Leonardo Lima
Após viver 12 anos em Nova York, o artista plástico Marcelo Brantes decidiu voltar à terra natal para finalizar a construção de sua casa. Porém, jamais imaginaria que uma década depois de ter vivenciado o ataque às torres gêmeas nos Estados Unidos, um novo desastre o aguardava em Nova Friburgo. “Embora também tenha sido uma [tragédia], o que aconteceu em Nova Friburgo foi muito diferente. Nos Estados Unidos vi muito nacionalismo da população. Havia um sentimento de revolta, as pessoas queriam ir para a guerra. Em Nova Friburgo vi muita solidariedade. O que todo mundo queria era retomar suas vidas”, analisa.
A casa de Marcelo, em Campo do Coelho, que estava praticamente finalizada, foi atingida por uma enxurrada que soterrou o porão e transformou o jardim em um areal. “Estava construindo meu ateliê nessa casa também. Fiz exposições como artista plástico tanto no país quanto na Europa, mas nunca trabalhei só com isso. Minha ideia era dar início a uma produção constante”, explica o artista, que em 1997 fez uma exposição no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro.
Com o adiamento de seus planos devido à destruição causada pelas fortes chuvas, Marcelo passou a registrar em fotos flagrantes da catástrofe ao redor de sua casa. O resultado disso foi um documentário poético que mostra o cotidiano do artista, intitulado “Depois de NY, Nova Friburgo”.
“Eu não tinha nada a fazer, a não ser ficar contemplando a destruição. Minha amiga Beatriz Pimentel veio até aqui e deu a ideia de fazer esse documentário. Soubemos do concurso Tela Digital, da TV Brasil, e nos inscrevemos”, conta.
Embora ainda não tenha sido divulgada a data da premiação, Marcelo espera que até lá os friburguenses possam assistir e votar em seu documentário. Enquanto isso, ele planeja retomar sua carreira como artista plástico. E o tema de sua próxima exposição já está definido: o cigarro. “A ideia surgiu da minha vontade de parar de fumar. Estou desconstruindo a imagem do cigarro, tentando transformar o que é lixo e o que destrói em algo útil”, explica. Algumas peças da exposição já estão prontas, como uma capa feita com milhares de filtros de cigarros consumidos e três potes de cinzas. “Tenho uma exposição agendada para o dia 11 de novembro, no Sesc. Várias galerias do Rio também já se interessaram pelo projeto”, revela. O documentário de Marcelo Brantes pode ser visto no site www.teladigital.org.br.
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