Aos friburguenses

quarta-feira, 11 de abril de 2012
por Jornal A Voz da Serra

Nunca fugi à Luta, e jamais deixarei de erguer minha cabeça...

Em dezembro/2010, quando fui convidada para assumir a Fundação Municipal de Saúde, não poderia imaginar o que estava por vir. Menos de um mês depois de assumir, nossa querida Nova Friburgo veio abaixo. Entramos em guerra contra esta catástrofe.

Trabalhamos e trabalhamos exaustivamente buscando melhorar as condições sub-humanas que se encontravam as unidades de saúde, principalmente a maior unidade e referência em saúde, o Hospital Raul Sertã.

Com o clamor social por ajuda, e no momento agudo na história de nosso Município, comandamos uma cruzada de trabalhos sem dia ou noite, fome ou sede. Quem lá esteve e precisou deve se lembrar.

Nosso querido Hospital Raul Sertã, mesmo debaixo d’água, atendeu a todos, realizou cirurgias, salvou vidas. Atendendo inclusive aos demais pacientes dos Hospitais particulares da cidade que também foram atingidos pela catástrofe.

Com a energia que ainda nos restava, Eu e nossa equipe de funcionários abnegados abrimos mão em voltar para casa com nossas famílias para cuidar da saúde de outras famílias, que mais precisavam.

Graças ao nosso Deus e com muita dedicação e coragem a resposta que a cidade precisou foi dada. Mas poucos se lembram disso... e estiveram ou se interessaram presenciar.

Mesmo com tantos problemas, mantivemos ininterruptamente a distribuição de medicamentos aos quatro cantos dessa cidade; vacinamos toda a população, cuidamos das feridas, evitamos epidemias como leptospirose e dengue. Nova Friburgo seguiu viva, pronta para reerguer sua história.

Alguns poucos não se lembram, pois não precisaram. Quem precisou jamais esquecerá.

Estou aqui hoje meus amigos, para dar uma satisfação a essa cidade, cidade que amo, que exerço minha profissão, que criei meus filhos, que me elegeu vereadora e que sei, tanto admira meu trabalho.

Hoje estou sendo crucificada, e me condenam.

Sempre vivi única e exclusivamente do suor do meu trabalho, com ética e transparência na minha vida profissional e pessoal.

Mas as respostas virão. Talvez não com a mesma velocidade que as acusações. Tenho minha consciência tranquila do trabalho realizado.

Saí da Fundação Municipal de Saúde em 9 de novembro de 2011, com pagamentos em dia, com as dívidas pagas e saldo em banco de 12 milhões de reais (foi entregue balancete das contas) nessa data.

Os recursos enviados pelo estado para o enfrentamento da calamidade nem 50% foram utilizados, devido a grande zelo com os recursos públicos.

Finalizo, agradecendo o carinho de tantos: amigos, pacientes, médicos, funcionários da Fundação Municipal de Saúde, que conhecem minha dignidade e meu trabalho.

Agradeço minha família que sofre junto comigo essas injustiças e me apóia incondicionalmente.

Agradeço acima de tudo a Deus, por me dar força e perseverança na luta pelos meus ideais, e permanecer em mim amor e carinho para atender aos mais necessitados.

Jamila Calil

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
TAGS:
Publicidade