Todas as terças e quartas-feiras, 14 mulheres e dois homens de Santa Maria Madalena interrompem momentaneamente suas atividades domésticas e agrícolas para uma reunião. Em pauta, a culinária (doces, bebidas, pães, bolos, biscoitos, conservas e pizzas, por encomenda) e a produção de peças artesanais com retalhos de confecções (colchas, tapetes, almofadas, porta-retratos, abajures, entre outras). O grupo integra a Associação de Moradores, Amigos e Produtores Rurais do Ribeirão Santíssimo (Amapruris), da microbacia Sede/Terras Frias. Todos os produtos são feitos na própria comunidade e comercializados de porta em porta, na Casa do Artesanato (localizada no bairro Arranchadouro) e em algumas lojas e padarias do próprio município.
O empreendimento associativo, que conta com o trabalho continuado de assistência técnica e extensão rural da Emater-Rio, teve início em 2012, quando a empresa e o Sistema Faerj – Senar Rio de Janeiro promoveram uma capacitação em produção de doces e conservas. Segundo a presidente da Amapruris, Marilse Corrêa, esse curso foi o pontapé para a profissionalização de um grupo de interesse que já tinha acesso a conhecimentos, mas não atuava coletivamente.
Os integrantes do grupo têm idades diversificadas, de 10 a 70 anos, e sempre trabalham com muito bom humor, alegria, determinação e vontade de crescer. Eles têm ainda em comum o amor pela comunidade onde vivem e a paixão pela atividade agropecuária.
Integrante do grupo desde o começo, Maria Elena Carvalho Pereira, de 39 anos, atua tanto na culinária quanto no artesanato. Ela também divide a rotina como auxiliar de serviços gerais no posto de saúde da própria localidade rural onde vive. Segundo ela, na ocasião em que precisa faltar aos encontros, chega a ficar triste. "Aprendi a fazer muitas outras peças e pratos com ajuda do grupo. Fiz o curso no ano passado e também repassei o que aprendi. As reuniões são um momento de encontro, de muita conversa e troca de experiências entre a gente. Cada uma ensina à outra, o que sabe”, conta.
"Nós tivemos uma colega que chegou aqui com problema de saúde. Outra, com certa timidez. Tudo isso vem sendo superado. Queremos ampliar nossa comercialização através de feiras e eventos e também nos municípios vizinhos”, revela Marilse.
APOIO INSTITUCIONAL – Com apoio logístico da Emater-Rio e da Pesagro-Rio, empresas vinculadas à Secretaria Estadual de Agricultura, as artesãs visitaram recentemente dois ateliês de Nova Friburgo. O objetivo foi trocar experiências com duas artesãs que estão há mais tempo neste ramo, as friburguenses Norma Silva e Marly Dutra. Para algumas madalenenses, a viagem representou a primeira oportunidade de conhecer Nova Friburgo. Na ocasião, as mulheres foram recepcionadas pelos técnicos Gerson Yunes, Edio Rogério Dias e Márcio Pimentel.
Através do Programa Rio Rural, a Amapruris foi contemplada com três subprojetos grupais, que totalizam aproximadamente R$ 45 mil. Os recursos serão investidos na reforma e adequação da sede da associação, na aquisição de equipamentos para agroindústria e máquinas de costura para o artesanato.
Para o extensionista e técnico executor do Rio Rural, Danilo Botelho, iniciativas associativistas contribuem significativamente para a difusão de novas tecnologias no campo. "Elas merecem muito mais do que já conquistaram. É nítido o esforço de cada uma em conciliar casa, família, trabalho e a associação. Além de elevar a autoestima, essa organização gera mais renda para a comunidade e permite a profissionalização do grupo”, explicou.
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