Após 20 anos sem Chacrinha, documentário relembra o Velho Guerreiro e as chacretes

Ex-chacrete Fátima Boa Viagem vive e trabalha em Nova Friburgo
quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
por Ronnie Rogers Fialho
Após 20 anos sem Chacrinha, documentário relembra o Velho Guerreiro e as chacretes
Após 20 anos sem Chacrinha, documentário relembra o Velho Guerreiro e as chacretes

Este ano o Brasil relembrou os 20 anos da despedida de Abelardo Barbosa, o Chacrinha, e por conta disso será lançado o documentário Alô, alô, Terezinha, do diretor de cinema e TV Nelson Hoineff, no início de 2009. O longa-metragem aborda a biografia de Abelardo Barbosa, sem, no entanto, ser biográfico. De acordo com o diretor, a intenção foi montar um mosaico de imagens de arquivo e depoimentos de artistas que marcaram a época, como ex-calouros, a equipe do programa, a família e as chacretes.

A ex-chacrete Fátima Boa Viagem, como era chamada pelo Velho Guerreiro, o Chacrinha, é uma das entrevistadas do filme. Hoje moradora de Lumiar, trabalha como cozinheira em um bar da Praça Carlos Maria Marchon, naquele distrito. Fátima Lopes Santiago, nascida em Niterói, está atualmente com 54 anos e mora em Nova Friburgo há 11.

Através do programa do Chacrinha ela conheceu boa parte do Brasil e da América do Sul. Preferiu mudar para Nova Friburgo, onde já morava sua irmã, pela tranqüilidade para viver e criar o filho, porque considerava a capital fluminense muito violenta. “Meu filho nasceu prematuro. Vim passar um fim de semana aqui e gostei. Como tinha um apartamento em Niterói e apareceu a oportunidade de comprar o sítio onde moro, vendi meu apartamento e mudei para Nova Friburgo”, conta Fátima.

Segundo conta, ela é a única ex-chacrete que mora em Nova Friburgo. “Dias atrás esteve no bar onde trabalho uma mulher dizendo ser ex-chacrete, com a equipe da TVC, mas não me lembro dela, só se for de uma geração antes da minha”, diz. Em 1978, com 19 anos, Fátima começou a trabalhar com Chacrinha. Foram 18 anos, até o falecimento do Velho Guerreiro. “Eu era a responsável pelas chacretes e também fazia a coreografia. Quando ele faleceu, eu ainda trabalhava no programa. A morte dele me marcou muito, foi uma das piores coisas que aconteceram na minha vida. A outra foi quando perdi minha mãe. O Chacrinha era como um pai. Tinha um carinho enorme por mim. Eu era como uma filha para ele, porque ele só teve filho homem”, diz.

Tudo começou quando Fátima ganhou o concurso Rainha de Niterói e foi convidada pelo apresentador João Roberto Kelly para participar do programa Rio de Samba. Nessa época o Chacrinha estava vindo de São Paulo para o Rio, a fim de estrear um programa na extinta TV Tupi. “Um dia, terminando a gravação do programa, um rapaz da produção do Abelardo Barbosa me convidou para fazer um teste e no outro sábado o Chacrinha já estava estreando. Fiz o teste e naquele mesmo dia comecei a gravar”, lembra.

Depois da morte do Velho Guerreiro, Fátima foi convidada para trabalhar no Clube do Bolinha, do apresentador Edson Curi, em São Paulo. “Trabalhei três meses no programa dele, na TV Bandeirantes, e dei uma organizada no balé, porque não estava bom. Mas não consegui ficar muito tempo e ali encerrei minha carreira”, afirma.

Ela lamenta muito a falta de oportunidade na televisão brasileira em relação às chacretes, já que, depois da morte do Chacrinha, pensavam que elas seriam aproveitadas por outro apresentador, o que não aconteceu. “Muita gente pensava que as chacretes seriam aproveitadas em programas como o do Faustão. No entanto, isso não aconteceu. Surgiram as academias, que passaram a ofertar bailarinas para os programas de TV e, assim, as chacretes foram deixadas de lado”, lamenta.

Recentemente, a atriz Zezé Polessa interpretou em uma novela a vida de uma ex-chacrete. Fátima considera que poderiam ter aproveitado alguma chacrete real para fazer parte da dramaturgia. “Também fiz muita aula de teatro, fiz teatro de revista no Teatro Rival, na Cinelândia, onde tinha número de texto. Minha grande mágoa é de não terem aproveitado as chacretes”, diz Fátima.

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TAGS: Chacrinha | Velho Guerreiro | Documentário
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