As diferentes formas de ser pai

segunda-feira, 15 de agosto de 2011
por Jornal A Voz da Serra
As diferentes formas de ser pai
As diferentes formas de ser pai

Leonardo Lima

Não basta ser pai, tem que participar. Esse ditado é certamente um dos mais emblemáticos na relação entre pais e filhos. A falta de tempo para estarem juntos não é só prejudicial para as crianças. Os adultos se viram como podem e sempre acabam encontrando um horário para curtir, brincar, ensinar, cobrar e, sobretudo, amar seus filhos. Nesta reportagem especial do Dia dos Pais, A VOZ DA SERRA ouviu três personagens que revelaram como fazem para cumprir suas atividades sem prejudicar a vida paternal.

Bombeiro militar e presidente da associação de moradores do Córrego Dantas, Sandro Schottz também precisa encontrar em sua agenda um horário para ser pai. Ou melhor, quatro horários. Pai de Ariel, 18, Aruã, 16, Ana Clara, 11, e Ícaro, 7, Sandro revela que antes que seu filhos cobrem maior presença sua em casa, ele mesmo já se vigia para dar o máximo de atenção a eles. “Eu me cobro antes que eles o façam. Apenas o caçula reclama um pouco quando me vê saindo para reuniões, viagens ou mesmo para o quartel. Mas quando retorno a recepção é deliciosamente calorosa”, revela.

Com tantos compromissos profissionais, Sandro explica que a maior dificuldade em conciliar suas tarefas com a vida familiar é ter que dizer não às muitas solicitações para as mais diversas atividades. “Procuro definir bem o momento de cada atividade. A associação de moradores tem absorvido muito do meu tempo quando não estou no quartel, mas não abro mão da convivência familiar, de encontros com amigos e momentos para estudar”, diz.

Ele explica que a relação com seus quatro filhos é bem distinta e brinca que, infelizmente, não conseguiu fazer com que Ariel, o mais velho, torcesse para o Fluminense. “Com o Ariel a relação é de amizade e me sinto como o seu conselheiro, mesmo não o convencendo a ser tricolor. O Aruã, com sua inteligência e forte personalidade, me desafia a compreender o misterioso universo da adolescência. Ele também me dá a oportunidade de desenvolver a paciência e a temperança. A Ana Clara me ensina muito com seu bom humor e disciplina. Tenho ela como uma princesa. E o amável Ícaro se parece muito comigo. Sua maneira intensa de viver me faz lembrar da minha infância. Nos abraçamos e nos beijamos muito”, conta.

Sandro relembra que uma vez foi com os filhos em uma cachoeira e ali teve uma lição que jamais esqueceu. “Eu temia entrar na água que estava muito fria, mas o Ícaro e a Ana Clara começaram a fazer uma dança em volta de mim dizendo ser um campo de força para que eu criasse coragem para tomar banho. Antes de fazer valer o fascinante esforço daquelas pequenas criaturas, fiquei encantado e imaginando não haver presente maior do que ter filhos dançando em volta da gente, para nos encorajar”, recorda.

Jogador do Friburguense e funcionário de hotel: rotinas diferentes e o mesmo desafio de ser um pai presente

Talvez nunca um vice-campeonato tenha sido tão comemorado e tenha dado tanto orgulho a um povo cansado de notícias ruins. Pelo menos no futebol a população de Nova Friburgo pode considerar que a recuperação foi feita. Após 40 jogos, o Friburguense conseguiu voltar à elite do futebol carioca. Mas o sucesso não veio por acaso. Ele só foi possível através de esforço, dedicação e foi preciso abdicar de muitas horas ao lado da família. Um dos jogadores mais experientes do elenco tricolor, o lateral Sérgio Gomes revela que só conseguiu conciliar os jogos com a vida familiar graças ao apoio de amigos e familiares. Ele é pai de Laís, 11, e Igor, 9. Porém, sua terceira filha, Júlia, deverá chegar ao mundo no início de setembro. “Meus filhos já estão acostumados. A gente se vê mais a noite e, sempre que posso, os levo para a escola”, afirma Sérgio Gomes.

De acordo com ele, conciliar a maratona de jogos, viagens e concentrações com a vida de pai é muito difícil, mas graças ao apoio de amigos e familiares ele consegue se sair bem tanto dentro de campo quanto fora dele. “Eu tenho pessoas aqui em Nova Friburgo que considero da minha família. Se não fossem eles não saberia o que fazer. Amigas como Rita, Paula, Vanessa, meus tios Henrique e Conceição, que são como pais para mim, além do Ich (Carlos Henrique Siqueira, preparador de goleiros) e do Siqueira (José Eduardo, gerente de futebol). Eu e minha esposa Alessandra somos muito gratos a essas pessoas”, explica.

E no que depender de seu filho Igor, a família pode ter, em breve, mais um jogador de futebol. “Ele gosta muito de bola e já me disse que quer ser jogador como o pai. Isso me dá muito orgulho. Na última semana participei de um jogo contra o time master do Flamengo e ele ficou implicando comigo porque fiz um gol contra os coroas. É mole?”, diverte-se Sérgio Gomes.

Já Luiz de Oliveira Vianna Filho revela que passou a ficar mais tempo com os filhos depois da tragédia de 12 de janeiro. “Não tenho muita vida social, mas procuro estar sempre com minha família, ainda mais agora depois do ocorreu com nossa Nova Friburgo. Estou dividindo o horário com minha esposa, pois ficava muito tempo fora de casa”, explica Luiz que trabalha em um hotel da cidade. Pai de Luiza, 17, e Manuela, 9, ele lida com a experiência de criar duas filhas com uma idade mais madura. “A minha primeira filha nasceu quando eu tinha 36 anos e a pequena nasceu eu tinha 44. Hoje tenho 53 anos. Minha relação com elas é muito fácil, pois amo e respeito muito a vida de cada uma”, conta.

Ele recorda de um fato curioso quando Manuela nasceu. “A Luiza queria um irmão quando era mais nova. Aí nasceu a Manuela e ela ficou com ciúmes. Quando chegamos em casa falei que devolveria o bebê para o hospital, mas a Luiza foi até a porta e me pediu para deixar ela ficar, pois iria amar muito a irmã. E assim foi feito e até hoje o amor é grande”, afirma.

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