A secretária Andreia Coelho não consegue, há mais de dois meses, marcar na rede pública de saúde de Nova Friburgo um exame de ultrassonografia para a filha, de 17 anos, que faz tratamento contra uma anemia. A adolescente toma remédios para restabelecer a produção de células vermelhas no sangue, mas o médico também pediu um exame do ovário para apurar se há algum problema no órgão, que pode estar causando a doença.
“É um exame simples, mas o Hospital Raul Sertã não tem o aparelho para fazer o ultrassom. Eles também não estão autorizando que o exame seja feito em uma clínica particular conveniada ao SUS, porque o contrato teria sido rescindido ou não foi renovado. Não sei direito”, reclama a secretária, que mora com a filha no bairro Perissê.
Andreia ainda critica a burocracia para conseguir o exame na rede pública. “Eu fui ao médico no posto de saúde e ele me deu o pedido do exame. Saí da consulta e o papel teve que ser carimbado em outro setor do posto. Em seguida, fui ao Raul Sertã para que o pedido fosse também autorizado. Mas não consegui. Só com o carimbo do hospital é que o paciente pode ir até uma clínica particular para agendar o exame. Perde-se muito tempo com esse vai e vem”, lamenta.
Esse não foi o único transtorno que ela e a filha passaram para conseguir que um exame fosse feito pelo SUS em Nova Friburgo. Quando estava com quatro anos, a adolescente passou por uma cirurgia devido a uma cardiopatia congênita, uma anomalia que surge na formação do coração da criança ainda no útero da mãe. Desde então, a jovem precisa fazer, anualmente, um eletrocardiograma para aferir as batidas do coração. Há três meses, Andreia tentou marcar o exame na Policlínica Sylvio Henrique Braune, no Suspiro, mas o aparelho estava quebrado.
“Eu fui ao [posto de saúde] Tunney Kassuga, em Olaria, e consegui agendar o eletrocardiograma. Mas a minha filha só fez o exame porque disse à funcionária do posto que eu morava em Olaria. Ou seja, tive que mentir, porque fui informada que se eu dissesse que moro no Perissê não teria conseguido marcar o exame no posto de Olaria”, denuncia Andreia.
Nesta quarta-feira, 15, a reportagem de A VOZ DA SERRA confirmou que o aparelho continua quebrado no posto do Suspiro. Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde não comentou a falta do eletrocardiograma na Policlínica Sylvio Henrique Braune, mas informou que outras unidades de saúde do município estão realizando o exame normalmente. “Em relação ao ultrassom, o mesmo já está em processo licitatório, e a Secretaria de Saúde aguarda a resolução de alguns detalhes por parte da empresa que prestará o serviço para assinar o contrato”, diz o texto.
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