Não obstante os avanços da medicina – em relação à profilaxia e aos diagnósticos cada vez mais rápidos e modernos – ofereçam aos portadores do vírus uma qualidade de vida “normal”, o HIV/Aids ainda é uma doença que não tem cura e que afeta parcela significativa da população mundial.
Em plena campanha de testagem do HIV, a enfermeira Michelle Rodrigues Caetano, coordenadora do Programa Municipal de IST/Aids e Hepatites Virais de Nova Friburgo, fala sobre os avanços e desafios na luta contra a doença.
Segundo ela, o fato de observarmos um aumento no número de infectados, especialmente entre os jovens, deve-se ao fato de que “muitas pessoas têm a falsa ideia de que nunca vai acontecer com elas. Acredita-se que seja uma geração que não vivenciou o boom da epidemia do HIV e que, por isso, eles não se vejam suscetíveis a serem contaminados também. Eles não pegaram o início do tratamento, onde os pacientes sofriam muito preconceito, eram isolados da sociedade e, muitas das vezes, da própria família.”
Porém, os avanços da medicina possibilitaram aos pacientes uma diminuição desses estigmas. “O tratamento avançou muito. Antes, a pessoa tomava um coquetel de antirretrovirais, com muitos efeitos colaterais: a perda de peso e de massa muscular alterava muito a aparência física. Hoje, o paciente que inicia o tratamento, toma apenas dois comprimidos por dia, então melhorou muito, são poucos os efeitos colaterais”.
Mesmo assim, entregar um diagnóstico com resultado reagente ainda gera muito sofrimento para o paciente, “porque ainda encara aquilo como uma pena de morte. Hoje, com o tratamento regular no início da doença, comparecendo às consultas médicas e sem deixar de tomar os remédios, o paciente leva uma vida praticamente normal. Inclusive pode ter filhos 100% saudáveis”.
Neste caso, o paciente que estiver submetido ao tratamento há mais de seis meses e com carga viral indetectável, não transmite o vírus. “Ele pode se relacionar com uma parceira soro-discordante (uma pessoa que não seja portadora do vírus) e, no planejamento dessa gravidez, o casal poderá ter um filho saudável. É claro que será uma gravidez acompanhada com mais atenção e o bebê irá receber a profilaxia também para o HIV. Porém, se a mãe for portadora do vírus, ela não poderá amamentar”, alerta Michelle, ressaltando o fato de que há mais de 10 anos que nenhuma criança nasce com HIV em Nova Friburgo, segundo as estatísticas.
Indetectável e intransmissível
Em relação ao tratamento, Michelle afirma que ele é também considerado uma forma de uma “prevenção combinada”:
“Trata-se do uso do preservativo masculino, gel feminino e a própria testagem rápida – porque se a pessoa se descobre portadora do vírus HIV num diagnóstico precoce, em seis meses de tratamento sua carga viral se torna indetectável, sendo considerada intransmissível.”
Atualmente, o Programa Municipal de IST/Aids atende cerca de 600 pacientes cadastrados no Siclom – Sistema de Informação de Dispensa de Medicamentos Antirretrovirais para os pacientes detectados com o vírus HIV. “E o número tem crescido”, afirma Michelle, “pois estamos oferecendo mais testes à população, facilitando o acesso da população ao teste mais rápido de diagnóstico de HIV. Então, a demanda também tem aumentado, o diagnóstico precoce também. O que é uma coisa boa, porque conseguimos diagnosticar essa condição no início. Então você promove a qualidade de vida, a qualidade de tratamento do paciente”, que pode retirar mensalmente e de forma gratuita seus medicamentos na farmácia do posto de saúde.
No dia 3 de dezembro, o Programa Municipal IST/Aids de Nova Friburgo, em parceria com o Sesc de Nova Friburgo, realizará o 1º Seminário Municipal de Prevenção do HIV/Aids, com o tema “E a luta continua”. Será realizado de 8h às 17h, no Sesc e as inscrições devem ser feitas através do site https://forms.gle/BbqtepTU8mFrnW7c7. Este seminário oferecerá palestras durante todo o dia sobre o tratamento, diagnóstico e epidemiologia do HIV. Qualquer pessoa pode se inscrever.
O Programa Municipal de IST/Aids funciona na sala 5 do Centro de Saúde Dr. Silvio Henrique Braune, na Vila Amélia, de segunda à sexta, de 8h às 17h. O programa dispõe de uma equipe multidisciplinar, realizando todo tipo de trabalho relacionado à prevenção, diagnóstico e tratamento das principais IST/Aids. (Assista a entrevista na íntegra no nosso site).
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