Arte efêmera marca mais um ato do movimento ‘Abraço às Árvores’

A performance faz parte de um conjunto de ações que o grupo “Abraços às árvores” tem realizado para ocupar o local com rodas de conversas, música, ações artísticas e informativas.
terça-feira, 07 de abril de 2015
por Jornal A Voz da Serra
Arte efêmera marca mais um ato do movimento ‘Abraço às Árvores’
Cerca de oitenta pessoas acompanharam uma intervenção artística realizada no sábado, 4, pelo artista Ronald Duarte na Praça Getúlio Vargas, no Centro. A performance faz parte de um conjunto de ações que o grupo “Abraços às árvores – SOS Praça Getúlio Vargas” tem realizado para ocupar o local com rodas de conversas, música, ações artísticas e informativas desde que a operação de poda e cortes de eucaliptos parou por ordem judicial.
“Vamos dar as mãos. Nós vamos limpar o nosso pensamento, e vamos pensar no melhor que pudermos pensar agora”, disse o artista para os colaboradores de branco que contornavam o chafariz da praça. Após poucos segundos com os olhos fechados, Ronald autorizou e o grupo acionou os extintores de CO2 que formaram uma gigantesca nuvem que rapidamente se dissipou. A intervenção arrancou aplausos de quem passava pelo local. No alto, um drone, um veículo aéreo não tripulado, registrou a intervenção na praça.  

Isto não é um palito de fósforo

A arte de Ronald Duarte é efêmera. O trabalho é apresentado ao público de maneira rápida e passageira, e tem sempre um cunho sociopolítico que estimula a reflexão e causa estranhamento; por vezes, choca. “Há que se pensar no respeito ao aspecto espiritual e energético dos seres vegetais presentes no conjunto paisagístico na praça, trazendo a necessidade de se repensar sobre o ato insano realizado, do que foi despedaçado, do que foi rasgado com violência; e esperar reconquistar aquilo que se havia perdido”, disse o artista. Ronald foi convidado pelo artista friburguense Marcelo Brantes, responsável pela apresentação e realização de outras performances artísticas que ocorreram a alguns meses na praça. 
Segundo Alessandro Rifan, integrante do grupo “Abraço às Árvores”, o ritual artístico-espiritual intitulado “Nimbo/Oxalá” visa pedir a Deus uma clarividência em relação à operação realizada pela Prefeitura na Praça Getúlio Vargas. “Há uma dúvida, um silêncio em relação às verdadeiras intenções sobre os cortes na praça”, disse pelo telefone. 


Na sexta-feira, 10, integrantes do grupo continuam com intervenções no local. Uma oficina para a elaboração de um “Mapa Falado” será oferecida pelo psicólogo e socioambientalista Gustavo Melo, às 13h, na Usina Cultural Energisa, no Centro. Às 17h, o artista Marcelo Brantes realiza a intervenção “Isto não é um palito de fósforo”, acompanhada de um piquenique na Praça Getúlio Vargas. 

Lista com objetivos do movimento foi protocolada no Ministério Público
  • Integrantes do grupo “Abraço às árvores - SOS Praça Getúlio Vargas” enviaram comunicado à direção de A VOZ DA SERRA agradecendo o apoio do jornal na divulgação das intervenções artísticas que têm sido feitas no local. O grupo aproveitou para destacar que é a favor das podas adequadas em vez dos cortes radicais como os ocorridos no final de janeiro. Por conta disso, protocolou em 26 de março passado no Ministério Público Federal (MPF) uma lista dos objetivos do movimento, cujos integrantes já totalizaram dois meses de trabalho voluntário. Confira as principais propostas do grupo “Abraço às Árvores”: 
  • Respeito, defesa e preservação da condição básica da Praça Getúlio Vargas como conjunto arquitetônico e paisagístico tombado pelo Iphan, considerando sua importância sob aspectos sociocultural e afetivo para a comunidade em geral.
  • Realização das podas preventivas necessárias aos eucaliptos da Praça Getúlio Vargas, tanto para a saúde das espécies arbóreas quanto para a segurança da população que circula na praça e ao seu redor.
  • Transparência e participação nas tomadas de decisões sobre qualquer intervenção que ocorra na Praça Getúlio Vargas, bem como o uso e a destinação de toda a madeira que foi retirada do local através de um fórum de discussão e participação.
  • Impedir a retirada dos tocos de todas as árvores cortadas até se averiguar sobre o processo de crime ambiental que está sendo julgado. E as onze árvores que foram cortadas indevidamente, segundo laudo do Inea, deverão ter seus tocos preservados / tombados e tornarem-se monumento vivo para exemplo às futuras gerações.
  • Realização de um terceiro laudo técnico fitossanitário do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) de São Paulo ou de outra instituição federal das árvores restantes bem como dos tocos das árvores que foram derrubadas indevidamente ou não.
  • Cumprimento do Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) como instrumento documental legítimo com as devidas medidas compensatórias cabíveis em todo processo de intervenção ambiental, como é caso da Praça Getúlio Vargas.

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