formam uma irmandade. Pena que dos antigos 34 grupos restam apenas dez. Saem de 24 para 25 de dezembro, no Natal, festejando o nascimento do Menino Jesus e abrindo o presépio de Conselheiro. Ali se apresentam até o dia 20 de janeiro, dia de São Sebastião, que em 2013 é um domingo.
A associação tem uma subvenção, com a qual são compradas peles para os tambores, instrumentos e uniformes para as folias mais carentes. Hoje em dia elas saem todas uniformizadas, limpas, com instrumentos, tudo direito e no tempo certo, entre a zero hora de 25 de dezembro e 20 de janeiro. As apresentações em Nova Friburgo, no entanto, estão restritas a Conselheiro Paulino, mantendo a tradição, além da peregrinação às casas dos devotos e outras cidades.
Dalmo faz um agradecimento especial pela ajuda recebida da Secretaria de Conselheiro Paulino, ao seu titular Gustavo Knust, na montagem do presépio, cabendo à associação outra parte da montagem, além de arcar com as despesas de locutor. A sonorização é um oferecimento da Secretaria de Cultura, por ser o evento uma festa pública, de cunho folclórico. Outra ajuda vem da Autran, que controla o trânsito no local, já que há modificações no trânsito.
O encontro das folias de reis em Conselheiro é sempre prestigiado por uma multidão de admiradores todos os fins de semana, até 20 de janeiro, quando há o encerramento com a participação de todas as folias, durante o dia inteiro. Segundo Dalmo, faltam apenas mais foliões para engrossar as fileiras dos grupos. Mesmo operado do coração e com proibição médica, Dalmo não deixa de sair em sua folia. Mas não abusa. Não descuida da medicação e a qualquer sinal de fadiga, para.
A HISTÓRIA DOS PALHAÇOS
O vice-presidente da associação explica o significado dos palhaços. Não tem nada de ruim, como alguns apregoam. Eles representam os soldados de Herodes. Os três reis magos saíram do Oriente para visitar o Menino Jesus. Foram guiados por uma estrela. O rei Herodes os chamou e lhes falou que gostaria de também adorar o Messias, mas não sabia onde ele estava. E pediu que, caso o encontrasse, lhe indicasse o local, para que também fosse “visitá-lo e adora-lo”.
Mas, na verdade, Herodes queria matar Jesus. Quando os reis magos saíram para Belém ele enviou dois soldados seus para que matasse o recém-nascido tão logo o encontrassem. Mas ao ver o Menino Jesus, os dois soldados não tiveram coragem de matá-lo e ainda se converteram. Mas ficaram com medo de voltar e serem mortos por Herodes. Então se disfarçaram na volta, com máscaras feitas de peles de animais, fantasiados e fazendo palhaçadas. E assim voltaram sem nunca mais terem sido reconhecidos.
A história conta ainda que os reis magos retornaram por outro caminho—avisados por um anjo, em sonho—para que não reencontrassem o rei Herodes. No folclore brasileiro os palhaços se fantasiam, falam versos e fazem a alegria de crianças e adultos com suas palhaçadas. Eles só não passam na frente da bandeira, que é sagrada, conforme o folclore, onde esta estampada a Sagrada Família—Jesus, Maria e José.
Tudo isto é cantado durante as apresentações das folias em Conselheiro Paulino e vale a pena a visita. LIVRE (MENORES DE 18 ANOS DEVEM ESTAR ACOMPANHADOS DOS PAIS OU RESPONSÁVEL)
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