Eloir Perdigão
Bairro: Córrego Dantas; rua: Cherubino Rocha Poletti, lote 2: onde havia uma casa, hoje só se vê escombros. Este é apenas um cenário, entre tantos outros casos desse bairro duramente atingido pela tragédia de janeiro. A casa era da aposentada Matilde Maria Silva Silvestre, que escapou, junto com familiares, com a roupa do corpo. Atualmente ela mora pagando aluguel (conseguiu aluguel social) no Condomínio Serraville e tudo que quer é a ajuda de uma máquina e um caminhão para remover os entulhos que tomaram conta de sua casa e tentar recuperar seus pertences, principalmente documentos.
Após a tragédia, Matilde dormiu, com seus familiares, na cozinha da casa de uma irmã, na Rua Júlio Zamith, próximo à Sociedade Esportiva Friburguense. No térreo, onde mora sua mãe, havia muita lama com a enchente do Rio Bengalas. Essa situação perdurou por cerca de um mês, até Matilde alugar um apartamento no condomínio Serraville. Tudo que levou foram quatro colchões que ganhou.
Já no apartamento, os novos vizinhos se mobilizaram e doaram móveis, fogão, panelas, pratos, talheres e canecas; dos colegas do curso CCAA (onde trabalhou 27 anos), Matilde ganhou roupas, fogão e lavadora; de um primo ganhou geladeira e televisão. Enfim, tudo que tem atualmente é fruto de doação.
Máquina e caminhão - Até hoje Matilde tenta encontrar pertences, principalmente documentos. Um de seus filhos se esforçou muito, na base da enxada, e conseguiu muito pouca coisa. Mas, com a enxada não se consegue mais nada. É preciso remover o entulho com máquinas e caminhões. E isto é tudo que Matilde precisa.
Essa reivindicação a aposentada já fez a diversas pessoas e órgãos públicos e até agora não conseguiu. “Cada vez que recorro a algum órgão simplesmente me enrolam, dizem que é para eu esperar, que vai resolver e o tempo vai passando e ficando cada vez mais difícil. Uma hora é a Secretaria de Obras que se dispõe a fazer, outra hora a Defesa Civil não permite que nada seja feito. Se eu tivesse dinheiro para pagar uma máquina, como já paguei, eu conseguiria. Mas sem um caminhão eu não posso, pois não tenho mais dinheiro para esse serviço”, afirma.
IMPEDIDA DE VOLTAR À ANTIGA MORADIA - Matilde mantém a esperança de encontrar os documentos porque estavam guardados em sacolas plásticas. Infelizmente não tem mais esperança de voltar à antiga moradia, pois a Defesa Civil impõe a construção de uma contenção da encosta desabada. “Como até hoje nada foi feito, eu não acredito nessa contenção de encosta para eu poder voltar para casa”, conta.
Matilde cita que a empreiteira Camargo Corrêa trabalhou na remoção de lama e entulho até o imóvel ao lado de sua casa. Havia recebido a promessa de também remover o entulho do seu imóvel, mas desapareceu do bairro e não mais retornou. Ela apela para que a Prefeitura dê a ajuda que tanto necessita, cedendo uma máquina e um caminhão.
A aposentada diz que, apesar de estar recebendo aluguel social, tem outras despesas e não tem dinheiro suficiente para pagar o equipamento que necessita. Uma das despesas é de um automóvel que o filho havia comprado em seu nome no dia 11 de janeiro e foi perdido no dia seguinte. Ela está pagando as mensalidades sem ter o automóvel.
Matilde reitera que precisa dessa ajuda urgentemente. Posteriormente pretende arrumar outro imóvel em Córrego Dantas. “Eu gosto de morar em Córrego Dantas. Tenho netos no colégio do bairro e fica mais viável para mim; tenho meus amigos e não queria abandonar o bairro onde morava havia nove anos. Eu tinha minha vida estabilizada e toda certinha lá”.
SITUAÇÃO DIFÍCIL – Matilde mora com seu filho, nora e dois netos. O marido está morando no Vale do Tainá, na RJ-116, em direção a Bom Jardim, junto com um filho. Na ocasião da tragédia, seu marido estava internado no Hospital Municipal Raul Sertã, que foi invadido pela enchente do Rio Bengalas. O marido foi, então, transferido para o Rio. Foram três dias sem notícias dele, que já sofreu três derrames cerebrais e também necessita de ajuda.
Quem puder ajudar Matilde pode procurá-la no Condomínio Serraville (Rua Antônio Lopes Sertã, 231, bloco G7, apartamento 102, acesso ao Catarcione, Bairro Ypu), ou pelo telefone 9740-7568.
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