No último dia 4 de abril, uma segunda-feira, a direção de A VOZ DA SERRA foi contactada por um jovem que identificou-se como hacker, alegando que havia sido procurado no fim de semana anterior por pessoas ligadas ao gabinete de um vereador friburguense, a fim de que retirassem, em troca de R$ 100, a notícia "Assessores de vereador flagrados na madrugada com panfletos difamatórios" da página de A VOZ DA SERRA na internet.
De acordo o relato e com registros das conversas enviados à direção do jornal, o contato com o hacker teria sido iniciado pelo assessor parlamentar Éder do Valle Dias, integrante do gabinete de Christiano Huguenin, e continuado minutos mais tarde através do perfil de “Rodrigo Gama”, aparentemente falso e, à época, constante da lista de amigos de outros assessores do parlamentar no Facebook.
Reforça a credibilidade do relato o fato da matéria em questão, publicada na edição de 3 de outubro de 2014, fazer referência justamente ao citado vereador, ao registrar o episódio em que a polícia fez o flagrante de grande quantidade de panfletos apócrifos direcionados ao deputado federal Glauber Braga dentro do carro adesivado de seu assessor.
Cabe lembrar ainda que, na edição seguinte, de 4 de outubro de 2014, A VOZ DA SERRA publicou nova matéria trazendo a íntegra da declaração do vereador a respeito do episódio, apesar do mesmo já ter sido ouvido durante a elaboração da matéria inicial.
De posse dos registros enviados pelo denunciante, a coluna do Massimo, do último dia 7 de abril, deu publicidade aos fatos, e alcançou as pessoas necessárias para que a reportagem de AVS tivesse acesso, já na semana seguinte, a novos registros de conversas mantidas pelo mesmo assessor parlamentar, desta vez através do aplicativo WhatsApp no dia 11 de março, com renomado profissional de Tecnologia da Informação.
O objetivo da conversa, de novo, era tentar tirar da página de A VOZ DA SERRA na internet a notícia publicada no dia 3 de outubro de 2014. Importante destacar que o interlocutor não apenas recusou-se a realizar o pedido, como também alertou que a prática seria criminosa. A informação, contudo, não impediu que o assessor perguntasse, logo em seguida, se o profissional poderia indicar alguém que se dispusesse a tirar a notícia do ar mesmo assim.
Cópias das conversas foram anexadas à investigação da Polícia Federal em Macaé a respeito do episódio envolvendo os panfletos apócrifos, e também a um boletim de ocorrência registrado na 151ª DP e uma representação na Comissão de Ética da Câmara Municipal, protocolada no início da tarde desta terça-feira, 10.
Respostas
Desde que surgiram os primeiros indícios de que estaria sendo cogitada uma tentativa de invasão à página de AVS na internet, a reportagem do jornal fez três contatos pessoais com o assessor parlamentar cujo nome foi registrado nas conversas. Em todos os encontros Éder Dias negou o contato feito via Facebook, como também negou ser o responsável pelo perfil de Rodrigo Gama - que, vale destacar, foi encerrado logo após o primeiro contato do jornal com o assessor.
Em sua defesa, Éder registra - e houve comprovação deste fato - que seu computador de trabalho foi hackeado pelo mesmo grupo que o denunciou, no mesmo fim de semana em que as conversas foram mantidas e registradas. O assessor parlamentar, contudo, assumiu a veracidade da conversa mantida no dia 11 de março, através do aplicativo WhatsApp, ainda que diversas vezes tenha dito que “fez as perguntas, mas isso não significa que iria, de fato, tentar tirar a notícia do ar”.
O vereador Christiano Huguenin, por sua vez, recebeu cópia das conversas em seu gabinete às 11h41 da manhã desta terça-feira, 10, e pouco mais de duas horas depois protocolou na Câmara Municipal o pedido de exoneração de seu assessor.
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