Flávia Namen
Comemorado no último dia 21, o Dia Nacional da Acessibilidade acabou passando em branco na cidade, mas evidencia as dificuldades que portadores de necessidades especiais ainda enfrentam para sair de casa e realizar tarefas do cotidiano. Buracos e falta de rampas nas ruas e o reduzido número de ônibus adaptados são algumas das barreiras encontradas pelos portadores de deficiência de Nova Friburgo e região.
No caso dos deficientes visuais, os obstáculos acima vêm somar-se a outros que limitam sua autonomia e o pleno direito de ir e vir. Falta de sinais de trânsito sonoros, de demarcações nas faixas de pedestres, de orelhões adaptados e identificações sonoras do itinerário dos ônibus estão entre os principais problemas encontrados pelos cegos. Na hora de consumir, essa parcela da população também depende de ajuda do próximo — já que não há cardápios, etiquetas de preços, bulas e produtos de higiene e beleza em braile.
A professora Adriana Macedo de Faria Silvestre se queixa da série de obstáculos que precisa enfrentar quando caminha nas ruas da cidade. "Os toldos das lojas são bem perigosos porque não temos como identificar com a bengala. Os orelhões também são outra ameaça e deveriam ter uma base mais larga. Sem falar nas calçadas esburacadas e desniveladas. São coisas tão simples de resolver e que deixariam a cidade mais estruturada para os deficientes. Isso facilitaria nossa autonomia”, disse ela enquanto andava em uma rua do centro da cidade auxiliada pela filha.
Calçadas estreitas e esburacadas estão entre as principais dificuldades enfrentadas
pelos deficientes visuais como a professora Adriana Macedo de Faria Silvestre
Audioteca disponibiliza mais de mil títulos em cds
Dificuldades à parte, os deficientes visuais de Nova Friburgo e região já contam com alguns serviços muito úteis. Um deles é a Audioteca, localizada na Biblioteca Municipal de Nova Friburgo (Rua Farinha Filho 50, Centro), com mil títulos disponibilizados em CD, reunindo ainda em seu acervo 340 títulos de livros em braile dos mais diversos gêneros, incluindo best-sellers como "O Livreiro de Cabul” e "Harry Potter”.
A iniciativa, que existe desde 2006 e integra o projeto Sal & Luz, ainda é pouco divulgada e conhecida na cidade. Prova disso é o reduzido movimento que costuma ser registrado. "A maioria dos frequentadores que temos é de associados da Afridev. Por mês recebemos cerca de dez pessoas, número muito pequeno se comparado à frequência da Biblioteca, que ultrapassada mil leitores por mês”, observa a coordenadora Alexandra Novaes.
Outro serviço importante e pouco divulgado é o orelhão adaptado em braile, que possibilita os cegos fazerem ligações telefônicas. Localizado na entrada da biblioteca, o equipamento pode ser utilizado no horário de funcionamento do espaço, que fica aberto de segunda a sexta-feira, das 8h às 19h.
Completa a lista de facilidades disponíveis aos deficientes visuais a série de medicamentos e produtos de perfumaria e beleza com embalagens escritas em braile. Marcas como Natura, Avon e O Boticário já adotaram essa nova tendência, que precisa agora ser copiada pelas grandes redes de varejo.
Um dos serviços que merece destaque é o da Audioteca localizada na Biblioteca
Municipal, que reúne audiolivros e livros em braile dos mais diversos gêneros
O espaço também possui mil títulos em CD
No mesmo local está disponível um telefone público com teclado alfanumérico
Como você pode ajudar quem tem algum tipo de necessidade especial
Com a crescente inclusão dos deficientes na sociedade e no mercado é importante que todos saibam como se comportar diante de quem tem algum tipo de necessidade especial. No caso dos deficientes visuais, cartilhas e folhetos de associações e entidades especializadas ensinam como proceder. A principal recomendação é oferecer ajuda ao notar que a pessoa esteja necessitando. Para guiar alguém cego, a dica é oferecer o braço para que segure. Nunca agarre-a pelo braço e oriente-a para obstáculos como meios-fios e degraus. Em lugares estreitos para caminhar, ponha o braço para trás para que o deficiente possa segui-lo. Ao explicar direções seja o mais claro possível, descrevendo quais os obstáculos que há no caminho além de indicar as distâncias em metros.
Vale destacar que quem trabalha, estuda ou está em contato social com um deficiente visual não deve minimizar a participação deste em eventos ou reuniões. Afinal, são pessoas como as outras, com potencialidades e limitações.
Deixe o seu comentário