Angela Chaves: “Escrever a minissérie Maysa ao lado de Manoel Carlos foi um trabalho apaixonante”

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
por Jornal A Voz da Serra

A minissérie campeã de audiência Maysa, que termina nesta sexta-feira, 16, contou com a colaboração de uma friburguense de coração que, embora não tenha nascido na cidade, tem raízes familiares aqui e vem a Nova Friburgo desde criança. Filha caçula do médico e ex-presidente do Fluminense Atlético Clube, Angelo Chaves, e de Margarida Ventura Chaves, a escritora foi a grande colaboradora de Manoel Carlos em Maysa e em outros trabalhos. Seu nome está logo nos créditos iniciais, bem ao lado do autor.

Antes disso, Angela já havia ajudado a redigir diversas novelas e outros programas da TV Globo. Ela também redigiu dois livros infantis – As gavetas da avó de Clara e O príncipe Não, além de um livro para adolescentes, Primeiros amores, roteiros para cinema e a biografia de Ronaldo Bôscoli, Eles e eu, em parceria com Luiz Carlos Maciel.

Angela Chaves não se surpreendeu com o sucesso de Maysa, que, apesar de ter apenas nove capítulos, demandou uma intensa pesquisa iniciada em julho de 2007. Ela conta que escrever a minissérie foi um trabalho apaixonante. “Maysa era uma cantora intensa e também uma mulher inteligente e desafiadora. Tinha um comportamento transgressor, se lançava no mundo, amava demais”, diz.

Para redigir o roteiro, Angela e Manoel Carlos tiveram o cuidado de ler tudo que receberam dela, seus diários, suas entrevistas, seus poemas. Apesar dos poucos capítulos, foi um trabalho longo, que começou em julho de 2007. Com o texto primoroso de Maneco e Angela somado à direção impecável de próprio filho da cantora, Jayme Monjardim, Maysa só podia ser o que está sendo. Um sucesso de público e de crítica, com a audiência atingindo índices inacreditáveis. “O trabalho do Jayminho é impressionante. Ele cuidou de tudo nos mínimos detalhes. Uma entrega total”, declara Angela.

O fato de ter escrito, em parceria com Luiz Carlos Maciel, o livro Eles e eu: memórias de Ronaldo Bôscoli, foi ótimo na hora de Angela redigir a minissérie. “Ajudou muito, pois eu já conhecia toda a sua versão sobre o caso tórrido que ele teve com Maysa”, diz. Segundo Angela, Ronaldo Bôscoli, que conheceu pouco antes dele morrer, foi uma figura singular, polêmica e muito divertida.

Algumas histórias contadas no livro são interessantíssimas, como os trotes que Maysa adorava passar pelo telefone de madrugada, quando ligava para homens pobres e desconhecidos apenas pelo prazer de imaginar que, no dia seguinte, ninguém acreditaria quando eles contassem que tiveram um flerte com a grande cantora. “O pior trote de Maysa, no entanto, foi contra o próprio Bôscoli, como parte de uma pequena vingança que o deixou em má situação”, diz.

“Trabalhar com Manoel Carlos é um aprendizado constante”Trabalhar diretamente com Manoel Carlos sempre é, para ela, um aprendizado constante e também um privilégio. Ela conta que Manoel Carlos não é uma pessoa de rotina. “Ele segue o caminho da emoção e fomos juntos nesta direção”, diz. Angela já havia trabalhado diretamente com ele na novela Páginas da Vida e ficou muito feliz quando o autor a convidou para escrever a minissérie, até porque este é um produto especial em televisão, muito diferente de novela: mais bem cuidado, mais detalhado, mais sofisticado.

No momento ela já está novamente dedicada a outro projeto em parceria com Manoel Carlos, a novela Viver a vida, que vai ao ar no segundo semestre de 2009, depois de Caminho das Índias, que estreia na próxima segunda-feira, 19.

Além de escrever muitas cenas, Angela atua como interlocutora dos autores, contribuindo com ideias, sugestões de histórias e caminhos para os personagens. A convivência é grande, intensa e por muito tempo, principalmente quando se escreve uma novela. “É uma parceria muito próxima e, por isso mesmo, tem que haver muita afinidade de gostos e até a maneira de escrever”, diz.

A autora conta que seu trabalho é muito interessante, embora também muito absorvente. “Uma novela tem mais de 200 capítulos. Então, não se tem tempo para nada, nem folga, nem sábados, nem domingos, nem feriados. Quem escreve tem que gostar de ficar em casa. Eu gosto”, afirma.

Angela entrou para a TV Globo em 1997, quando foi selecionada para a Oficina de Autores da emissora. Seu primeiro trabalho foi escrever para o Você decide. Era responsável pelo texto dos programas. Levantava uma polêmica sobre algum assunto e, depois disso, o público votava a favor ou contra. A partir daí, decidia-se o desfecho da história.

Depois disso, foi redatora final do Gente inocente, um programa de variedades estrelado por crianças e apresentado por Márcio Garcia. “Era muito divertido, mas dava um trabalho! Quem assistia não imaginava o trabalho que era levar ao ar aquele programa”, diz.

O trabalho de Angela como escritora de livros infantis veio bem depois da Globo. Na verdade, ela tem pouco tempo para se dedicar à literatura, sua grande paixão, pois a televisão é muito absorvente, mas voltar a escrever para crianças nunca saiu de seus planos, muito pelo contrário. “Este ano eu já estou comprometida com a novela Viver a vida, mas quem sabe em 2010?”, declara.

Só então ela poderá vir a cumprir a promessa feita à Editora Nacional, de dar continuidade à história de Ana Flor, personagem de seu livro para adolescentes Primeiros amores. Ele trata da descoberta do primeiro amor, com todas as dores, alegrias e frustrações que essa experiência oferece. “As adolescentes adoram. Ana Flor, a protagonista, é uma personagem adorável para mim. Logo que puder vou me dedicar a ela novamente”, garante.

Outra experiência marcante na biografia desta carioca que é friburguense de coração foi 13 roteiros mágicos, um livro organizado por Luiz Carlos Maciel, com roteiros de curta-metragens elaborados por ex-alunos seus, todos abordando algum tema fantástico ou mágico, de ficção científica, terror ou mistério. O roteiro de Angela foi Vera, uma adaptação de um conto de um escritor francês chamado Villier de L’Isle Adam.

Nos intervalos entre um trabalho e outro, sempre que tem uma folga, Angela vem a Friburgo visitar os pais, tios, a avó Dirce e a grande família que tem aqui. “Adoro Friburgo. Quando estou aí vou sempre ao cinema e tenho curiosidade em conhecer os restaurantes da cidade. Tem uns ótimos. Adoro almoçar no Viva Rô e tomar o chope escuro do Burgomestre”, conta.

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