Dayane Emrich
É difícil imaginar o que teria sido de Nova Friburgo sem a grandiosa Fábrica de Rendas Arp. Isto porque a instalação da empresa no município contribuiu, e muito, para o crescimento e desenvolvimento da cidade, sendo ainda hoje um espaço importante para a economia municipal.
Localizada na Avenida Julius Arp, via que liga o Paissandu a Olaria, a história da fábrica teve início com a chegada de Peter Julius Ferdinand Arp ao Brasil, em 1881. Ele nasceu na cidade de Fahren, na Alemanha. Destemido, de personalidade forte, um visionário em pessoa, Julius tinha apenas 23 anos quando desembarcou, como imigrante, em Santos. Trabalhou como comerciante de café e logo depois mudou-se para o Rio de Janeiro, se tornou sócio de uma firma de importação e exportação, a Rothmans e, aos 37 anos, tendo já comprado a empresa, mudou sua razão social para Arp & Cia. Em pouco tempo Julius tornou-se um famoso empresário, com negócios em todo o Estado do Rio e em Santa Catarina.
Em uma de suas andanças, Arp conheceu a então pacata Nova Friburgo. Se encantou pela cidade e pelo seu clima, sua gente, e decidiu montar aqui uma fábrica de rendas. Primeiro ele comprou a Companhia de Eletricidade e, além de novos empreendimentos, trouxe luz para Nova Friburgo, literalmente. A Fábrica de Rendas Arp foi inaugurada em junho de 1911, com 36 funcionários, e maquinário vindo da Europa. A eletricidade, junto a primeira grande fábrica da cidade, incentivou a instalação de outras indústrias, movimentou o comércio, a construção civil, gerou empregos e, consequentemente, promoveu o desenvolvimento social e econômico de Nova Friburgo.
Jerônymo Coimbra Bueno Filho, atual diretor da empresa, conta que a fábrica chegou a ter mais de 1.300 funcionários. Contudo, em 1997, foi feito um corte de 400 pessoas, seguido de um aumento de 30% na produção. A empresa teve um período recente de glórias, entre 2001 e 2005, quando foi premiada quatro vezes como melhor indústria têxtil do Estado Rio, além de ter se tornado referência nacional no setor e líder nas Américas no mercado de bordados. A Arp era conhecida pela qualidade, máquinas de última geração, investimentos em tecnologia de ponta e pela diversidade de produtos.
Exatos 100 anos depois...
Em julho de 2011, o anúncio do fim das atividades da Fábrica de Rendas Arp pegou a todos de surpresa. Na ocasião, a diretoria da empresa explicou que não era possível concorrer com os produtos importados de países como a China. Outro fator determinante para o fechamento da empresa, segundo seus dirigentes, foi Janeiro de 2011, quando, além da perda de matéria-prima, houve prejuízos na estrutura da fábrica e 90% do maquinário foi perdido. "Fechamos pelo grande número de importações da Índia, China, e pela carga tributária brasileira, somada ao aumento dos salários. Nosso setor foi muito penalizado. Diversas empresas também fecharam”, disse o diretor, acrescentando: "Sem falar que a compra de novas máquinas depois da tragédia de 2011, nesse cenário, seria algo impossível”.
Presente e futuro
Após o fim das atividades têxteis, os diretores da Arp decidiram investir nos setores de construção civil e imobiliária, além de alugar todo o imóvel e transformar o prédio em um verdadeiro complexo industrial. Desta forma, na área da antiga fábrica, funcionam, atualmente, diversos estabelecimentos — de serviços diversificados —, como escritórios de advocacia, confecções, restaurantes, o Senai Moda e alguns órgãos públicos — o Instituto Estadual do Meio Ambiente (Inea), por exemplo. Para janeiro de 2015, a novidade é a chegada de duas importantes unidades de ensino, que prometem movimentar ainda mais os corredores da antiga fábrica.
Jerônymo explica também que a ideia é transformar as instalações da fábrica em um complexo multiuso. "A tendência é que a Arp se torne um lugar onde as pessoas possam vir trabalhar, estudar, consumir, se divertir e, quem sabe, morar. O projeto é criar um complexo multiuso, onde as pessoas possam fazer todas as atividades aqui, sem precisar sair”, afirmou ele.
O diretor disse ainda que, para a realização do projeto, foi contratado um urbanista para montar um plano diretor. "Esse plano prevê um crescimento ordenado, preocupando-se com o fluxo, entrada e saída dos carros a fim de não causar congestionamento”.
Vale destacar ainda que, atualmente, cerca de 400 pessoas passam todos os dias pelas instalações da antiga Fábrica Arp, mas a previsão é que com a chegada das unidades de ensino, cerca de dez vezes mais pessoas circulem no local diariamente.
Jerônymo Coimbra Bueno Filho, atual diretor da empresa
A Arp, inaugurada em 1911, foi a primeira grande fábrica da cidade
Antiga fábrica de rendas, atual complexo industrial
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