Aniversário de morte de Getúlio Vargas relembra sua influência em Nova Friburgo

terça-feira, 24 de agosto de 2010
por Jornal A Voz da Serra

Eloir Perdigão

Todos os anos, no dia 24 de agosto, no Brasil inteiro é relembrada a morte do ex-presidente Getúlio Vargas, então com 72 anos. Sua influência em Nova Friburgo sempre foi grande. A estátua em sua homenagem, na praça que leva o seu nome, foi erigida apenas oito meses depois de sua morte, através de movimento popular, e há muitos anos, nessa data, tradicionais seguidores colocam flores ali.

Getúlio Dornelles Vargas nasceu em São Borja-RS, em 19 de abril de 1882, e morreu no Rio de Janeiro, em 24 de agosto de 1954. Foi advogado e político, chefe civil da Revolução de 1930, que pôs fim à República Velha, depondo seu 13º e último presidente, Washington Luís.

Foi presidente da República em dois períodos. O primeiro teve duração de 15 anos ininterruptos, de 1930 a 1945, e dividiu-se em três fases: de 1930 a 1934, como chefe do governo provisório; de 1934 a 1937, como presidente da República do Governo Constitucional, tendo sido eleito presidente da República pela Assembleia Nacional Constituinte de 1934; de 1937 a 1945, enquanto durou o Estado Novo, implantado após um golpe de estado. No segundo período, em que foi eleito por voto direto, Getúlio governou o Brasil como presidente da República por três anos e meio: de 31 de janeiro de 1951 até 24 de agosto de 1954, quando se matou.

Ele era chamado pelos seus simpatizantes de ‘o pai dos pobres’, frase bíblica e título criado pelo seu Departamento de Imprensa e Propaganda, enfatizando o fato de Getúlio ter criado muitas leis sociais e trabalhistas brasileiras.

Getúlio Vargas suicidou-se com um tiro no coração, em seu quarto, no Palácio do Catete, na cidade do Rio de janeiro, então capital federal. Foi um dos mais controvertidos políticos brasileiros do século XX. Sua influência se estende até hoje.

Membro de tradicional família batizado com nome do ex-presidente

O advogado Nelson Spitz, em 1980, foi o primeiro presidente do PTB em Nova Friburgo após o Golpe Militar, e sabe muito sobre o ex-presidente. Fala de Getúlio como um dos políticos mais discutidos de nossos tempos, passando pela Revolução de 1930, o golpe de estado de 1937, o Estado Novo, a preocupação que tinha com o trabalhador e as leis trabalhistas que criou, além das vestimentas e as reverências a ele através de nomes de praças, avenidas, hospitais, escolas e instituições.

Confirmando a influência do saudoso presidente no município, Nelson, oriundo de tradicional família do distrito de Lumiar, lembra que Eugênio Spitz, seu tio, que exerceu durante anos a vereança, chegou a batizar um de seus filhos de Getúlio Vargas Spitz. No entanto, este Getúlio nunca foi chegado à política. Outro filho de Eugênio, Dirceu, é que, tal o pai, também foi vereador durante muitos anos.

A inauguração da estátua

As edições de A VOZ DA SERRA de 17 e 24 de abril de 1955 destacam a inauguração da estátua em homenagem “ao insuperável vulto da Pátria Getúlio Vargas”, ocorrida no dia 19 de abril daquele ano. “O objetivo do povo friburguense com o monumento foi perpetuar o nome do insigne brasileiro que deu sua vida em holocausto aos princípios da democracia, da liberdade, da justiça, da autoridade administrativa, do respeito entre os poderes, das conquistas sociais do trabalhador” e que “instituiu a siderurgia, a Petrobras, e Eletrobras e outras atividades iniciadas pelo nacionalismo construtor de um governo voltado para os humildes”.

“O monumento, belíssima obra de arte, mede 4,20m de altura, o pedestal de granito alcança 2,50m, a estátua de bronze, 1,70. O seu custo totalizou Cr$ 215.000,00. Salva de 21 tiros nos quatro cantos da cidade”. A banda Euterpe Friburguense foi incumbida de executar “o belíssimo hino de Getúlio Vargas, com música do maestro Madureira e letra de Gama Andréa. Esse hino havia sido executado pela primeira vez quando da visita do saudoso presidente a Friburgo, tendo lhe sido ofertado a partitura com dedicatória dos autores”.

“Imperecível no bronze e imperecível na memória dos brasileiros”. Este era o título da matéria que abordava a cerimônia de inauguração da estátua. “A estátua de Getúlio Vargas é uma imponente obra de arte com a qual o povo de Friburgo faz perpetuar em sua principal praça a memória do criador das leis sociais do Brasil. O pedestal de granito é proveniente do nosso município. Foi preparado nas oficinas do sr. Anthero Coelho, distinguido artífice local. A estátua, em bronze maciço, foi moldada no Rio de Janeiro, podendo ser considerada uma perfeitíssima obra e um retrato fiel de Getúlio Vargas na ocasião do seu desaparecimento”.

“Quatro placas de bronze foram engastadas no pedestal do monumento. Uma de oferecimento da estátua pelo povo; uma contendo o bilhete de Vargas escrito momentos antes do desenlace; outra constando a comissão que levou a efeito a iniciativa; e finalmente a carta-testamento, que toma mais de um terço da frente do pedestal, na qual foram esculpidas 2.888 letras, tantas quanto foram escritas por Getúlio, e que constituem o roteiro para todos os que amam o Brasil e querem vê-lo brilhando na estrada larga do progresso”.

“Uma verdadeira multidão esteve presente. Discursaram o vereador Geraldo Pinheiro, que em nome da comissão ofereceu à cidade o monumento; vereadora Laura Milheiro de Freitas, em nome do PTB; dr. José Baptista dos Santos, em seu nome e no do prefeito de Cambuci; almirante Amaral Peixoto, dr. Salo Brand, pelo governo estadual; José Naegele, em nome dos petebistas de Cordeiro, Cantagalo, Euclidelândia, Miracema e Macuco; Waldyr de Moraes Bezerra, em nome dos operários; senhorinha Raquel de Oliveira, que recitou uma linda poesia dedicada ao homenageado; Amadeu Villa, senador Paulo Fernandes, e finalmente o professor Luiz Gonzaga Malheiros, que representou o pessedismo friburguense. Inúmeras comissões de operários traduziram a imorredoura saudade da classe, depositando coroa de flores junto ao monumento do maior estadista das Américas”.

Estatuto da Humanitária serve de base para leis de Getúlio

A Sociedade União Beneficente Humanitária dos Operários é tida como a precursora da Previdência Social no Brasil, pois foi ela quem primeiro implantou em Nova Friburgo seu plano de seguridade social, desde sua fundação em 8 de março de 1894.

Em 30 de março de 1943, Getúlio Vargas passou por Nova Friburgo para inaugurar a Legião Brasileira de Assistência (LBA), quando lhe foi feito convite verbal para fazer uma visita à sede da Humanitária, o que foi aceito. Foi-lhe ofertado um exemplar do estatuto da entidade vigente na época, tendo o presidente, após folheá-lo, feito o seguinte comentário: “É, este estatuto me é interessante”. Coincidência ou não, meses depois, o presidente baixa normas de criação e concessão de benefícios idênticos aos da Humanitária.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
TAGS:
Publicidade