Arte para ver, sentir e pensar

O atual panorama das artes plásticas – delineado nas últimas duas décadas do século passado e que se afirma hoje no que podemos chamar de arte pós-moderna – pode parecer ao espectador menos habituado algo excessivamente incompreensível, estranho e complexo. Na verdade, a arte contemporânea exige outros canais para sua compreensão que vão além do simples olhar, já que também propõe, através do sensorial e da reflexão, outras possibilidades de interação com as obras artísticas, mesmo que essas interações sejam despertadas pelo estranhamento e até pelo não entendimento.

É nessa perspectiva que se situa a exposição "Jardim Iluminista e Outras Coisas”, de Mário Massena, que já no título foge das categorias tradicionais das artes plásticas – pinturas, esculturas, desenhos –, buscando na elaboração de suas obras a desconstrução das linguagens visuais, aguçando no espectador possibilidades mais amplas para a apreensão das dimensões da realidade e do mundo a sua volta.

Construindo ou reconstruindo coisas duradouras ou não, conjugando materiais cuja disponibilidade muitas vezes é ilimitada, e estabelecendo com suas metamorfoses possíveis uma identificação de continuidade essencial, Mário Massena contempla em sua exposição aquela multivalência temporal que o fenômeno artístico envolve e que o filósofo Merleau-Ponti definiu como uma coordenada fundamental para o entendimento dos processos artísticos. Para o pensador francês, a arte, circunscrevendo um arco de temporalidades descontínuas, envolve aquilo que é permanente na expressão do anônimo pintor primitivo das cavernas, e no impulso do artista contemporâneo: o diálogo intersubjetivo do homem consigo mesmo e com o mundo.

 

 

 

A exposição Jardim Iluminista e Outras Coisas fica na Usina Cultural (Praça Getúlio Vargas 55, Centro), até dia 10 de agosto, podendo ser visitada de terça a sábado, das 13h às 18h. MENORES DE 18 ANOS DEVEM ESTAR ACOMPANHADOS PELOS PAIS OU RESPONSÁVEL.