Em sua primeira exposição individual no Rio de Janeiro, a artista plástica friburguense Sani Guerra apresentará trabalhos de pintura e escultura tendo como referência os jardins das propriedades do Barão de Nova Friburgo, como o Chalé do Barão, atual Parque São Clemente, em Nova Friburgo, e o Palácio do Catete, atual Museu da República, no Rio de Janeiro.
É arte contemporânea em forma de Memória e Impermanência o trabalho que Sani inaugura no sábado, 21, na Galeria do Lago, no Museu da República. “O programa da exposição foi elaborado para atender os objetivos do museu, que pretende dialogar com suas especificidades e sejam, ao mesmo tempo, pertinentes à produção das artes visuais atuais”, disse Isabel Portella, curadora da mostra e coordenadora da galeria, juntamente com Tatiana Martins, vice-coordenadora do curso de História da Arte (EBA/UFRJ).
A Galeria do Lago foi criada para dotar o Museu da República de um espaço próprio para exposições de arte contemporânea e promover um diálogo crítico e reflexivo sobre assuntos pertinentes à cultura, sociedade e cotidiano brasileiros, através da linguagem artística. Localizada no histórico jardim do museu, com acesso gratuito, o espaço recebe milhares de visitantes, diariamente, que desfrutam do maior jardim público do bairro do Catete e são brindados com exposições como a de Sani Guerra.
Sobre Sani
Sani Guerra é formada pela Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV/turma 2006-2010). Oficialmente, sua carreira teve início quando de sua primeira exposição no Centro de Arte de Nova Friburgo, em 2006. A segunda individual foi no Sesc Nova Friburgo, em 2010.
Entre uma e outra exposição, a artista iniciou o Projeto Construção, em 2008, que consistia em criar peças escultóricas tendo como molde monumentos históricos e arquitetônicos. As intervenções foram exibidas no MAM, Parque Lage, antigo Cassino da Urca, Castelinho do Flamengo, entre outros espaços.
Em 2009, Sani participou do Salão de Artes Plásticas de Petrópolis, expôs no Centro de Cultura Raul de Leoni, e recebeu o Prêmio Interações Estéticas-Funarte-MinC. Em seguida, desenvolveu uma peça, em grande escala, com alunos e artistas locais na Oficina Escola de Artes de Nova Friburgo.
Entre participações em coletivas, merecem destaques a 21ª edição do Salão de Arte no Clube Hebraica (SP); a exposição Mulheres, chegamos, as artistas na Graphos: Brasil (Rio), ambas em 2014. No verão daquele mesmo ano, Sani venceu o Concurso Garimpo, da revista Dasartes Brasil.
Serviço: Visitação: de terça a sexta-feira, das 10h às 12h e das 13h às 17h; sábados, domingos e feriados, das 11h às 18h. Entrada franca. Menores devem estar acompanhados dos pais ou responsável.
Sobre a artista
Na contemporaneidade, dificilmente a produção de um artista se revela a partir dos limites rígidos de um meio de arte. As imagens que a artista fluminense Sani Guerra cria transitam livremente entre os meios das artes visuais sem, no entanto, se desfazer de suas notas características. Na escultura, a artista privilegia o molde. Suas esculturas são provisórias e decididas a partir de elementos da arquitetura ou de algum repertório da cidade, ação que compete à percepção da artista.
As peças remetem o espectador ao fazer arcaico e tradicional da escultura e ao mesmo tempo o lança para a visualidade entrecortada e veloz da nossa época. Por serem frágeis, as esculturas – que em geral são garantia de permanência - não são capazes de se fixar e atuam no registro do efêmero. Além disso, a fragilidade da produção escultórica da artista permite delicada conversa com a arquitetura, como por exemplo, a série do MAM (Rio) que envolveu pedaços dos pilotis daquela arquitetura brutalista de Eduardo Reidy.
Já as suas pinturas são realizadas com técnica sofisticada – pintura a óleo – que exalta a qualidade do desenho sem deixar de se expressarem por uma vivaz e exuberante combinação de cores. A temática da produção pictórica da artista provoca no espectador certo atrito na relação espácio-temporal porque as figuras – bem estruturadas do ponto de vista do desenho – não são organizadas seguindo o princípio do cubo. Uma imaginária exuberante apresentada por fragmentos de cenas, de situações. A organização das figuras é estritamente visual e mnemônica, e, nesse caso, não se realiza pela forma. A artista empresta ao espectador seu universo particular, suas visadas ocasionais, o tempo passado, a alegoria... Fragmentária e permanente, a produção de Sani Guerra ajusta a visualidade elaborada da pintura à impermanente e arejada escultura. Atualmente, a artista se dedica à concepção de sua exposição individual na Galeria do Lago no Museu da República no Rio de Janeiro, em 2016”.
(por Tatiana Martins, vice-coordenadora do curso de História da Arte EBA/UFRJ)
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