As árvores e os cuidados
nem sempre apropriados
Eloir Perdigão
Num período chuvoso como o que estamos atravessando é comum ouvirmos a afirmação “está bom para as plantas”. Mas, nem tudo são flores. As árvores do perímetro urbano de Nova Friburgo carecem de maiores cuidados. Ou estão encostando na rede elétrica, ou estão cheias de erva de passarinho (parasita que suga a seiva da espécie hospedeira) ou cipó chumbo, às vezes tendem para um lado, ou ainda são ameaçadas por podas mal feitas, assassinas, pois acabam por matar a árvore. Sem contarmos os incêndios, que todo ano dizimam a cobertura vegetal por todo o município.
Não raro presenciamos árvores até na Avenida Alberto Braune, a principal artéria da cidade, cobertas por cipó chumbo. Nas margens do Rio Bengalas e em outros pontos não são poucas as árvores sufocadas por erva de passarinho, como que a clamar por uma limpeza, que nem sempre chega a tempo de salvar a espécie. Outro problema comum às árvores das margens do Bengalas é tombar para o lado do rio, deixando claro que em algum momento cairão sobre as águas, represando-as.
Quando uma espécie cresce um pouco mais e encosta na rede elétrica é um caso sério. Lugar comum para este tipo de cena? A Rua General Osório. Se não são podadas, podem contribuir para o corte de energia elétrica; se são cortadas por uma equipe da concessionária de energia, logo aparecem os que se opõem à prática. Mas, se esta atividade tem o consentimento das autoridades públicas ou não, aí é outra história. E um detalhe a mais: na maioria das vezes o material restante da poda ou corte fica dias no local, até ser retirado.
Com poucos funcionários para cuidar de tantas árvores em logradouros, a Secretaria Municipal de Serviços Públicos se desdobra para dar conta do serviço. Um exemplo é a poda das espécies extremosas, todo ano executada, na maioria das vezes por dois abnegados funcionários. No entanto, nem sempre este tipo de atividade é realizado com presteza com relação às demais árvores. Na Rua São Roque, em Olaria, recentemente moradores e comerciantes protestaram contra a poda radical ali realizada, um verdadeiro corte feito nas árvores daquela movimentada artéria do bairro mais populoso da cidade. Por sorte, algumas estão brotando, mais parecendo um milagre da natureza. Outros exemplares, porém, sucumbiram, para espanto e olhares entristecidos de quem os observa.
Há de se citar que há muito tempo não há plantio de novas mudas no centro da cidade, apesar da existência de um horto municipal no Vale dos Pinheiros, setor que existe justamente para manter a cobertura vegetal da cidade. Ou, pelo menos, era para ser assim. As extremosas, que outrora coloriam as ruas centrais da cidade, estão aos poucos desaparecendo. No lugar das antigas árvores, só cimento.
O setor de Parques e Jardins da Secretaria de Serviços Públicos poderia mapear as espécies existentes, começando pela área central da cidade, e cuidar, fazendo a reposição através de funcionários treinados para isto, inclusive com acompanhamento de engenheiros agrônomos. Deveriam saber, também, que espécies poderiam ser plantadas em cada lugar, até para evitar que as folhas, ao caírem, não causem entupimento de bueiros e redes de águas pluviais. Sem contarmos que cada exemplar é responsável por amenizar a temperatura no local. Importante citar também que cada pessoa deve zelar pelas árvores próximas a sua residência.
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