Artistas de Nova Friburgo são homenageados na Alerj

No ano em que celebra seu cinquentenário, Gama recebe o Diploma Heloneida Studart de Cultura
sexta-feira, 10 de junho de 2016
por Ana Borges
(Foto: Arquivo A VOZ DA SERRA)
(Foto: Arquivo A VOZ DA SERRA)

Quando remontou o espetáculo Liberdade, liberdade, no Country Clube, em 2003, Julio César Seabra Cavalcante, o Jaburu, destacou a tradição do Grupo de Arte, Movimento e Ação, o Gama, de interagir com a comunidade e qualificar a sua dramaturgia. “Nós procuramos textos de valor, seja de puro entretenimento ou mais reflexivo. Esse é um dos vetores do Gama, assim como é o nosso compromisso com o que fazemos. Ele deve ser digno e ao mesmo tempo agradar ao público e nós temos a felicidade de conseguir congregar indivíduos de valor pessoal e artístico”, comentou, então.

Nesta segunda-feira, 13, às 18h30, o Gama receberá o Diploma Heloneida Studart, concedido pela Comissão de Cultura da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), no Palácio Tiradentes. A premiação é entregue a personalidades e organizações que tenham contribuído para a promoção da cultura no estado, a partir de indicações feitas pelo público.

O presidente da Comissão, deputado Zaqueu Teixeira (PDT) lembra que o diploma só foi entregue duas vezes desde sua criação, em 2009: naquele ano e em 2015. Para ele, é fundamental resgatar a memória da combativa ex-deputada Heloneida Studart.

“Ela lutou com muito afinco pela cultura e por seus ideais, durante toda a sua vida. Então, nada mais justo que cultuar sua memória. Por outro lado, reconhecer os atores que mobilizam a produção e a difusão cultural no estado do Rio é extremamente gratificante”, afirmou. Além de Zaqueu, participam da comissão que selecionou os homenageados, os deputados Eliomar Coelho e Wanderson Nogueira (ambos do Psol).

Para a escolha foram observados os critérios de relevância cultural, a diversificação das linguagens e as regionalidades, características próprias do grupo desde a sua formação, e mantidas ao longo de seus 50 anos de existência. Tal como idealizou seu criador, Julio César Seabra Cavalcante, o Jaburu, ao lado de inúmeros artistas de diversas gerações, e do atual presidente do Gama, Chico Figueiredo, todos empenhados nessa estrada de contínuo aprendizado e desenvolvimento de expressões artísticas.   

Uma justa homenagem

O Grupo de Arte, Movimento e Ação foi criado em setembro de 1966. Desde então, centenas de peças teatrais, espetáculos musicais, recitais de poesia, shows, exposições, homenagens, dominaram o cenário cultural e artístico de Nova Friburgo e região, com incursões também por outros estados, e reconhecimento através de importantes premiações.

Liberdade, liberdade, clássico do teatro de resistência escrita por Millôr Fernandes e Flávio Rangel, em 1965, por exemplo, encenada em 2003, foi “dedicada a todos que lutam e lutarão pela democracia e liberdade”, disse o diretor Jaburu, à época; quando dirigiu Fernando em Pessoas, em 2005, destacou que “a voz do poeta é o principal ator, é o que nos dirige e orienta o tempo todo”.

Jaburu foi diretor da Casa de Cultura do Country Clube e do Centro de Arte; foi agraciado com títulos, como a comenda Barão de Nova Friburgo; patrocinou a gravação de discos com as trilhas sonoras das peças do Gama, edição de livros, exposições, descobriu e lançou novos artistas, entre desenhistas, pintores, músicos. Não sossegava, tinha pressa, “a arte e cultura não podem ser aprisionadas!” Devia saber, porque, afinal...  

Ele gostava de repetir que “o presente hoje já é passado amanhã. Então, vamos refletir mais sobre isso, vamos prestar mais atenção a essa passagem, aos fatos e às pessoas”. Foi com esse espírito libertário que ele e o “grupo”, mais o firme e constante apoio do ator e companheiro Chico Figueiredo, que agora tem a honra de receber o Diploma Heloneida Studart.  

Relembrando Heloneida Studart

A ex-deputada Heloneida Studart foi jornalista, escritora, ensaísta, dramaturga, feminista e mãe de seis filhos, todos homens. Exerceu seis mandatos na Alerj e se destacou na luta pela redemocratização do país – foi presa em 1969 — e pelos direitos da mulher. Inclusive, foi uma das pioneiras do movimento feminista no Brasil, ao criar, em 1975, o Centro da Mulher Brasileira (CMB), uma das primeiras entidades feministas do país que defendia o direito das mulheres na época da ditadura.

Heloneida participou do chamado "Lobby do Batom", que defendeu os direitos trabalhistas das mulheres, como os 120 dias de licença-maternidade. Em 2007, foi nomeada diretora do Centro Cultural da Alerj e do Fórum de Desenvolvimento Estratégico do Rio. Faleceu no Rio, em 2007.

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