POR BRUNO PEDRETTI
Um currículo que fazia inveja a qualquer médico, uma disposição que impressionava mesmo os mais jovens, e uma vontade impressionante de viver. Assim era o médico ginecologista e obstetra paranaense Moysés Paciornik. O dr. Cócoras, como era conhecido por conta das técnicas que criou, faleceu em São Paulo aos 94 anos, em dezembro de 2008, vítima de parada cardíaca.
Por suas mãos vieram ao mundo mais de 60 mil crianças. Fez partos até os 90 anos, quando passou a se dedicar somente à clínica. E ficou famoso no mundo inteiro ao divulgar sua receita para ficar velho, mas sem envelhecer. O senhor garotão publicou dezenas de livros, era membro da Academia Paranaense de Letras e da Academia Brasileira de Médicos Escritores. Para as pessoas que desejam chegar aos cem anos de idade com saúde, dr. Moysés Paciornik dava algumas preciosas dicas, propagando sua ‘dieta dos três pós brancos’ (que elimina açúcar, farinha e sal) e aconselhando a prática de exercícios regularmente.
Conhecido por sua inseparável gravata borboleta, o médico ensinava que aprender a se alimentar corretamente e praticar exercícios é fundamental, assim como evitar os três pós brancos: o açúcar, a farinha e o sal, além da gordura animal. Em suas muitas pesquisas e contatos com indígenas, dr. Moysés aprendeu a admirar o modo como o índio se alimentava, sustentando-se com o que Deus pôs no mundo, como verduras, frutas e carne magra, tudo à vontade. E fez desta lição sua inspiração para a vida e a rotina alimentar.
Ao conceder entrevistas sempre lhe perguntavam se levava a própria dieta a sério e se conseguia evitar alimentos que fizesse mal à saúde. E dr. Moysés respondia: “Gosto de chocolate, mas evito. De um modo geral, qualquer doce é gostoso, contudo, tem que ser evitado. De vez em quando dá pra comer uma sobremesa, porém, procuro não comer qualquer tipo de bolo, pão, bolacha e macarrão, tudo que tem açúcar e farinha. O sal deve ser usado moderadamente. Pela manhã como duas qualidades de frutas e tomo café com leite magro, sem açúcar. No almoço e jantar é salada, carne magra, arroz branco e feijão. As pessoas magras estão menos sujeitas a uma série de doenças. Se não comem gordura animal, evitam o colesterol e os triglicerídios. Se retiram da alimentação o açúcar e a farinha, previnem a diabete. Sem o sal, a pessoa não vai estar propensa a ter hipertensão arterial”, ensinava.
Dr. Cócoras não era adepto de academias: preferia subir e descer as escadas de seu prédio duas vezes ao dia, até o 19º andar. Segundo ele, esta era uma maneira de economizar e ser eficiente ao mesmo tempo. Ele defendia o ‘up and down’ (levantar e baixar), ou seja: ficar de cócoras e depois levantar, esticando o corpo todo. E indicava tal técnica para todos, homens, mulheres, crianças... Tudo leva a crer que ele tinha razão, afinal, aos 78 anos dr. Moysés visitou o Empire State Building, nos Estados Unidos, e subiu de escadas os 120 andares do prédio, sem perder o fôlego.
Foi na década de 70 que ele compreendeu por que as índias caingangues não tinham varizes, celulite e a pele do rosto era perfeita, além de conservarem o canal genital em muito melhor estado do que as mulheres civilizadas. “A primeira questão está ligada ao parto de cócoras. No parto deitado, o canal vaginal se estreita cerca de 28%. Esse canal estreito é mais fácil de rasgar e machucar a mulher”, explicou depois.
Segundo ele, ficar sentado o dia todo provoca varizes, celulite e dores na coluna. “De cada cem civilizados, 80 terão dores na coluna”, dizia dr. Cócoras, dando dicas pra quem trabalha sentado o dia todo: “A cada uma ou duas horas é preciso parar para fazer o ‘up and down’. O ideal é que se pratique até cem vezes o ato de levantar e baixar. Já no sofá, na hora de assistir à televisão, as pessoas devem ficar em posição de ioga, com as pernas cruzadas, como os índios. Isto porque, o sangue espremido é bombeado para a cabeça e o cérebro, recebendo mais sangue, funciona melhor”.
Com estas dicas, segundo os ensinamentos de Dr. Moysés Paciornik, é possível evitar muitos problemas de saúde no futuro e chegar aos cem anos com a disposição de um jovem.
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